Quem será a nova Juma Marruá? A pergunta movimentou a internet desde que a rede Globo anunciou o remake de ‘Pantanal’. A emissora decidiu produzir uma versão 2.0 da novela de Benedito Ruy Barbosa, para ocupar o horário das 9. Mas, para quem assistiu a trama lançada em 1990, que gira em torno de José Leôncio, seus três filhos, e Juma Marruá, só uma coisa vem à cabeça: a mulher-onça da geração Millenial será tão icônica quanto a vivida por Cristiana Oliveira? “Acho que é algo que vai estar sempre em mim, mesmo com o remake. Para quem assistiu a primeira versão, sempre serei a Juma, mesmo quando for velhinha, com 90 anos, as pessoas vão lembrar que eu sou Juma Marruá!”, profetiza a atriz em papo com o Glamurama. Para ela, hoje com 56 anos, a nova versão pode seguir um caminho diferente da obra original, apresentada ao público há 31 anos na extinta Rede Manchete, inclusive aproveitando o momento triste pelo qual passa o Pantanal brasileiro, que está sendo dizimado pelas queimadas. À entrevista!
Por Morgana Bressiani
Glamurama: O que você sentiu quando soube que “Pantanal” teria um remake?
Cristiana Oliveira: Fiquei muito feliz, claro, porque acho que é uma obra que vale muito, além de ser uma baita homenagem ao Benedito Ruy Barbosa e aos 90 anos dele. É um trabalho em que ele colocou a alma e foi tudo muito bonito, tudo deu muito certo. Todo mundo entrou com muita vontade e amor. Acho que agora vai ser uma adaptação da história, mas com a mesma alma, e os personagens devem ser os mesmos.
G: “Pantanal” foi um marco na teledramaturgia brasileira. Foi um marco na sua carreira também?
CO: Foi um divisor de águas na minha vida. Tinha minha vida ‘antes de Pantanal’ e ‘depois de Pantanal’. Tive uma juventude linda, mas mudou tudo depois disso porque me tornei uma pessoa nacionalmente conhecida. Fui recebida com muito amor pelo púbico. Via nas pessoas o agradecimento, via que aquilo estava atingindo o coração deles. E tudo o que aconteceu depois na minha carreira foi por causa de “Pantanal”. Claro que tenho muitos outros trabalhos, mas não posso negar que foi um marco. E é algo que vai estar sempre comigo. Sempre serei a Juma para quem assistiu a primeira versão da novela, mesmo quando estiver velhinha, com 90 anos, o público vai lembrar que eu sou a Juma.
G: Juma foi seu segundo trabalho como atriz. Qual foi a parte mais difícil de construir esse personagem?
CO: Lutei muito por ele, porque não era para eu ser a Juma… eu faria a ‘Muda’. Mas eu brigue por esse papel. Ouvi que não dava, que não tinha nada a ver porque a Juma era muito forte e eu era muito doce. Um dia, voltando de uma viagem, tinha um recado que eu faria a Juma. Eu gritava de felicidade. Fiquei muito feliz porque me apaixonei quando li o roteiro, foi uma identificação imediata. Naquele época, tinha uma alma meio de adolescente ainda, então talvez tenha me identificado muito por isso. Me dei para Juma e ela para mim, foi uma simbiose.
G: Do que mais se lembra daquela época?
CO: De prestar mais atenção nas nossas riquezas naturais, de me preocupar com isso. Comecei a valorizar mais a natureza, não só a beleza, mas a importância dela para nossas vidas. E também a vida daquelas pessoas, ribeirinhas, os peões. Foi uma experiência totalmente nova, que me ensinou muita coisa. Ir e voltar do Pantanal, ficar com a equipe tanto tempo, viver dentro de uma fazenda 24 horas por dia… Eu era Juma praticamente em tempo integral. Deixava de ser só quando tinha folga, aí botava brinco, passava um batom…
G: Quem você acha que daria uma boa Juma atualmente?
CO: Tem varias atrizes ótimas, mas concordo que um rosto novo, uma pessoa desconhecida do grande público, alguém mais ingênua, seria uma boa escolha. Não acredito que tenha um traço físico a seguir. A Juma que eu imprimi foi um conjunto de fatores: além do meu tipo físico, tinha o cabelo, o olhar, os trejeitos, aquilo não estava escrito, foi criado por mim. Mas a alma da Juma está no texto. A atriz escolhida vai ter que criar a Juma dela, e terá que ser totalmente desconectada de mim. Porém, por ser uma pantaneira precisa ter os traços de uma pantaneira, algo que nem eu tinha, uma coisa meio índia.
G: Se pudesse dar uma dica para a atriz que fará Juma no remake, qual seria?
CO: Eu não me manifestaria. Se me perguntassem, teria o maior prazer em dar conselhos, me sentiria muito lisonjeada. Mas ela tem que ter a liberdade de criar do jeito dela. Acho que o caminho é ser o mais verdadeira possível, o mais pura possível, desconstruir tudo e deixar a Juma entrar. Esquece a Cristiana, a Juma do Benedito é linda, rica. Se a pessoa for de braços abertos ela vai entrar lindamente.
G: Você gostaria de fazer parte dessa nova versão?
CO: Sou muito cética na minha vida, não tenho expectativa de nada. Se me chamassem, se isso acontecesse, eu aceitaria. Se pudesse, escolheria o papel interpretado pela Jussara Freire, a Filó, que era um personagem apaixonante. Na verdade, não estou muito preocupada, quero ser espectadora. Já deixei meu legado como Juma. Quando a Cristiana morrer, Juma ainda vai estar nos livros da teledramaturgia.
G: Como você vê a importância desse remake no momento em que o pantanal brasileiro passa sérias dificuldades?
CO: Não sei como isso vai ser abordado. Por ser um veículo de massa, tenho certeza que a Globo vai aproveitar para conscientizar as pessoas sobre o que está acontecendo, o que o homem está fazendo, alertar para a importância de cuidar do nosso Pantanal. O fogo já destruiu uma área equivalente 10 vezes as cidades do Rio e de São Paulo juntas. Esse alerta será muito importante e pode aumentar a ida de brigadistas para lá.
G: O que você pode nos adiantar dos seus projetos futuros?
CO: Estou numa fase empresária e muito ativa. Mas sempre com o foco na minha carreira de atriz que vem em primeiro lugar. Neste mês estreia o longa “Por que Você Não Chora?”, que faz parte da seleção oficial do 48° Festival de Cinema de Gramado e abrirá o evento no dia 18 de setembro. É um filme lindo, muito bem dirigido, que fala sobre depressão e suicídio. E, ano que vem, começo as gravações do filme “Diálogo”. Ainda não posso falar muito sobre isso, apenas que será gravado em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.
G: Para encerrar: O que faz a Cristiana virar onça?
CO: Injustiça, arrogância, desonestidade, preconceito… Tratar mal as pessoas, grosseria, diminuir alguém, tudo isso mexe muito comigo e eu juro, viro bicho!
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