Giovanna Nader é figurinha conhecida nas rodas fashion especialmente no Rio de Janeiro. Super estilosa com seus looks coloridos e cheios de personalidade, ela carrega uma preocupação que vai muito além da aparência: questiona o mercado da moda atual e é defensora de uma vida com ideais e atitudes sustentáveis. A mineira, de 33 anos, conta que começou a se interessar pelo assunto quando criou o ‘Projeto Gaveta’, em 2013, sistema de troca de roupas. “Gostava muito da ideia, só que ainda consumia um pouco de fast fashion. No mesmo ano, aconteceu o maior acidente do mundo da moda, que foi o desabamento do prédio Rana Plaza (em Savar, capital de Bangladesh), que deixou mais de mil trabalhadores mortos e muitos feridos”, conta.
Agora no comando do ‘Se Essa Roupa Fosse Minha’, programa do GNT, Giovanna fala ainda mais sobre o universo dos brechós e ensina como ressignificar uma peça. “É você olhar para aquela peça e entender que ali ainda tem muita vida. É saber que você não precisa jogar fora, existem outros recursos. Primeiro, você pode fazer pequenos concertos. Se você não tem habilidade com agulha e linha, pode ir atrás de uma costureira de bairro. Segundo, transformar a peça em algo novo. Às vezes um vestido que você não gosta mais pode virar uma blusa, ou uma saia”.
Casada com o ator e escritor Gregório Duvivier, ela é mãe de Marieta, de apenas um aninho, e se divide entre a maternidade e o trabalho, ainda mais agora que está prestes a lançar um podcast e também um livro, ambos sobre o seu estilo de vida. A seguir, conheça mais sobre Giovanna Nader e se jogue na sustentabilidade.
Glamurama: Quando você começou a se interessar por moda sustentável? Lembra o motivo que te levou para esse caminho?
Giovanna Nader: Comecei a me interessar mesmo em 2013, quando criei o projeto de troca de roupas, chamado ‘Projeto Gaveta’. Gostava muito da ideia, só que ainda consumia um pouco de fast fashion. No mesmo ano, aconteceu o maior acidente do mundo da moda, que foi o desabamento do prédio Rana Plaza, que deixou mais de mil trabalhadores mortos e muitos feridos. Então, nesse momento, comecei a pesquisar e a falar mais sobre isso. Também conheci muitas pessoas do movimento sustentável. E mudei meu jeito de levar a vida.
G: Então foi um processo?
GN: Sim, aconteceu aos poucos. Não é da noite para o dia que essas mudanças começam. Precisei observar meu guarda-roupa e estilo de vida antes de tudo, e ver como faria essa transformação na prática.
G: Você está no ‘Se Essa Roupa Fosse Minha’, da GNT. Como é fazer um programa que fala sobre dar um novo significado às roupas?
GN: É muito estimulante mostrar isso na TV, principalmente por conseguirmos dividir essa proposta com mais pessoas. Falamos sobre moda sustentável de um jeito leve, divertido, para tocar as pessoas. É interessante transformar um discurso, que é político, em algo acolhedor. Além de tudo, a recepção do público tem sido ótima. Muitas mulheres vêm me dizer que eu mudei a maneira com que elas enxergam a moda e que isso, de alguma forma, está libertando elas. Fico feliz.
G: E qual é a maior dificuldade desse processo?
GN: Primeiro, acho que é transformar esse tema político em algo leve, como eu disse. O discurso precisou ser adaptado, mas isso me ajudou até mesmo nas redes sociais e na maneira como me relaciono com o meu público lá. Acho que agora falo sobre o tema de um jeito mais divertido. Outro desafio foi ficar longe da minha filha por tanto tempo. A Marieta está com um ano e adaptar a rotina de trabalho com a maternidade não é tarefa fácil.
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G: Explique para gente o que é ressignificar uma roupa?
GN: É você olhar para aquela peça e entender que ali ainda tem muita vida. É saber que você não precisa jogar fora, existem muitos recursos. Primeiro, você pode fazer pequenos consertos. Se você não tem habilidade com agulha e linha, pode ir atrás de uma costureira de bairro. Segundo, transformar a peça em algo novo. Às vezes um vestido que você não gosta mais pode virar uma blusa, ou uma saia. Terceiro, dar sua cara à peça. E todo esse processo gera um apego com a roupa e você entende que ela tem história. Mas, se você não for mesmo usar a peça, pode doar, presentear alguém com ela.
G: Qual dica você dá para as pessoas que querem aderir à moda sustentável?
GN: Olhe o seu guarda-roupa e analise. As peças que você têm dizem muito sobre você e é uma grande ferramenta de autoconhecimento. Com isso, você consegue descobrir o que usa mais e o que simplesmente não usa, e quando for comprar já vai estar mais focada. O segundo passo é se abrir para o universo dos brechós. A indústria da moda está saturada e cada vez mais os jovens estão cansados das lojas de fast fashion com produtos iguais. Por último, acho que a pessoa tem que aprender a vestir o que der na telha, e não o que a sociedade diz o que está na moda. A moda é sua.
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G: E o que você procura quando compra em brechós?
GN: Eu já sei do que eu gosto e acho muito legal as peças descombinadas, sem pretensão. Quando eu vou ao brechó procuro por peças únicas. Gosto de ombreiras, pedrarias…
G: Você leva os seus conhecimentos sustentáveis para dentro de casa?
GN: Sim, tento muito, mas é uma mudança que acontece aos poucos. Desde a bucha que a gente usa para tomar banho ou lavar a louça, sempre buscamos soluções sustentáveis. Também evitamos usar plástico, tanto em embalagens, como no dia a dia. Em vez da sacola de lixo, por exemplo, usamos jornais. Também separamos o lixo certinho para a reciclagem. E o Gregório ajuda muito nessa questão. O que podemos fazer, com certeza fazemos.
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G: Por ter uma criança pequena em casa, esse processo fica mais difícil?
GN: Claro! Eu sempre tento usar na Marieta fraldas ecológicas, mas às vezes não tem como. O tempo é curto e as fraldas descartáveis se tornam necessárias. Evito e até compro com peso na consciência, mas não tem como ser perfeito. Estou buscando fazer o máximo que posso dentro de algumas limitações. Além disso, diminuí a carne dentro de casa. A carne vermelha e a de frango foram cortadas, até mesmo das refeições da Marieta. Para ajudar, contamos com uma nutricionista que nos fala certinho o que comer. O peixe ainda não cortamos, mas estamos no processo. Quero que a Marieta cresça com essa consciência de que ajudar o mundo é essencial, ou continuaremos caminhando para o fim da raça humana.
G: Para você o que é moda atualmente?
GN: Acho que a moda está mudando, e isso é ótimo. Para mim, é um mercado pioneiro na questão da sustentabilidade. Ainda tem muito a ser mudado. Essa indústria segue entre as que mais poluem, mas já encontramos soluções. Hoje em dia uma marca precisa ter uma consciência sustentável para se dar bem.
G: Você tem novos projetos?
GN: Vou dar início a um podcast ano que vem. Nele vamos falar sobre mudanças de paradigmas. Além disso, vou lançar um livro, que pode demorar tanto seis meses, como dois anos para ficar pronto, mas já está engatilhado. (por Jaquelini Cornachioni)
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