“Como todas as pessoas sábias, ele não faz nada com gênero. Apenas veste as pessoas, então não há necessidade de discuti-las ”, disse Tilda Swinton no sábado à tarde, depois do estilista Haider Ackermann apresentar sua coleção de primavera/verão 2019 colocando homens e mulheres juntos na passarela pela primeira vez.
Inspirados pela discussões sobre gêneros e suas separações, muitos designers se libertaram da segmentação nesta temporada apresentando modelos homens e mulheres com roupas sem pré-definição, que poderiam por todos. É a moda unissex indo além do básico. Ackermann, que desde 2001 defende essa quebra de paradigma, foi um dos que melhor incorporou o tema ao desfile, apostando em alfaiataria com referências orientais.
Para a Givenchy, sob comando criativo de Clare Waight Keller, o aspecto nasceu em referência à escritora avant-garde Annemarie Schwarzenbach, de 1930, com calças cargo e ombros marcados. “Parecia fazer sentido para o momento”, falou a estilista, que criou este ano o vestido de noiva usado por Meghan Markle no casamento com o príncipe Harry. Alguém discorda?
O estilista japonês Junya Watanabe também mostrou uma coleção feminina/masculina. Ao som de “Sombody to Love”, do Queen, o desfile trouxe uma atmosfera de rebeldia pontuada por perucas em tom vibrantes, bijouterias com spikes e bodys com estampas de tatuagem. Tudo isso junto com roupas híbridas, como os macacões/vestidos, que sugeriam uma quebra de gêneros, como fazia Freddie Mercury, líder da banda.
Para a Comme des Garcons, de Rei Kawakubo, o discurso cresce sob a ótica de experiências femininas, sobretudo ao que se refere à imagem corporal, ao trabalhar o emocional a partir de peças esculturais que trazem à mente a decepção que tantas mulheres sentem diariamente com seus corpos. Um discurso de total relevância no debate sobre padrões de gêneros.
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