No ar na nova novela das seis da Globo “Orgulho e Paixão”, Agatha Moreira encara mais uma vez uma trama de época – ela também integrou o elenco de “Novo Mundo” há menos de um ano. Interpretando uma moça de família tradicional, a atriz tem se deparado com questões diferentes da realidade de uma mulher de 26 anos e dona de si. Na vida real, o momento é de luta por direitos iguais e pelo combate ao assédio sexual, assuntos que Agatha está pronta pra debater, assim como assumir que não sonha em se casar. Em entrevista ao Glamurama, ela fala sobre sua personagem, valores, a dificuldade de viver no Rio nos dias de hoje, namoro com o ator Pedro Lamin e muito mais.
Glamurama: Conte um pouco da preparação para viver Ema Cavalcante, em “Orgulho e Paixão”…
Agatha Moreira: “Foi muito engrandecedor entrar em contato com o universo de Jane Austen [escritora de “Orgulho e Preconceito”, obra em que a trama foi inspirada]. Eu não tinha tanto conhecimento de seu trabalho até ser escolhida para viver Ema. Está sendo um presente interpretar uma pessoa tão importante na novela e tão complexa. Adoro fazer personagens diferentes e que sempre acrescentam muito aprendizado.”
Glamurama: O que tem de Agatha em Ema?
Agatha Moreira: “O pragmatismo e o cuidado quase maternal com os amigos.”
Glamurama: O valor do casamento na sociedade é um tema presente na trama, sendo visto como o único futuro possível para uma jovem de boa família. O que pensa sobre isso?
Agatha Moreira: “Esse tipo de pensamento passa muito longe dos meus valores, exatamente por isso estou muito feliz por termos personagens com pensamentos tão distintos como os de Ema e de Elisabeta (Nathalia Dill), assim podemos mostras os dois lados da moeda para o público. Acho que isso também enriquece a trama com discussões construtivas.”
Glamurama: Casamento é um sonho para você?
Agatha Moreira: “Não.”
Glamurama: Caso se case, como quer que seja seu relacionamento?
Agatha Moreira: “Se um dia eu quiser me casar, espero que eu e meu companheiro possamos ajudar um ao outro, sem diferença de potencial nos afazeres do dia a dia, ou seja, sem distinção do que podemos ou devemos fazer por ser homem ou mulher.”
Glamurama: Na trama você ganha o apelido de “casamenteira do Vale do Café” por arranjar pretendentes para as amigas. Na vida real cumpre este papel?
Agatha Moreira: “Não quero nunca mais tentar juntar um casal. Já descobri que sou péssima nisso, os casais que tentei formar não deram nada certo.” (Risos)
Glamurama: Você foi de uma novela de época para outra, o que te dá uma ótima imersão no passado. Quais costumes você gostaria que tivessem sido preservados?
Agatha Moreira: “A educação.”
Glamurama: E quais você agradece que tenham desaparecido?
Agatha Moreira: “Vários!” (Risos) Como casamentos arranjados, roupas desconfortáveis, submissão da mulher, etc.”
Glamurama: Sua personagem passará por momentos de escolha entre amor e amizade, entrega e resistência. Como lida com o romantismo na sua vida?
Agatha Moreira: “Me acho muito romântica, faço surpresas, dou flores e etc. Mas sou zero dramática.”
Glamurama: Como é seu namoro com Pedro Lamin?
Agatha Moreira: “Temos uma ótima relação, de muito amor, cumplicidade e parceria. Apoiamos um ao outro em tudo!”
Glamurama: Como carioca e moradora do Rio, o que acha da situação atual da cidade? Deixou de fazer algo por conta da insegurança?
Agatha Moreira: “Um absurdo! Tenho evitado fazer coisas do cotidiano, caminhar e também de fazer exercícios físicos ao ar livre, como andar de bicicleta, por exemplo.”
Glamurama: Qual papel adoraria fazer?
Agatha Moreira: “Muitos. É difícil dar preferência, todos são sempre enriquecedores.”
Glamurama: E qual teme ter que interpretar um dia?
Agatha Moreira: “Acho que nenhum, quanto maior o desafio melhor.”
Glamurama: Como cuida da beleza?
Agatha Moreira:“Não sou muito fã de academia e procuro sempre fazer exercícios que gosto, como dança, yoga e andar de bicicleta. Acho que não tem nada mais motivador do que escolher exercícios que nos agradam.”
Glamurama: O que acha dos movimentos solidários de combate ao assédio sexual?
Agatha Moreira: “Necessários! É inacreditável que isso ainda aconteça em pleno 2018, mas não podemos esperar muito de um planeta em que ainda se faz guerra. Por isso mesmo a mudança precisa acontecer, para ontem!”
Glamurama: Você já sofreu assédio?
Agatha Moreira: “Sim. Vivi situações em que me senti muito vulnerável quando era modelo. É difícil ser uma adolescente, num país que não é o seu, com pessoas que não falam a sua língua, e pior, sem ter ninguém que você conheça e confie.” (Por Julia Moura)
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