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Estreia imperdível! Entra em cartaz nesta quarta-feira no circuito nacional o filme “Yvone Kane”, coprodução entre Brasil e Portugal que tem como protagonista Irene Ravache – única brasileira do elenco, por sinal. O filme tem direção da portuguesa Margarida Cardoso e foi rodado em 2012 em Lisboa e Moçambique. Cinco anos se passaram – tempo que levou para estrear em solo nacional por conta de embargos e também por não ser um filme tão comercial -, e as memórias das gravações não saem da cabeça da atriz.

Foi Margarida, a diretora, que escolheu Irene. Bateu em sua porta, no Rio, para firmar o convite e convencê-la a aceitar o papel. “Logo depois de feito o convite, me andaram o roteiro e achei que podia ser uma experiência diferente. Pouco depois ela veio a minha casa me conhecer. Avisou de repente que viria. Preparei tudo para recebê-la, afinal, é uma cineasta, mas bateu em minha porta uma mulher muito simples com uma mochilinha nas costas, e isso é um encantamento nela. Uma mulher muito culta e muito simples.”

Margarida atravessou o atlântico para conhecer Irene, já certa que o papel seria dela, por dois motivos: a melancolia no olhar da atriz e o perfil físico que tinha tudo a ver com o de Beatriz Batarda, atriz portuguesa que interpreta sua filha, Rita, na telona. “Somos bastante parecidas. Até eu me surpreendo”, comenta Irene.

A semelhança física da atriz portuguesa Beatriz Batarda com Irene Ravache em cena do filme || Créditos: Divulgação

Sobre Sara, sua personagem, uma médica que sofre de uma doença em fase terminal, ela contou ao Glamurama: “É um contraponto à mulher que faço na novela ‘Pega-Pega’. Enquanto a Sabine é super sofisticada em sua forma de vestir – usa Armani, Carolina Herrera -, a personagem do filme é muito despida de qualquer traço de vaidade. Apareço em cena o tempo todo de rosto lavado.”

Há um receio da atriz com a repercussão do filme no país: “Fico atá curiosa, porque nosso público tem preferência por comédias, tanto no teatro quanto no cinema, mas acredito que exista uma pequena parte desse público que tem interesse em ver um trabalho mais intimista, com uma bela fotografia. É um filme denso, de longas pausas.”

Foram muitas as sensações de Irene com “Yvone Kane”, já que passou mais de um mês na África para suas filmagens.

SURPRESA BOA
A atriz se surpreendeu com a excelência dos atores moçambicanos. “Não esperava que fossem tão bons e descobri que são porque estão acostumados com o cinema. Hollywood faz muitos filmes lá, então estão familiarizados com as câmeras. Hollywood formou um núcleo de atores muito bom em Moçambique. Além do português, todos falam inglês.”

SIMBOLOGIA
O longa conta com uma simbologia moçambicana especial, o que é listado pela atriz como um de seus destaques. “No início do filme, Sara vai ao cemitério da cidade acompanhada de um funcionário que trabalha em sua casa escolher o local onde seria enterrada – ela é extremamente fria. À medida que você vai caminhando pelo cemitério da cidade, o mato vai crescendo por cima dos túmulos.” Apesar de se queixar com a produção em tom de brincadeira sobre o perrengue para chegar até a locação, entendeu a importância da escolha do cenário. “Lá estava uma árvore raquítica chamada moringa, importante para os moçambicanos porque, durante  a Guerra Civil, quando havia guerras entre aldeias, eles não tínhamos penicilina e extraíam tudo dessa arvore. Ela é quase milagrosa. Com a seiva você cura feridas, com as folhas faz um chá…”

“Outra coisa que me impressionou muito na África foi o céu. Porque além de ser extremamente estrelado, em várias cidades que eu fui o horizonte se perde de vista.”

CURIOSIDADE DE BASTIDORES
“Um dia íamos filmar na beira do mar, em uma muralha… Acordei e olhei para o mar e vi que ele tava estranho, cheio de pequenas marolas, bem diferente do que se apresentava nos outros dias. Então recebi um telefonema da produção dizendo que não poderíamos sair do hotel porque estava acontecendo um tipo de ressaca. Você via os coqueiros se dobrando e fomos aconselhados a não chegar perto do mar.”

EMBAIXADA BRASILEIRA 
No dia seguinte, a questão do mar tinha passado. A produção fez outro caminho e falaram ‘Irene, aqui é o caminho das embaixadas’. A do Brasil era a única que estava com a bandeira rasgada. Pedi o telefone da embaixada brasileira, liguei e disse: ‘sou atriz brasileira, acabei de passar pela rua das embaixadas e a nossa é a única que tem uma bandeira rasgada.’ Muito educado e envergonhado, o atendente respondeu: ‘É porque nós não temos outra.’ Aquilo me chamou tanto a atenção, porque o cartão de apresentação do seu pais é sua bandeira. Fiquei muito chocada.” Dias depois, a atriz passou pela embaixada novamente a bandeira havia sido trocada.

MOÇAMBIQUE X RIO
Questionada se ficou impressionada com a situação em que vive a população em Moçambique, citou o acúmulo de lixo na cidade e disparou: “Moçambique tem muita coisa parecida com o Brasil. Não precisa ir muito longe. Me impressiona muito o fato de não existir saneamento básico no Rio.”

Apesar de ser carioca, Irene vive em São Paulo, em um apartamento no bairro de Higienópolis, mas mantém um QG na Barra, no Rio, para ficar quando tem que gravar ou fazer espetáculos na cidade. Sobre a situação do Rio, desabafa: “O que acontece hoje no Rio é uma coisa horrorosa. Você olha a cidade e ela é de um deslumbramento tal que você esquece que as coisas estão despencando diante de um governo criminoso que foi o do [Sérgio] Cabral. A situação dos hospitais, sucateados, as filas intermináveis… Sempre penso que se tivermos um candidato que administre bem os hospitais no Brasil ele estará eleito pro resto da vida.”

Yvone Kane [Trailer] from MPC on Vimeo.

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