Carolina Dieckmann está no elenco da minissérie “Treze Dias Longe do Sol”, que estreia quinta-feira no Globo Play e em janeiro na TV. Na história, ela fica soterrada por conta do desabamento de um prédio junto com outras pessoas, entre elas, o grande amor da sua vida, Saulo, papel de Selton Mello, com quem teve um tórrido romance bruscamente interrompido. A gente foi perguntar para a atriz se ela já passou por algo assim: a partir de um acontecimento que parecia tão ruim, uma tragédia, surgir algo maravilhoso, que mudou sua vida. A resposta deixou a própria Carol arrepiada.
“Foi o pior momento da minha vida”
“Você acabou de me fazer pensar em uma coisa incrível… O Tiago [Worcman, marido dela] foi meu amor platônico de escola. Quando o reencontrei anos depois, no estacionamento do Projac, estava passando pela minha separação com o Marquinhos [Frota, pai de seu mais velho, Davi], que foi o pior momento da minha vida. Mesmo. Nunca tinha feito essa conexão, mas se não fosse uma tragédia, se eu não estivesse tão mal, esse reencontro poderia não acontecer, eu não estaria com meu marido. Fiquei até emocionada agora! Tem como não acreditar em destino?”
“A gente nunca pode achar que a culpa da nossa insatisfação está no outro”
O desabamento da ficção acontece por ganância de Saulo, engenheiro responsável pela obra. Ele pode até ser o grande amor de Marion, personagem de Carol, mas como não culpa-lo por botar sua vida em risco? “Eu, Carolina, acho que as coisas acontecem porque tem que acontecer. Não acredito que foi por acaso que a Marion e o Saulo estavam naquele negócio que desabou. Não é que eu não o culparia, é que não adianta culpar. É do ser humano julgar querer arrumar culpado, mas vejo cada vez mais na vida que não é isso que faz a gente andar pra frente. Temos que estar sempre prontos para resolver as coisas do jeito que elas aparecem, buscando melhorar, aprender com isso. Eu perdoo bastante, não tenho dificuldade. Mas às vezes a gente afasta pessoas, não por incapacidade de perdoar, mas você percebe que não está te fazendo bem. As coisas não conectam… Você decide por livre arbítrio não ficar perto, mas não tem a ver com culpar. ‘Ah, minha vida era ruim porque eu estava do lado daquela pessoa…’ Não! Sua vida não vai ser de algum jeito se você não mudar, se não decidir se comportar de forma diferente, afastar alguém. A gente nunca pode achar que a culpa da nossa insatisfação está no outro. Você não está insatisfeita porque seu marido te trai, está insatisfeita porque está em um casamento em que você permite que ele te traia. O que você pode fazer pra mudar isso? Existem limitações, mas a decisão é sempre nossa. E aí você se transforma”.
“Não sou alguém que acertou sempre, mas que sempre tentou acertar”
Carol mostrou pra gente todo seu autoconhecimento. “Não acho que sou sagaz, não tenho essa autoimagem, mas sempre estive inteira em tudo na minha vida. Imagino que enxerguem em mim isso, uma pessoa às vezes errada, tomando uma atitude equivocada, mas inteira. Procurando acertar, assumindo erros. Não sou alguém que acertou sempre, mas que sempre tentou acertar. E que tem uma conexão com a verdade. Eu trago isso desde sempre. Quando eu era muito nova, minha casa pegou fogo. Perdi tudo e minha mãe dizia que a gente não tinha perdido nada, que na vida a gente só tem a gente. O resto compra de novo, ou não vai ter nunca mais, mas não importa. Isso não é nosso. Nosso é o que a gente sente, ama, nosso pai, nosso filho. A gente não controla o futuro. Fui pra escola, voltei e não tinha mais casa. O que adianta ficar guardando, valorizando um negócio, um objeto, se você não sabe se vai voltar para aquilo? Desde muito cedo aprendi a dimensionar o tamanho que coisas têm na nossa vida, e percebi que não têm tamanho nenhum”.
“Mãe não pode morrer”
Essa maturidade foi importante para a construção da personagem? “A gente tem que estar sempre pronto para os desafios. Pode mandar melhor ou pior, mas tem que dar o máximo. Cada personagem vem na hora que tem que vir. Durante as gravações, pensava o que eu teria falado para meus filhos se imaginasse que não voltaria a vê-los. Só isso já dá desespero. O que eu gostaria de falar pra minha mãe nessa mesma situação? Lidei com esse tipo de emoção. Óbvio que saí da Marion modificada. Foram 50 dias em contato com esses sentimentos que nunca tinha tido. Não é que eu tenha medo de morrer, tenho pavor. Só de pensar, já fico mal. Mãe não pode morrer. Quem é mãe deve sentir isso. Você tem que cuidar do seu filho, checar se ele está de casaco, ver ele casar. Toda vez que pensava nisso muito intimamente, só queria falar que os amo. Só isso que a gente leva. Só o amor é importante, o contato, o olho no olho. É legal viver confortável, uma vida mais fácil, mas o que a gente leva… O que fica é só o sentimento”.
Para terminar, perguntamos se Carol já ficou confinada em algum lugar e se tem claustrofobia. “Tenho claustrofobia. Toda vez que entro em elevador cheio, fico com vontade de sair, mas com vergonha das pessoas… Tentando me manter ali na base do autocontrole. Não gosto da sensação de ficar presa, apesar de nunca ter ficado de verdade”. (por Michelle Licory)
Em tempo: vem ver quem mais está no elenco na nossa galeria de fotos aqui embaixo!
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