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Com o dinheiro do seguro que recebeu após a morte da mãe, KondZilla comprou uma câmera e começou a dirigir clipes. Hoje é um dos mais bem-sucedidos empresários do gênero, que começou na periferia e abalou o Brasil

Por Aline Vessoni para a Revista Poder de Outubro| Fotos: Maurício Nahas | Styling: Cuca Ellias

Konrad Cunha Dantas, ou apenas Kond, como costuma ser chamado desde a infância, é do tipo tímido. Chegou calado para a sessão de fotos e assim permaneceu, com expressão séria, durante quase todo o tempo em que esteve no estúdio. O silêncio só era rompido quando alguém lhe fazia uma pergunta. Nesses momentos, porém, falava com a desenvoltura de quem sabe o que diz. E, principalmente, o que está fazendo. Dantas tem apenas 29 anos, mas a idade não tem sido até aqui uma barreira para que o produtor, empresário e influenciador digital “esmague” no YouTube. Seu canal, o KondZilla, está perto de chegar a 20 milhões de inscritos; as visualizações se aproximam dos 10 bilhões.

Nada começou por acaso. O empresário se considera “meio geekzinho”, do tipo que passava madrugadas no computador aprendendo tudo por conta própria. “Eu gostava de me aprofundar em coisas de meu interesse, design e música. Estudava programas como Photoshop, Illustrator, CorelDraw, todos os recursos que eu tinha na época. Fazia capinha de CDs dos meus amigos, manipulação em fotos minhas e dos meus amigos”, conta.

O idealizador da KondZilla, hoje uma holding que abarca empresas de produção audiovisual, gravadora, agenciamento artístico, portal de conteúdo e marca de roupa, descobriu num nicho musical marginalizado como o funk e no público da periferia a chance de construir seu negócio, cuja trajetória segue em ascensão meteórica. “A minha ideia, em 2011, era experimentar realizando vídeos de diversas categorias musicais. Quando fiz os clipes de funk, percebi que não tinha ninguém fazendo. Era um mercado que gerava receita, mas ninguém se dedicava direito a ele. Vi aí uma oportunidade”, explica Kond.

Atualmente, administra os negócios em seu escritório no Tatuapé, zona leste de São Paulo, bairro em que também mora. A curto e médio prazo não tem pretensão de sair de lá – seu mercado está na região.  Ao se autoidentificar como “alguém que está aprendendo a ser presidente de gravadora”, ele confessa sentir saudades do início da carreira em que atuava como diretor, produtor e roteirista. “Sinto muita falta [de criar]. Às vezes peço ‘pelo amor de Deus, quero gravar’. Mas, cada vez mais, tenho tirado um tempo para ir gravar algum artista fora do Brasil. Já fomos para os Estados Unidos – de norte a sul, de leste a oeste –, Canadá, Japão, Egito”, revela.

BAILE DE FAVELA

O lema Favela Venceu, que direciona e inspira seus negócios, surgiu depois de assistir ao documentário Reincarnated, do rapper norte-americano Snoop Dogg em sua guinada para o reggae (quando passou a adotar o pseudônimo Snoop Lion). Na reflexão de Dogg, ou Lion, o reggae é um estilo que fala de um povo que luta. E há muito mais pessoas que lutam do que vencem. “Eu acredito que ao projetar a vitória fica mais fácil vencer. Foi daí que surgiu o lema, para que as pessoas acreditem que irão vencer.”

Para quem cresceu na periferia violenta do Guarujá, no litoral paulista, filho de um pedreiro e de uma funcionária pública e que financiou seus estudos com  o prêmio do seguro de vida de sua mãe,  o lema parece mesmo bem ajustado.

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