O ano de 2016 vai entrar para a história como aquele em que políticos pouco convencionais chegaram ao poder. Os Estados Unidos elegeram um presidente bilionário, que nunca exerceu cargo público e é completamente avesso ao universo dos bastidores de Washington. O inusitado também se viu na Europa, com a eleição do independente e moderado Alexander Van der Bellen para a presidência da Áustria, em pleno clima de populismo nacionalista que se vê no velho continente atualmente. E o Brasil, claro, não foi exceção: as duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, serão governadas em algumas semanas por um ex-apresentador de TV e um bispo evangélico, respectivamente.
À parte os fatores que levaram eles ao poder, já diz a máxima que por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher. Nesse caso, que tal dar uma conferida nos perfis das primeiras-damas que prometem render tantas notícias quanto seus companheiros no próximo ano, no Brasil e no mundo? A seguir, a turma de 2017!
Melania Trump, mulher do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump
A ex-modelo eslovena é conhecida pela relação distante com a mídia, e o fato de que vive aparecendo desde que conheceu Trump, no fim dos anos 1990, se deve basicamente ao fascínio do bilionário e futuro presidente dos Estados Unidos pelos holofotes. Prestes a assumir o posto de primeira-dama, Melania busca atualmente um assessor cuja missão será basicamente diminuir esse distanciamento. No cargo, ela pretende abraçar a causa da luta contra o cyberbullying, algo que tem feito a alegria de comediantes americanos, já que o marido dela costuma atacar seus inimigos nas redes sociais sem a menor cerimônia. Melania chegou a cursar design e arquitetura na tradicional universidade Ljubljana, a maior e mais antiga da Eslovênia, mas não terminou os estudos. Fluente em seis línguas e totalmente dedicada ao filho, Barron, de dez anos, ela deverá ser vista com pouca frequência na Casa Branca, já que preferiu permanecer na cobertura onde mora atualmente na Trump Tower. A decisão, inédita em se tratando de primeiras-damas, deverá custar mais de US$ 1 milhão (R$ 3,4 milhões) por dia aos contribuintes americanos, já que o famoso edifício da Quinta Avenida precisará ser cercado de seguranças enquanto ela estiver por lá.
Bia Doria, mulher do prefeito eleito de São Paulo, João Doria
Nascida em Pinhalzinho, cidade com pouco mais de 18 mil habitantes no oeste de Santa Catarina, Bia se mudou para São Paulo nos anos 1980. Ela conheceu Doria quando trabalhava como relações públicas da Embratur, entidade que foi presidida pelo futuro prefeito de São Paulo. Casados há quase 30 anos, os dois sempre foram presença constantes nas colunas sociais da cidade. Na função de primeira-dama da maior cidade do Brasil, Bia deverá assumir o Fundo Municipal de Solidariedade, que será criado nos mesmos moldes do programa comandando pela primeira-dama do estado Lu Alckmin, de quem ela é amiga. Artista plástica e ex-aluna de Frans Krajcberg, Bia já foi premiada na Bienal de Florença, expôs suas obras nos Estados Unidos e na Europa e invariavelmente recebe encomendas inusitadas, como um pedido do comendador português Joe Berardo, no ano passado, para esculpir mais de 240 objetos com o formato de bumbum. Nas entrevistas que concede, ela sempre faz questão de frisar que não depende do marido e que vive do próprio trabalho, o que não é difícil de acreditar: as esculturas dela, que chegam a pesar 10 toneladas e são feitas a partir de materiais caros como o bronze, são negociadas na casa das centenas de milhares de dólares mundo afora.
Sylvia Crivella, mulher do prefeito eleito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella
Escritora com quatro livros publicados no currículo, Sylvia também dá palestras sobre relacionamentos familiares. Leitora assídua da Bíblia, que possui até no iPhone, ela costuma contar uma história sobre sua avó materna quando é questionada a respeito da forma como pretende apoiar Crivella, o futuro prefeito do Rio, no governo. A avó, uma missionária inglesa que se mudou para o Brasil aos 30 anos junto com o marido, também missionário, não pensou duas vezes quando ouviu de um dentista inglês que a vinda para “o fim do mundo” a impediria de receber tratamento dentário apropriado em caso de emergência: para evitar um eventual contratempo que pudesse lhe custar a vida, de acordo com o tal dentista, ela escolheu arrancar todos os dentes e os substituiu por uma dentadura. “Foi uma forma de evitar atrapalhar o marido”, Sylvia explica sobre a atitude da avó. Apresentadora do programa semanal “Elas por Elas”, da Rádio Record, Sylvia deverá assumir alguma função social na Prefeitura do Rio, que passa por um de seus piores momentos. A interlocutores ela vem demonstrando estar entusiasmada com a ideia.
Doris Schmidauer, mulher do presidente eleito da Áustria, Alexander Van der Bellen
A vitória de Van der Bellen na eleição do último domingo foi considerada uma surpresa por vários motivos. O político disputou o pleito sem partido, com um discurso que soava como música para os ouvidos da esquerda e um posicionamento pró-Europa, e portanto bem diferente da onda nacionalista que toma conta do velho continente, e que resultou em vitórias para a direita de lá nos últimos meses, sendo o maior exemplo disso o Brexit. Há quem diga, no entanto, que o maior motivo por trás do sucesso de Van der Bellen foi o apoio da esposa dele, Doris Schmidauer, a líder do Partido Verde no Parlamento austríaco. Os dois se casaram no fim de 2015, após o político se divorciar de sua primeira esposa. Sobre ser primeira-dama, Doris já avisou que não pretende alterar sua rotina de trabalho, e que permanecerá atuando politicamente. Sorte dele, apostam os mais experientes.
Desislava Radeva, mulher do presidente eleito da Bulgária, Rumen Radev
Desislava e Rumen estão casados há poucos meses. O ex-marido dela, Georgi Svilenski, também é um político proeminente. A proximidade entre o fim do casamento com Svilenski e o início da união com Rumen a transformaram em celebridade na Bulgária, com os dois sendo frequentemente fotografados por paparazzis e tratados pela mídia do país como celebridades, mais até do que personagens da política. Embora a Bulgária seja uma república parlamentar, o que limita o exercício da presidência da república a funções protocolares, a chegada de Radev ao poder é acompanhada com atenção na Europa por conta do discurso pró-Rússia que ele defendeu em sua campanha e de seu comportamento tido como “exótico”, algo que muitos creditam a Desislava. Até agora ela se manteve discreta, escolhendo a dedo as entrevistas que concede e evitando fazer declarações polêmicas. Mas é inegável que boa parte dos búlgaros esperam que sua futura primeira-dama se torne uma espécie de Eva Perón. A conferir. (Por Anderson Antunes)
