Se não fosse pelo charme implacável e pelas meias de bolinhas com sapatos marrons, ele seria facilmente confundido com uma celebridade de Hollywood, já que o combo boné plus cigarro eletrônico deveria passar longe de um jovem galã francês. Foi assim que Louis Garrel se apresentou na manhã desta sexta-feira, em São Paulo, para a coletiva de imprensa do filme “Dois Amigos”. É a primeira vez dele no Brasil, e também como diretor de cinema. Filho do cineasta Philippe Garrel, Louis fez fama nas telonas ao protagonizar “Os Sonhadores”, de Bernardo Bertolucci. Mas estrelou diversas outras produções cult – na maioria delas, inclusive, ele aparece sempre bem à vontade, para delírio do imaginário coletivo.
(Por Mirella Penteado com a colaboração de Caroline Mendes)
Fumaça
Garrel deu início à rodada de perguntas pedindo desculpas pelo cigarro eletrônico que o acompanhava, e disse que parou de fumar chegando no Brasil: “Eu estava fumando muito em Paris por conta dos últimos acontecimentos; aí, quando cheguei em São Paulo e vi todo mundo tão relaxado, decidi parar.”
Début no cinema
Simpático sem perder a ironia típica francesa, o ator falou sobre sua estreia na direção: “Os franceses não vão ter uma boa reputação com esse filme, porque nele os personagens são uns idiotas”. O longa, no qual ele também atua, é um ‘bromance à francesa’, segundo o diretor. “Achei legal a pessoa olhar pelo buraco da fechadura a relação entre dois amigos”, disse Garrel.
Très sexy!
A verdade é que – uh la la! – a presença dele impressiona mais que o filme. “Toda vez que eu acordo e me olho no espelho eu penso ‘que máximo ser sex symbol”, ironizou. “Se você me visse numa pista de dança mudaria de ideia”. Duvido. Claro que todo mundo queria saber por que a temática gay é tão presente nos personagens que ele interpreta. Garrel fez piada: “Nunca fiz um filme em que eu segurava a arma. Sou 100% hétero e 49% gay”. Em palavras mais sérias, Louis afirmou que gosta de fazer personagens que poderiam ser ele. “Hoje não quero mais fazer papéis românticos”, finalizou.
#PrayForParis
Foram quase duas horas de coletiva e os atentados em Paris também viraram assunto. “São várias perguntas sem resposta. Mas o cinema [francês] não tem que se envolver nisso. Não é o tipo de filme que eu gostaria de ver”, enfatizou. Ele também disse que o problema de integração entre franceses e muçulmanos “é verdade e também mentira” e lamentou o fato das salas de cinema por lá estarem todas vazias.
Laetitia
A ausência de Laetitia Casta – a super gata namorada de Garrel – no Reserva Cultural foi sentida. Ela, que segundo ele não é ciumenta, preferiu ficar no hotel. “Praticamos essa relação moderna, liberal. Se uma pessoa fez uma coisa a outra não é obrigada a saber”, brincou mais uma vez.
Brésil
Louis se desculpou por não saber “rien” do cinema brasileiro. “O Vincent [Cassel, de quem é amigo] me falou que tem um ator muito bom aqui”, se referindo a Wagner Moura, “mas os únicos filmes que eu conheço são ‘Cidade de Deus’ e ‘Tropa de Elite’. No fim, ele pediu para que fizessem uma lista de filmes nacionais para ele. Alguém se habilita?
Em tempo: “Dois Amigos” narra a história de amor entre Vincent (Louis Garrel) e Mona (Golshifteh Farahani, ex-namorada do diretor), um figurante e uma vendedora de sanduíches de uma estação de trem em Paris. O filme é uma livre adaptação da peça “Les Caprices de Marianne”, de Alfred de Musset, e foi selecionado para a Semana da Crítica do Festival de Cannes 2015. Por aqui, entra em cartaz no dia 3 de dezembro. A pré-estreia será nesta sexta, seguida de festa. Assista ao trailer abaixo.
- Neste artigo:
- dois irmãos,
- frança,
- Laetitia Casta,
- Louis Garrel,
- Paris,