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Lula: amor e ódio
Lula: amor e ódio || Créditos: Getty Images
Lula: amor e ódio || Créditos: Getty Images
Lula: amor e ódio || Créditos: Getty Images

Lula, que completa 70 anos de idade nesta terça-feira como o mais controverso político da história brasileira recente, vive um momento único em sua carreira política: boa parte dos problemas atuais enfrentados pelos brasileiros são atribuídos a ele e à sua sucessora no Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, em um contraste claro com a alta popularidade que ele tinha há apenas 4 anos, quando deixava a presidência da República com uma aprovação sem precedentes. Para tentar entender essa mudança de humor generalizada, ou apenas para ilustrá-la, Glamurama selecionou 10 fatos para mostrar que, pelo bem ou pelo mal, nunca antes na história deste país houve um homem como Lula, capaz de causar as mais primitivas emoções e reações. Confira:

PITTSBURGH G20 SUMMIT
Lula e Barack Obama || Créditos: Getty Images

1. No dia 1o de janeiro de 2011, quando passou a faixa presidencial para Dilma Rousseff, Lula deixava o governo com um índice de aprovação de 80%, a maior já atingida por um governante em fim de mandato de acordo com os principais institutos de pesquisas. Dois anos antes, durante uma reunião do G20 em Londres, o líder petista havia sido classificado o “político mais popular do planeta” por Barack Obama. “Ele é o cara”, o presidente dos Estados Unidos disse na ocasião.

2. Duas pesquisas feitas em junho deste ano pelo Ibope e pelo Datafolha sobre as intenções de voto para as eleições presidenciais de 2018 apontaram uma derrota de Lula para Aécio Neves, o principal candidato da oposição. Ambas as pesquisas também revelaram um refluxo do apoio ao ex-presidente até mesmo entre a população mais pobre, historicamente o principal eleitorado dele e de seu partido, o PT.

3. Dois dos principais temas em discussão hoje no Brasil – a descriminalização da maconha e o reconhecimento pleno dos direitos civis aos homossexuais – contam com o apoio irrestrito de Lula, embora a maioria dos políticos prefiram não se pronunciar claramente sobre a questão para evitar atritos com a camada mais conservadora da população. O ex-presidente também é contra a obrigatoriedade de prestação do serviço militar, o que irrita principalmente os simpatizantes da extrema-direita que foram às ruas nos protestos recentes contra o governo e pedindo a volta dos militares.

Lulinha "paz e amor"
Lula completa 70 anos nesta terça-feira como o político mais controverso do país ||Créditos: Getty Images

4. Apesar de ter sido o maior escândalo político de seu governo, e um das maiores da história republicana brasileira, Lula não acredita na veracidade do Mensalão. Em uma entrevista para o canal português RTP no ano passado, ele chegou a dizer que o julgamento do Mensalão contou com “80% de decisão política e 20% de decisão jurídica”. Sua dificuldade em reconhecer a existência do escândalo de corrupção, que atraiu amplamente o interesse dos brasileiros, é considerada como um erro até mesmo por seus assessores mais próximos e como um dos motivos que justificam sua queda brusca de popularidade.

5. A transformação de imagem a qual foi submetido em sua primeira campanha à presidência, em 2002, incluiu cuidados profissionais para a barba de Lula, sua marca registrada. Ele foi o terceiro presidente da história republicana a cultivar uma barba, antes somente Deodoro da Fonseca e Prudente de Moraes o fizeram, ambos no século 19. Coincidência ou não, a “nova barba” de Lula ganhou atenção no mesmo momento em que todos os assuntos ligados à pogonologia (o estudo da barba) voltaram a ser moda, em meados dos anos 2000.

6. Crítico feroz da grande mídia brasileira e adversário político da Globo nos anos 80, Lula prometia a seus aliados durante a campanha presidencial de 2002 que um de seus primeiros atos como presidente, caso fosse eleito, seria dar início a um projeto de democratização da imprensa. Muitos deles se surpreenderam quando Lula, logo após o fim da campanha, deu ao “Jornal Nacional” sua primeira entrevista como presidente eleito sem fazer qualquer menção ao projeto.

7. Até mesmo os críticos reconhecem que o Brasil avançou socialmente durante o governo Lula, graças a programas de transferência de recursos para as famílias mais pobres, o que retirou 20 milhões de pessoas da miséria. Até mesmo organismos internacionais, como a ONU, já reconheceram o feito e o citam frequentemente como exemplo a ser seguido por outras nações em desenvolvimento.

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Lula não escapa das polêmicas nem na “pelada” || Créditos: Reprodução

8. Nem mesmo no futebol Lula consegue escapar de polêmicas. Como notório torcedor do Corinthians, um dos times com o maior número de torcedores do Brasil, ele já foi acusado de usar sua influência para beneficiar o time. Lula também foi citado neste ano em um processo da Operação Lava Jato, por supostamente ter feito lobby em favor da construção da Arena Corinthians. O ex-presidente é amigo de Andrés Sánchez, presidente do clube do Parque São Jorge.

9. Lula é considerado por muitos como o político com a melhor oratória do país, capaz de criar relação de empatia com o cidadão comum, sem o uso de palavras difíceis ou expressões acadêmicas. Emotivo, não raramente o ex-presidente chora em seus discursos, levando também boa parte de sua plateia ao choro. Os inimigos classificam isso como “lábia”, mas a origem humilde de Lula e as dificuldades pelas quais ele passou antes de se tornar o mito advogam em favor dele neste caso.

Cartaz do filme "Lula, O Filho do Brasil" || Créditos: Reprodução
Cartaz do filme “Lula, O Filho do Brasil” || Créditos: Reprodução

10. Dono de uma biografia ímpar, Lula não conseguiu transformar sua história de vida em um sucesso nas telonas. A cinebiografia “Lula, O Filho do Brasil”, sobre a trajetória dele e lançada em 2009 como um candidato natural ao Oscar do ano seguinte foi um fracasso de público e de crítica. O filme de Fábio Barreto e estrelado por Glória Pires no papel da mãe do ex-presidente custou mais de R$ 20 milhões, soma atípica para o cinema nacional, e rendeu apenas R$ 6,6 milhões. O que é pior: boa parte das empresas que patrocinaram o longa hoje são citadas na Operação Lava Jato, um prato cheio para os opositores de Lula. (Por Anderson Antunes)

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