Do show-off em Miami ao trottoir em Saint-Tropez, da turma do fondue em Campos do Jordão ao dolce far niente na Sardenha. O dia a dia dos frequentadores de quatro destinos muito concorridos nas férias
Por Paulo Sampaio
SARDENHA
Café da manhã, céu azul, sol quentinho, clima perfeito para se estirar na praia em frente ao hotel. Quem está hospedado no Cala di Volpe, no Pitrizza ou no Romazzino acaba ficando por ali mesmo. “O engraçado é que a gente paga uma fortuna pela diária, depois fica pechinchando o preço das cangas na praia”, diz Giovanna Lemes Motta. Na hora do almoço, à beira da piscina, os xeques das mesas vizinhas contemplam seus barcos de 110 pés ancorados na marina. À tarde, depois da siesta, o povo põe a malha, calça o tênis para caminhar pela região, ou pedalar até Porto Cervo. Ali, uma voltinha a pé para tomar um expresso com corneto e visitar as lojinhas. O pôr do sol visto do terraço do hotel, tomando um bellini, é deslumbrante. O jantar é mais formal, as mulheres aparecem com modelos deslumbrantes, kaftans longos, bolsas grandes, colares de pedrarias. Depois do jantar, um licor no bar, com música ao vivo e céu estrelado.
Quem costuma ir: Giovanna Lemes Motta, Izabel Goulart, Maria Fernanda Araujo Pinheiro
MIAMI
É muito comum proprietários de apartamentos (ou casas) na cidade contratarem uma espécie de babá para atendê-los durante o ano todo. Com uma carteira de cerca de 30 clientes – megaempresários, apresentadores de TV, atores e líderes de banda de rock –, a empresária Cláudia Hesse conta com um time de profissionais como motoristas, jardineiros e cozinheiros, para atender a esses moradores sazonais. Flores na sala, champanhe na geladeira, lençóis de 1.400 fios na cama. Uma funcionária é destacada para dar atenção full time aos visitantes. Os carrões estarão tinindo de limpos, e isso é importante! Os veranistas são pródigos em passeios por Miami Beach, South Beach ou Fisher Island (mais exclusiva) a bordo de Rolls-Royce, Ferrari, Lamborghini e, ok, Mercedes. Ali é o lugar para o show-off. Dá para dirigir de janela aberta, usar as joias que ficam o ano todo no cofre e sorrir para os transeuntes. O dia começa na academia, seguida de uma caminhada até Lincoln Street e redondezas. Praia depois (ou lancha e jet ski nas cercanias de Fisher Island). Enquanto isso, as crianças se divertem no summer camp: jogam bola ou golfe, têm aulas de computação e conversation. Alguém da equipe de Cláudia prepara o banho. Almoço frugal, folhas, uma carne. À tarde, a mãe vai ao Bal Harbour para pegar o vestido que reservaram pra ela na butique italiana. No late afternoon, o casal toma um soft drink, veste o que há de mais chamativo e se prepara para o jantar – existem infinitas opções para ver e ser visto. Fim da noite em algum rooftop, às gargalhadas, com um drinque colorido na mão. “E assim os dias vão passando”, diz Cláudia.
Quem costuma ir: Marcos Mion e Suzana Gullo, Roberto Justus, Zilu Camargo
CAMPOS DO JORDÃO
Tem a turma do fondue, e a da montaria. A primeira desfila de dia pelo Capivari vestindo roupa de ginástica, colete de náilon importado, jaqueta debruada com pele de animal (lá é liberada) e óculos com logotipo. Os homens costumam arrematar o figurino com um suéter no ombro. Uma carreata de importados engarrafa as ruas do centro. Tigrões (playboys maduros) passam devagarinho, dando rápidas, mas viris aceleradas. À tardinha, esse público curte visitar os lounges de carros importados para beber um champanhe. Há quem ache incrível alugar uma limusine com motorista, para circular acenando para o povo lá fora. Nas baladas de inverno, jovens “coxinhas” (chamados assim pelos barbudinhos “desencanados”), alternam entre o Baden Baden e o Villa di Phoenix. Segurando copões de uísque ou de vodca com energético, eles vestem calça de sarja, camisa de gola “V”, cachecol e mocassim de couro. As moças usam maquiagem “aparente”, têm cabelos lisos e obedientes, carregam bolsas grifadas e caminham sobre botas de cano longo. Nos arredores da cidade, os low profile hospedam turmas de amigos que fogem desse circuito. Só saem de casa para caminhadas na vizinhança e montaria na hípica. Vão com o traje completo.
Quem costuma ir: João Doria Jr., Ricardo Goldfarb, Álvaro Garnero, Paulo Velloso
SAINT-TROPEZ
Na parte da chiqueria francesa, das tropézienne, das baguetes, da praia da Brigitte Bardot, tudo rescende a Provence: a feira, as alpargatas, as espadrilles e as toalhas estampadas. Jantar no escondidinho The Strand, perto da Citadelle. No pedaço fervido, o clima é completamente outro: quem não gosta diz que é “tipo Jurerê Internacional” – referência à praia de Santa Catarina em que as baladas (mesmo durante o dia) são pra lá de animadas e o público estoura champagne Dom Pérignon, desfila modelitos à beira-mar e todo mundo dança em cima das mesas. Na França, o público é globalizado. O petit déjeuner é café, torrada e iogurte, no máximo um croissant. Depois, as lindas vestem algo entre o chic e o ventilado, carregam na base terracota, põem os óculos do momento – pode ser o espelhado, com armação dourada – e rumam para o Club 55. “É muita função, tem de pensar muito no look antes de sair de casa”, diz a promoter Fernanda Barbosa, habituée do pedaço. Durante o dia, entre uma caminhada e uma taça de Cristal, comprinhas na pop-up da vez. À noite, festa com DJ, música eletrônica e “alpinismo” (eles também dançam em cima da mesa!). Ao contrário de Miami, a balada em geral acaba ali. Ninguém acha chic dizer que rasgou dinheiro em Saint-Tropez.
Quem costuma ir: Alexandre Furmanovich, Marcos Campos, Ana Paula Junqueira, Mario Bernardo Garnero
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