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Cena de “Pina”, de Wim Wenders, reproduzida em “Ato, Atalho e Vento”; filme não usa nenhuma palavra || Crédito: Divulgação

“Ato, Atalho e Vento”, novo longa de Marcelo Masagão, vai abrir o 10º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, no próximo dia 29. O filme, que conta com quase 5 cortes, mais de 2 mil atores e 5.041 locações em 722 cidades, segue o estilo de montagem de “Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos” (1999), seu trabalho mais conhecido, com uma série de cenas picotadas e sobrepostas. “Neste filme, as imagens ficam ainda mais poderosas, porque fora um pequeno texto de apresentação, não usei nenhuma palavra durante todo o filme”, disse o diretor ao Glamurama. Leia mais!

Por Denise Meira do Amaral

Glamurama – “Ato, Atalho e Vento” é um filme que fala sobre o quê?

Marcelo Masagão – O filme é sobre coisas que não saíram exatamente como o planejado: fotografias que não saíram como deveriam sair, casais que se encontram no desencontro, círculos fugidios e assassinatos declarados que acabam não se realizando.

Glamurama – O filme contou com mais de 2 mil atores e 5 mil locações…

Marcelo Masagão – Devo confessar que esses números não são muito precisos. Mas não filmei nenhum segundo. “Ato” é um filme de montagem, ou seja, uso trechos de filmes de terceiros. É um filme “junta planos”. Esse filme é uma pequena máquina de juntar tempos e espaços diversos. O efeito em nosso cérebro é bem interessante. Os neurônios ficam bem excitados.

Glamurama – Assim como “Nós que aqui estamos”, em “Ato, Atalho e Vento” as imagens falam mais do que as palavras?

Marcelo Masagão – Neste filme as imagens ficam ainda mais poderosas, pois fora um pequeno texto de apresentação, não usei nenhuma palavra durante todo o filme. Tem pouquíssimos diálogos em outras línguas, mas que também não foram traduzidos.

Glamurama – Pode-se dizer que o filme é freudiano? [Vale lembrar que Masagão foi estudante de psicologia, mas não chegou a concluir o curso]

Marcelo Masagão – Não é um filme freudiano. Freud me acompanha há muitos anos em diversos domínios de minha vida, fazendo análise, lendo seus textos como literatura ou tentando entender suas ideias simples e complexas ao mesmo tempo. Mas esse é só um filme, onde a matéria-prima usada são planos cinematográficos, de fácil apreensão. É mais ou menos como a timeline do Facebook. Em cinco minutos passeando por ali você vê coisas muitos diversas, estranhas, apelativas, malucas, enfim… A diferença é que minhas associações são mais interessantes ou, no mínimo, mais poéticas que o algoritmo Sr. Mark Zuckerberg. Garanto que não tem bichos fazendo estripulia, nem gente mal educada falando mal do vizinho ou da presidenta.

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Além de abrir o festival, em sessão para convidados, “Ato, Atalho e Vento” conta com uma projeção aberta ao público no dia 3 de agosto, às 20h, no Reserva Cultural, com entrada franca. O longa estreia ainda no próximo dia 30 nos cinemas, em cadeia nacional. Em tempo: o 10º  Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, que acontece 30 julho a 5 de agosto, traz como grandes homenageados os cineastas Hector Babenco e Lírio Ferreira. Este ano o evento reúne uma programação com os destaques da produção mais recente feita na América Latina, incluindo vários títulos inéditos no Brasil e obras exibidas em eventos como os festivais de Cannes e Berlim. São 100 filmes, de 16 países da América Latina e Caribe.

10º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo
Exibições do filme “Ato, Atalho e Vento” (2015, 70 min), de Marcelo Masagão

29 de julho de 2015, quarta-feira, às 20h30
cerimônia de abertura (exclusiva para convidados)
Tenda Petrobras para o Cinema Latino-Americano / Memorial da América Latina
Av. Auro Soares de Moura Andrade 664, Portões 2 e 5, Barra Funda, São Paulo

3 de agosto de 2015, segunda-feira, às 20h00
Seguido de debate com Maria Rita Khel, Jean-Claude Bernardet e Marcelo Machado (mediador)
Reserva Cultural
Av. Paulista 900, Bela Vista, São Paulo
Entrada franca

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