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Depois de 30 anos nos palcos, o sucesso enfim chegou para Domingos Montagner. Aos 53, vai  protagonizar uma novela, estrelar três filmes e ainda quer interpretar Shakespeare e Brecht no teatro

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Domingos Montagner para a PODER de março. Aqui, ele veste costume Gucci, camisa VR, gravata Aramis, anel acervo pessoal ||Créditos: Mauricio Nahas

Por Alexandre Makhlouf para revista PODER de março

Quando era criança e morava no Tatuapé, bairro da zona leste da capital paulista, a ideia de ser ator simplesmente não passava pela cabeça de Domingos Montagner. Ele queria mesmo era ser bombeiro ou desenhista, coisa de garoto. Anos depois, porém, quando chegou a hora de prestar o vestibular, acabou escolhendo educação física e, durante dez anos, deu aulas em várias escolas da capital paulista. “Era preocupado com a didática e gostava de propor jogos para que as aulas fugissem do óbvio”, lembra. Na década de 1980, a busca por novos métodos de ensino acabou levando o professor a se matricular em cursos de teatro e de circo. E é nesse ponto que a história de Montagner dá a primeira guinada, porque ele simplesmente se apaixonou pelo palco. De lá para cá, não parou mais de atuar: fez teatro de bonecos, foi trapezista e palhaço no circo e estrelou diversos espetáculos. Entre eles, “A Noite dos Palhaços Mudos”, adaptação de uma história em quadrinhos de Laerte que lhe rendeu o Prêmio Shell de melhor ator, em 2008.

Quis o acaso que uma preparadora de elenco da Rede Globo estivesse na plateia durante uma das apresentações. Ela gostou tanto do que viu, que o convidou para fazer um teste. A oportunidade era para o núcleo cômico de uma novela e, apesar do know-how, Montagner não foi chamado. Mas seu nome ficou no radar da emissora. Tanto que, nos anos seguintes, ele participou das séries “Força-Tarefa”, “Divã” e “A Cura”, todas exibidas na Rede Globo. Até que, em 2011, aconteceu outra reviravolta: foi convidado para participar de “Cordel Encantado”, sua primeira novela. A trama, exibida às 18 horas, fez uma revolução no gênero por contar uma história que misturava conto de fadas e literatura de cordel. Naquele ano, as autoras, as jornalistas Duca Rachid e Thelma Guedes, faturaram o Troféu Imprensa e o Prêmio Extra de Televisão de melhor novela. A carreira de Montagner decolou junto e o grande público o descobriu – principalmente o feminino, já que ele derreteu o coração das telespectadoras.  E não é difícil entender por quê: com quase 1,90 metro de altura, cabelo e barba grisalhos, ele é falante e dono de um estilo despojado. Para ajudar, coleciona vinis e motocicletas, bem ao estilo “macho jurubeba”, como define o cronista cearense Xico Sá. “Já me incomodei muito com o rótulo de galã. Hoje não ligo mais. Acho muito pobre reduzir o trabalho de alguém a uma coisa estética”, defende, citando tipos teatrais e explicando como se estrutura uma narrativa dramática.

Meio autodidata, já que não fez outros cursos na área além daqueles do início da carreira, Montagner surpreende ao usar expressões em francês como physique du rôle (jeito para o papel, em tradução livre) e revelar que ainda pretende interpretar personagens de William Shakespeare e Bertolt Brecht. “Ninguém vai morrer se passar a vida sem ir ao cinema ou teatro. Mas, se for, vai viver muito melhor”, diz.

Hoje, aos 53 anos, o ator se prepara para viver seu primeiro protagonista em “Sete Vidas”, novela das 18h que estreou este mês. Na trama, ele interpreta Miguel, um homem maduro e solitário que, de uma hora para outra, descobre ser pai de sete filhos. Detalhe: os descendentes são fruto de uma doação anônima de sêmen que seu personagem havia feito na juventude.  Além da novidade, Montagner se prepara para estrear três filmes no cinema e duas curtas temporadas de “Mistero Buffo”, peça do escritor e dramaturgo italiano Dario Fo, seu preferido. “Sou fã da escola de atuação italiana e no teatro estou em casa”, revela. Mas conta que ainda se considera calouro na TV e que procura ficar no set para aprender mais, mesmo quando não está em cena.

Se a fama pesa em algum momento? Não exatamente. Ele não se incomoda em dar autógrafos, mas prefere fazer isso quando está trabalhando e sozinho. Se estiver acompanhado da família, gosta de privacidade. “Principalmente por causa das crianças”, pontua o ator, que é pai de três meninos de 4, 8 e 12 anos. Dinheiro também não faz sua cabeça. “Não dá para dizer que estou rico, mas tenho tranquilidade financeira”, finaliza.

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