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A tarefa de encontrar toda semana um novo assunto relacionado a sexo, erotismo e relações humanas pode ser complicada. Por esse motivo, na busca de algo interessante, esbarra-se em produções insólitas como “Too Much Flesh”, de Jean-Marc Barr, traduzido para o português como “Sensual Demais”. O diretor, que também protagoniza o filme, é nosso conhecido por sua atuação nos filmes de Lars Von Trier:“Europa” (1991), “Ondas do Destino” (1996), “Dancer in the dark” (2000) e “Dogville” (2003). Talvez “Sensual Demais” exista por influência de Von Trier e seu Dogma, já que foi captado digitalmente e nunca transformado em película. O jeito de filmar, com silêncios, tempos mortos e um olhar que lembra o documentário remete a outro filme de Von Trier: “Os Idiotas” (1998). E o conteúdo, uma tensão muda que acaba por explodir, também é marca do diretor dinamarquês.

Foto: Reprodução

Mas vamos falar do que Barr propõe. Numa cidade pequena do interior dos EUA, habitada por gente muito conservadora, vive Lyle, um fazendeiro bonito e forte casado com Amy – Rosanna Arquette –, uma mulher religiosa e casta. Os dois nunca tiveram relações sexuais. Na verdade, Lyle não transa com uma mulher desde a adolescência, quando uma garota espalhou para a cidade que ele era deformado: tinha carne demais, lá embaixo. Com medo de machucar as mulheres e vergonha de sua condição, Lyle vive recolhido. Até o dia em que um amigo de infância volta à cidade com Juliette – Elodie Bouchez -, uma francesa livre que se encanta por ele. A partir daí, todas as energias que estavam em repouso começam a se mover.
Foto: Reprodução

E o equilíbrio da cidade entra em risco. O interessante de “Too Much Flesh” é a discussão como a que existe em “Os Imperdoáveis”, de Clint Eastwood, sobre o tamanho do pênis. Lyle está acima do normal e é punido por isso. Primeiro com a interdição do seu pênis por um trauma, causado por uma mulher, depois pelos homens da cidade que usam do conservadorismo para não permitir que ele exerça livremente sua sexualidade. Por ter mais carne no sexo, ou subjetivamente, ser mais homem que os outros, Lyle tem que ser neutralizado ou castigado. Sua carne em excesso denuncia os problemas dos outros homens com o tamanho dos seus pênis. E isso é imperdoável.
 

 

por Luciana Pessanha

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