Autor de um dos maiores hits de 2014, o cantor Thiaguinho é introspectivo fora dos palcos. Do tipo que não foge de desafios, diz que seu sucesso não é surpresa, já que sempre trabalhou para isso
Por Alexandre Makhlouf para revista PODER de fevereiro
Ano passado, pouca gente – fã ou não – deve ter escapado de ouvir Thiaguinho cantando: “Caraca, moleque, que dia! Que é isso?” em alguma rádio ou programa de TV. Eleita “música-chiclete” no Prêmio Multishow 2014, a canção – um pagode animado com cara de verão que faz referência a sol, praia e cerveja – foi uma das mais tocadas em todo o país. Por isso, toda a equipe de PODER esperava uma festa quando o cantor chegasse ao estúdio. Na hora H, porém, a história foi um pouco diferente. Thiaguinho chegou sorridente, exatamente como a gente costuma vê-lo na TV, mas quieto. Só fez um comentário rápido sobre o calor que fazia em São Paulo: “A temperatura está boa para ficar de sunga debaixo do ar condicionado”.
Aos 31 anos, Thiago André Barbosa é um artista completo: cantor, compositor, instrumentista e apresentador de TV – desde o ano passado está à frente do Música Boa ao Vivo no canal a cabo Multishow. Nascido em Presidente Prudente, interior paulista, e criado em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, adorava, na infância, escolher que LPs de seus pais iria ouvir depois das aulas. “Eu não gostava de música de criança”, explica. Cantava na igreja, na escola e, aos 12 anos, descobriu o violão. Aos 14, o cavaquinho – e aí não teve mais volta. “Tocar pagode em uma região dominada pelo sertanejo não foi fácil. Tive de convencer até meus amigos de que era aquele som que queria fazer”, diverte-se, lembrando do primeiro grupo que montou.
Batalhar pelo que deseja é o que move a carreira de Thiaguinho. Aos 19 anos, um mês depois de enviar para a Rede Globo uma fita de vídeo em que tocava e cantava um samba, estreou no programa Fama, um dos primeiros reality shows musicais do canal. Era o ano 2002. Chegou perto da final, mas não levou o troféu. Melhor que isso: foi convidado para entrar no lugar de Chrigor, o vocalista do Exaltasamba, um dos maiores grupos de pagode do Brasil. Thiaguinho liderou a banda até 2011, quando decidiu seguir sozinho. “Entrei no Exalta para ganhar, como sempre faço. Percebi que tinha cumprido minha missão quando fizemos um show em um estádio de futebol lotado. Foi grandioso”, lembra. Mesmo sem a companhia dos colegas, desde 2012 a carreira dele só fez crescer: lançou quatro CDs, faz, em média, 200 shows por ano, emplacou vários sucessos e foi indicado ao Grammy Latino em 2013. Se ele imaginava que chegaria tão longe? Claro que sim! “Você nunca vai me ouvir falar que foi tudo obra do acaso, porque eu pedi muito a Deus para fazer sucesso. E trabalhei bastante para isso também”, afirma ele, que é católico praticante. Thiaguinho também é um dos artistas que mais fatura em direitos autorais por aqui. “Mas isso não significa muita coisa. Quem é só compositor ainda passa necessidade no Brasil”, critica, sem perder a calma.
O jeitão introspectivo, na verdade, não é coisa de Thiaguinho, e sim de Thiago. O cantor explica que um tem muito a aprender com o outro e que, na vida real, é uma pessoa que controla bem suas finanças (ele só perde a cabeça com as músicas on-line – “só vou clicando ok e depois vejo o estrago na fatura do cartão”) e que gosta de ficar em casa com os amigos, a família e a noiva, a atriz global Fernanda Souza, com quem se casa este mês. Para ele, shows e baladas são apenas trabalho. “No palco é onde me sinto poderoso, e aí fico extrovertido. Todo mundo devia experimentar a sensação de ter 50 mil pessoas gritando seu nome.” Essa dicotomia fica evidente quando ele troca a camisa e a bermuda que estava usando quando chegou ao estúdio pelos paletós e gravatas usados para as fotos. Aí, sim, o Thiaguinho aparece com tudo: faz pose, dança e até canta rap. Pacote completo. Mesmo.
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