VIVE LA FRANCE!
Comemora-se hoje na França a Queda da Bastilha em 14 de julho de 1789, que, segundo a historiografia tradicional, marcou o início da Revolução Francesa. Porém, sabe-se que a Revolução foi resultado de um processo, e não de um episódio isolado, mesmo tendo esse evento popular em Paris importância fundamental, já que a Bastilha era símbolo do absolutismo. Para lembrar a data, a editora Jorge Zahar fez uma seleção de livros que têm como tema a França, ou são de autores franceses. Entre eles, esta coluna escolheu alguns para indicar aos leitores.
"Proust e a Fotografia", de Brassaï
Quando se fala em Proust, pensa-se se logo no livro “Em Busca do Tempo Perdido”. Por ser este um clássico da literatura universal, e cuja leitura é obrigatória para os amantes das letras, seria óbvio indicá-lo aqui. Então, preferimos escolher “Proust e a Fotografia”, no qual o húngaro Brassaï, um dos grandes fotógrafos do século XX e atento observador da literatura (era filho de um professor de literatura francesa), parte do fato de que Proust foi um apaixonado pela fotografia, e mostra como esta desempenha papel decisivo em sua obra.
O resultado é a constatação de que Proust e Brassaï são dois dos mais finos observadores – na vida social e na paisagem urbana – da cidade que primeiro se entregou incondicionalmente à fotografia: Paris. Esse livro é a última obra de Brassaï (1899- 1984), que morreu pouco tempo depois de concluir o manuscrito, e inclui 16 páginas com reproduções de suas fotografias.
“Carême – Cozinheiro dos Reis”, de Ian Kelly Antonin
Carême foi o primeiro chef a se tornar uma celebridade – e a cobrar muito caro por isso. A biografia escrita por Ian Kelly, ator e gourmet que já viveu Carême no palco, reconstitui a vida do menino órfão, que foi abandonado à própria sorte nos tumultuados anos da Revolução Francesa, e acabou se transformando no cozinheiro preferido de políticos como Napoleão e o czar Alexandre e milionários como o casal Rothschild.
“Resumo dos Cursos do Collège de France – (1970 -1982)”, de Michel Foucault
Para quem quer entender as mudanças propostas pelo Maio de 68 na França, e a mudança no pensamento ocidental, quanto a cultura e política, que se deu a partir do final dos anos 1960 com uma série de movimentos antiautoritários que se espalharam pelo mundo, tem que conhecer as ideias do filósofo Michel Foucault (1926-1984). E esse livro é uma boa oportunidade para isso, já que reúne os resumos dos cursos que Foucault ministrou no Collège de France (Paris), redigidos por ele próprio, e traz um panorama de sua produção ao longo dos anos 1970 e 1980.
“O Prazer do Olhos – Escritos Sobre Cinema”, de François Truffaut
Este livro, publicado originalmente pela editora Cahiers du Cinéma, revela a paixão do cineasta francês François Truffaut (1932-1984) pelo cinema e mostra que ele, que foi um dos fundadores do movimento Nouvelle Vague, escrevia tão bem como filmava. Os artigos reunidos nesse volume abrangem um período bastante amplo de sua atividade crítica e foram publicados em revistas como Arts e Cahiers du Cinéma, abordando os diretores e críticos que Truffaut admirava – como Jean Renoir, Alfred Hitchcock, Orson Welles, André Bazin, Henri Langlois –, os atores com quem trabalhou e os problemas do cinema francês de sua época.
“Napoleão – Um Biografia Literária”, Alexandre Dumas(1802-1872) tinha os predicados ideais para escrever a biografia de Napoleão Bonaparte: era filho de um general do célebre imperador francês e o mestre do romance histórico. No livro, ele conta que viu Napoleão apenas duas vezes, sentado no mesmo coche em viagem. Portanto, o foco narrativo se concentra na descrição das batalhas militares, em que às vezes avulta o elemento pitoresco: a galope em seu cavalo, em meio aos gritos dos soldados e à música, Napoleão “sempre dava ao começo de suas batalhas um ar de festa, em contraste com a frieza dos Exércitos inimigos”. Como é esperado, Dumas romanceia, o que não quer dizer, no entanto, necessariamente faltar com a verdade.
Por Anna Lee
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