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Por Paulo Sampaio, da Revista PODER

Cinco conhecidos bilionários do eixo Rio-São Paulo aguardam dentro do jato Gulfstream G650 ER, na cabeceira da pista, em Cumbica, para a torre de comando autorizar a decolagem do voo para a Itália. Os amigos vão se encontrar com as respectivas mulheres, que já estão na Costa Amalfitana, e dali partir para um cruzeiro. Alguém que não tem o volume de trabalho dos cinco, que não está acostumado a tomar aquela quantidade de decisões por dia nem lida com cifras tão astronômicas, pode imaginar que a viagem vai, finalmente, fazê-los relaxar. “O difícil”, diz Número 1, que tem 54 anos, “é manter a ereção.”

A conversa foi parar em sexo quando Número 2, 63, comentou que estava saindo com uma moça cujas técnicas de “levantamento de peso morto” o faziam se sentir um jovenzinho de 30 anos (a faixa etária dos cinco vai dos 48 aos 63). Naquele grupo, a queda no nível de testosterona é tão preocupante quanto a da bolsa ou qualquer outra flutuação do mercado financeiro. “Estou convencido de que a destreza da mulher, na nossa atual situação, vale mais do que qualquer mentira sincera.”

“Nossa situação? Fale por você, meu camarada!”, diz Número 3, 57, às gargalhadas. Os outros quatro vaiam na direção dele: “Uuuuuu”. Número 5 pega a garrafa de uísque e aponta na direção de Número 3: “Bebe um pouco mais, relaxa. A gente está a 12 mil metros de altura, filho, não tem nenhuma mulher escondida no banheiro pra ouvir seu depoimento. Bota pra fora…”

Número 5, 48, ainda preservado dos efeitos da andropausa, sugere aos “tios” uma “dose de resignação”: “É o seguinte: se o cara não tem preparo físico para conseguir todo dia, diminui o número de vezes e faz direito quando estiver realmente a fim”. Número 3 reage debochado: “É? E como fazer se o cara estiver ‘a fim’ todos os dias?”. Número 5: “Ninguém está. Isso é imaturidade. Com a sua idade, já era pra ter entendido que chafariz não é pra tomar banho…”

Gargalhada geral. Número 5 continua, rindo com os outros: “Sério! É que nem comida. Se você se empanturra de coxinha na festa de aniversário de seu neto, a possibilidade daquilo fazer mal, inclusive sexualmente (rindo muito), é grande. O colesterol aumenta, a veia entope, o sangue não chega!” Número 1 concorda e apoia: “Não dá pra espernear: a conta, agora, chega mais rápido!”

Voltando do toalete, Número 1 dá uma cambaleada com o balanço do avião e cai na cadeira, meio tonto do uísque: “Eu não entendo por que ficar sofrendo. Toma logo uma pílula azul. Acabou!” Número 3 é contra: “Tô fora! E a dor de cabeça no outro dia?” Número 4 idem: “Não é igual. Deixa duro, mas adormece!” Número 5, que se trata com medicina antroposófica, diz que tem tomado um composto. “Sabe que funciona?” Número 3 ri: “Tem de dar um vidro todo pro Número 1”.

Número 1 emborcou (zzzzzzzzzzzzz). Número 3 pergunta a Número 5 se ele já experimentou um fitoterápico usado para tratar a disfunção erétil e também para tonificar os músculos, evitar problemas cardíacos e fortalecer o sistema imunológico. Ele próprio diz que sim, mas que “não dá pra encarar mulherão”. “Rende uma vezinha só.” Número 5 tenta apaziguá-lo: “Tá ótimo, Número 3. Você quer dar quantas? Calm down. Inspira, expira, inspira…” Número 3 acata a sugestão. Na quarta inspirada, já meio embalado, começa a ressonar. Os outros três, idem, em efeito dominó. Uísque + remédio para dormir = céu de brigadeiro.

 

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