MODA NO CENTRO
Neste domingo de manhã os fashionistas saíram para um passeio diferente. Em vez do verde e da tranquilidade do Parque Ibirapuera, saímos de casa ao encontro do cinza e do caos do centro de São Paulo, mais precisamente na Galeria do Rock. O desfile foi enérgico e rápido, assim como funciona tudo nessa metrópole desvairada em que vivemos.
A coleção, inspirada na relação moda-sexo-rock, não traz nada de novo para a história da Cavalera e talvez essa seja mesmo a idéia. Em vez de novos desafios, a marca se concentra no que sabe fazer bem: jeans e urbanwear para o dia-a-dia. Portanto estão lá os moletons, as camisetas de banda, as jaquetas. Vimos também boas lavagens de jeans, com destaque para os resinados e um trabalho de pedrarias pretas que foram aplicadas de forma desordenada para, justamente, criar o efeito contrário a um bordado de festa.
Em mais uma homenagem a São Paulo, a Cavalera foca nos desejos da vida real de seus jovens consumidores.
Vale à pena: a parte de alfaiataria, se chegar às lojas, é bacana tanto no feminino quanto no masculino. Vem mais descontraída e com bons cortes nos paletós, especialmente os femininos.
GEOMETRIA NA OSKLEN
O desfile da Osklen foi surpreendente. O trabalho, focado em formas geométricas, estruturadas e tridimensionais resultaram em uma coleção de impacto imediato. O feltro de lã é o tecido-estrela da coleção, que funciona bem para as propostas arquitetônicas da marca. Ombros, costas e quadris têm formas quadradas, enquanto as golas são redondas e gigantes, como casulos, ou assimétricas, de forma que biquinis, maiôs, camisetas e shorts ganham suas versões arquitetônicas. As peças de tricô de lã trazem um pouco de artesanato e humanidade a uma série tão tecnológica e inovadora.
É uma coleção experimental, produzida para fazer bonito na passarela e em editoriais de moda, mas improvável para a vida real. Vamos ver como essa estética tão afiada será traduzida para as lojas em termos de design, conforto e preço.
Vale à pena: os coturnos de feltro, nos tons preto, cinza e cru, já são objetos de desejo para o inverno.
NOVOS RUMOS
A imagem da FH mudou levemente nesta coleção. Apesar de a coleção ainda focar em um tipo específico de mulher, mais exuberante, o styling (interno, da equipe) deu uma cara mais de hoje às roupas. Está mais contemporânea, muito por conta das sobreposições de meias e dos cardigans de paetês amarrados na cintura ou jogado por cima de vestidos supervolumosos. O problema está mesmo no volume e no exagero. Brilho, mohair, acessórios, meias metalizadas/estampadas/coloridas, cintos largos, peças amplas mais metros e metros de tecido por roupa causam um efeito pesado e um over que vem direto dos anos 80. A vontade de misturar a high fashion com peças usadas de forma mais esportiva, como no caso dos cardigans, é válida e deveria ter sido melhor aproveitada.
Vale à pena: bom, já falei tanto, mas vou repetir: os tais dos Cardigans de paetê, em especial o rosa, levanta qualquer produção.
BEACHWEAR, UNDERWEAR OU OUTWEAR?
De tudo um pouco. A Rosa Chá mostrou sua primeira coleção criada por Alexandre Herchcovitch. Ao histórico da marca, o estilista ainda une roupas de mergulho e lingerie, resultando em uma mistura inusitada e muito bonita de renda com neoprene. Sendo uma coleção desenhada por Alexandre, não espere ver biquínis minúsculos ou nada que remeta a uma sensualidade óbvia. A modelagem impecável cultua o corpo de outra maneira, preferindo revelar a silhueta feminina através de telas transparentes ou de recortes estratégicos.
Pelas mãos de Herchcovitch vemos de quantas maneiras a renda preta pode aparecer em uma coleção voltada para o beachwear. Também nesta coleção ele dá um passo à frente e passa a mostrar peças para serem usadas fora da praia e “bodies” poderosos para parar qualquer academia. Bons os paletós que fecham amarrados por um nozinho charmoso. Ao final do desfile eu nem lembrava mais que ele começou com quase uma hora de atraso.
Vale à pena: os maiôs e biquínis estampados do final do desfile
INVERNO NÔMADE
A Colcci encerrou o primeiro dia de SPFW com o auê de sempre. Desta vez, para substituir Gisele Bundchen, a marca contratou as “angels” Alessandra Ambrósio e Isabel Goulart, mais o ator Cauã Raymond. A gritaria dos fãs foi a mesma, já o carisma das modelos não bate o de Gisele. A Colcci ainda tem a necessidade de atirar para todos os lados, mas nesta temporada, podemos destacar o trabalho de tricôs, com peças amplas e gostosas de usar no frio; o bom trabalho no jeanswear, com lavagens coloridas e desgastadas; a série em verde oliva, com vestidões, camisas, jaquetas e paletós tirados do guarda-roupa do namorado.
A Colcci também insiste na imagem “go go boy”, com modelos bombados, sem camisa, com a cueca aparecendo, nada a ver com alguns looks que remetiam a lenhadores, muito mais legais. Será que é tão necessário assim para o público masculino da marca?
Vale à pena: os tricôs oversized
Por Camila Yahn