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“Através” é exibido neste domingo, no Caixa Belas Arte

“Através” é um longa de ficção, mas que pretende mostrar o real conflito dos cubanos no momento de transição da ilha, principalmente após Raúl Castro revogar a lei da “Carta Blanca” – que obrigava os cubanos a pedir autorização para viajar ao exterior. O longa narra a trajetória de Cintia e sua dúvida se deve deixar o país ou não, a convite do namorado que vive nos Estados Unidos. O filme, dos diretores brasileiros André Michiles, Diogo Martins e Fábio Bardella, está na programação do Circuito Cinema Inédito Brasileiro, e será exibido neste domingo, às 18h30, no Caixa Belas Artes. Abaixo, um bate papo com os diretores, que revelaram as delícias e as dificuldades em se filmar na ilha.

Por Denise Meira do Amaral

Glamurama – O que vocês pretendem mostrar com o filme?

André, Diogo e Fábio  – Nossa intenção é mostrar o momento atual de Cuba e falar do futuro. Depois de mais de 50 anos de revolução, da queda do muro de Berlim e da eminente crise do socialismo no mundo, Cuba se transformou em um país com sérios problemas infra-estruturais, mas com um povo consciente, de grande riqueza cultural e crítico. As pessoas almejavam mudanças e foi isso que Raul Castro buscou fazer. Várias mudanças aconteceram na ilha: a liberação de compra e venda de carros e imóveis, a liberação de pequenos negócios e a liberação de viagens internacionais. O filme aborda todas as transformações da ilha de uma forma diferente e tenta desvendar uma Cuba além das já conhecidas Havana e Varadero.

Glamurama  – O que mais chamou a atenção de vocês em Cuba?

André, Diogo e Fábio – A receptividade, o calor popular. É muito parecido com o Brasil, nos identificamos muito com eles, principalmente pela afro-descendência, que é a raiz da proximidade cultural, música, ritmo, comida. As pessoas são dotadas de uma alegria contagiante e, como toda ilha, são muito curiosos para saber o que se passa do outro lado do oceano. Além disso, Cuba exala uma sensação de set de cinema nas ruas, pela forma como as pessoas se vestem, pelo estado dos edifícios e pelos carros antigos.

Glamurama – Qual foi a parte mais difícil durante as filmagens?

André, Diogo e Fábio  – O filme pode se dividir em dois blocos de filmagem: Havana e resto da Ilha. Em Havana tivemos um respaldo maior, motorista, produção. A partir do momento em que nos deslocamos e atravessamos a ilha, foi ficando muito difícil e desgastante. Quanto mais a Oriente, mais difícil era para filmar, fazia um ano que o furacão Sandy tinha passado pela e destruiu milhares de casas e revolvendo a terra trazendo à tona a cólera. Estávamos cansados, mas com a sensação de dever cumprido.

Glamurama – Aconteceu alguma curiosidade durante esse processo?

André, Diogo e Fábio – Praticamente não tínhamos autorização para filmar. Então todos os movimentos eram calculados para não chamar atenção. Mas, mesmo assim, tivemos pequenos problemas com autoridades locais. Um dos fatos mais legais da jornada foi filmar com os avós da nossa protagonista, um casal quase centenário. No meio de sua jornada pela ilha, Cinthia visita a casa deles em Cienfuegos, e é recebida com alegria. Foi um momento bonito para quem esteve ali.

 

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