Carolina Dieckmann é uma das estrelas de “Eu Que Amo Tanto”, série de dramaturgia do “Fantástico” dirigida por Amora Mautner, sobre a associação Mulheres que Amam Demais (MADA), uma espécie de Alcoolicos Anônimos para mulheres que tomam atitudes destemperadas em relacionamentos doentios. “Estou nua e crua, em carne viva, sangrando. Para construir essa personagem, não poderia ser de outro jeito, bonita e maquiada.”
“Comendo sua alma”
Comentamos com Carol que Amora nos disse que, na hora de escalar o elenco, pensou em quais são as atrizes mais glamourizadas e lindas da TV, para poder desconstruí-las, mostrá-las expostas, sangrando, na linha do diretor Rainer Werner Fassbinder. “Não vou dizer que não me acho bonita. É que sempre briguei por menos glamourização na TV. Odeio maquiagem. Sou conhecida por isso. As maquiadoras da Globo tem que ir atrás de mim. Meu interesse é natural, genuíno. A Amora é a minha cara. Maquiagem -assim como nudez- é só pra ajudar a contar uma história. ‘Cobras e Lagartos’ foi a primeira novela em que usei maquiagem, isso porque não tinha como construir a Leona sem isso. Mas mesmo com essa personagem [uma perua], em cena de café da manhã, eu questionava: gente, não deu tempo de ela se maquiar ainda numa situação assim. A Amora é talentosa grau máximo, pulsante. Quando ela está te dirigindo, está dentro de você, comendo sua alma. Querendo que você dê tudo, e você dá tudo.”
“Mulher sofre diferente, é dilacerante”
“São poucos minutos no ar. É pequeno, curto, direto. Tem que ser muito focado. Precisa de entrega total. A gente tentou acompanhar uma reunião das Mulheres Que Amam Demais, mas elas não deixam ninguém que não vai se expor participar. Só querem lá quem elas enxergam como espelho. E isso me deixou mais admirada. Tantas mulheres não têm acesso a uma ajuda… Mulher sofre diferente, é hormonal, dilacerante. Essa série vai trazer um respeito pelo sofrimento feminino. Todas nós sofremos com o mesmo coração, cada uma com seu drama. Mulher entende mulher. Melhor tomar um pouco mais de cuidado.”
“Como fiquei louca, sem medida!”
“Já amei demais, com certeza. Quando meu filho Davi nasceu, eu não queria dormir. Eu tinha 20 anos e estava tão maravilhada por ter parido aquele bebê, e ele ser perfeito, e estar mamando em mim. O médico me dava remédio pra dormir, e eu cuspia. Só depois de 14 dias cedi ao sono. Como fiquei louca, sem medida! Era um amor que não cabia no meu peito, um destempero. Tive isso com meu ex-marido, com meu primeiro namorado, a perda da virgindade… Claro que minha temperatura é diferente da dessas mulheres. Às vezes a gente sente uma coisa, dá um grito e passa. O MADA é como os Narcóticos Anônimos. Mas todas sentimos. A Paula [Burlamaqui, que também está no elenco] contou que já quebrou o carro de um namorado. Quantas pessoas a gente conhece que estão se excedendo e não procuram ajuda? Será que estou passando do limite? Quantas mulheres apanham e a gente nem sabe? Essa série vai ter uma função social.”
Como um homem-bomba
Na história, a personagem de Carol mata o homem amado, que estava trazendo amantes para dentro de casa. “Mato a pessoa que amo pra ela não ser de mais ninguém e eu ficar com ela. O que veio na minha cabeça foi o homem-bomba. Se suicida e assassina um monte de gente porque tem certeza que é a única coisa a ser feita e que ele vai encontrar com Deus, que aquilo é o certo. Um amor desmedido por alguma coisa. Fiz a cena de primeira.” (Por Michelle Licory)
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