SINTRA: MATÉRIA DE MEMÓRIA
O livro “Diário de Sintra: Reflexões sobre o Filme de Paula Gaitán” (Confraria do Vento), que será lançado na quinta-feira, 25, é muito mais do que uma coletânea de ensaios escritos sobre o longa-metragem “Diário de Sintra” – que é o que se propõe a ser. Organizado pelo crítico e roteirista Rodrigo de Oliveira, ele expõe o processo pelo qual a cineasta Paula Gaitán transformou em presente a matéria de memória dos últimos tempos da vida de Glauber Rocha ao lado dela, sua mulher, e dos filhos pequenos na cidade portuguesa de Sintra.
Na apresentação do livro, Rodrigo de Oliveira diz: “Não se passa imune por ele (o filme), e como toda obra que se atreve a ser do tamanho da vida, o fim da projeção inicia um novo ciclo, este mental, que não nos permite abandonar este diálogo recém-aberto sem que se diga algo de volta a esse filme que nos disse tanto”.
Verdade. A intensidade do olhar de Paula para um passado que ela transforma em presente pede mais, pede algo que ultrapasse a tela de cinema. “Diário de Sintra: Reflexões sobre o Filme de Paula Gaitán” contribui para aplacar este desejo. Traz, além de sete ensaios, fotos, fragmentos do storyboard, entrevistas e depoimentos. O diretor de fotografia Walter Carvalho, que trabalhou bastante com Glauber, diz, por exemplo:
“Você juntou fragmentos, vestígios, interstícios, e entre frinchas da memória, você construiu um poema pictórico intenso, amoroso. E trouxe de volta a ausência do guerreiro, do poeta. Fui tomado pelo seu filme que espalhou em meus olhos o vigor de um cinema necessário, pessoal. Ao fim, juntei os fragmentos e com as ruínas das imagens e da paisagem do filme construí um sonho de epifanias e fiquei feliz”.
POEIRA
O escritor Nelson Oliveira lança “Poeira: Demônios e Maldições” (Língua Geral), na Livraria da Vila Fradique, nesta quarta-feira, 24, a partir das 18h30.
A trama do novo romance de Oliveira se passa numa realidade alternativa, numa cidade não nomeada. A princípio, fala de um lugar onde a publicação de livros foi proibida. Aos poucos, contudo, novas obras começam a surgir, misteriosamente, na biblioteca da cidade e depois por todos os lugares.
Por Anna Lee
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