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HOFFMANN: O HOMEM DA MULTIDÃO

O autor alemão Ernst Theodor Amadeus Hoffmann (1776-1822) é mais conhecido no Brasil por suas operetas “Quebra-nozes” e “Petruschka”, e também pelo conto “O Homem de Areia”. Mas uma das contribuições, digamos fundamental, que ele trouxe para a literatura ocidental foi o fato de ter trabalhado com a ideia de multidão, influenciando escritores do século XX, como Edgard Alan Poe em “O Homem da Multidão”.

No conto“A Janela de Esquina do Meu Primo” – um dos seus últimos escritos, publicado postumamente em 1822, mesmo ano de sua morte, e que a Cosac Naify acaba de lançar no Brasil –, Hoffmann adianta-se no tempo e trata de questões urbanísticas e sociais das grandes metrópoles. Numa narrativa cinematográfica, ele descreve os tipos que aparecem para fazer compras na feira semanal da principal praça de Berlim, a Gendarmenmarkt. De caráter autobiográfico, o conto narra a história de um escritor inválido por uma doença crônica, preso em seu pequeno apartamento de esquina, cuja única abertura para o mundo é uma janela de onde se pode observar toda a praça.

O livro ainda conta com uma grande ilustração da praça, seus personagens e arquitetura, feita por Daniel Bueno, com a técnica de colagem a partir de imagens de época, recriando os figurinos e elementos do século XIX, e a qual foi recortada em pequenas partes que entram no texto como uma janela que se abre para a Gendarmenmarkt.

Hoffman olha da janela e antecipa questões das grandes metrópoles

Por Anna Lee

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