Quando se trata de ganhar “a” mulher, não adianta apenas aparecer com um diamante. De acordo com especialistas, um presente caro, logo de saída, pode assustar a moça e se transformar em tiro no pé. Melhor pegar a eleita pelo coração
por Paulo Sampaio para revista PODER de agosto
Depois de um longo período de aventuras amorosas, e de destruir o coração de muitas lindas do circuito São Paulo-Rio-Trancoso-Nova York, o bonitão tropeçou em um caso simplesmente incapitulável. Morena estilo Jessica Biel, seu novo objeto de desejo logo deu a entender que, para cativá-la, era preciso bem mais que a desatenção calculada de um conquistador serial. Desabituado a acessos de ansiedade (por amor), ele agora se pega esperando torpedos no WhatsApp e pedindo veladamente conselhos aos amigos traquejados. Nosso personagem precisa de socorro: o que fazer para conseguir aquela mulher imediatamente? Seria o caso de apelar para algo ostensivo? Um diamante, talvez? Ou, já que o caso é sério, tentar pegá-la “pelo coração”? Flores? O primeiro jantar, a primeira viagem, a primeira vez… Quando?
Em um primeiro momento, consultores de estilo, personal buyers, consumidores de moda, socialites e cabeleireiros de famosos concordam que a joia cara pode, dependendo da mulher, ser um tiro no pé. “Mas já?”, ela pensaria. Flores, ok. Recadinhos, presentes inesperados (livros, CDs, entradas para um concerto), viagens. Mas o mais valioso, no meio de tanto pragmatismo, tanta demonstração de poder, é justamente o que está em falta: atenção.
NO ALVO
Uma das consultadas, Cris Lotaif, directrice de boutique da Dior Brasil, cita alguns exemplos de surpresas tiro-e-queda para encantar uma mulher: 1) Deixar de trabalhar em uma quarta-feira útil para levá-la a um passeio despretensioso no litoral norte; 2) Gravar no iPod dela uma seleção de músicas de seus compositores preferidos; 3) (A mais valorizada) Trocar o jogo de futebol no domingo por um concerto no Municipal. Cris acredita que delicadezas, às vezes desprezadas, tornam-se decisivas. “Você conhece alguma mulher que não gosta de andar de mãos dadas com o namorado? E quantos homens você conhece que andam de mãos dadas com a namorada?”
A atenção que um homem dispensa à mulher revela muito de seu background. Quem diz isso é a consultora de moda e estilo Helena Montanarini, que tem no currículo a criação de marcas luxuosas como Daslu Homem e Conceito: FirmaCasa, entre outras. Se o sujeito não tiver uma formação cultural sólida, ou se não consegue ir além da materialidade, não vai conseguir nem entender a dimensão do próprio gesto. E isso tudo, garante ela, é parte importante do arsenal do conquistador: “Logo de saída, ele vai convidar para almoçar, não para jantar, e escutar mais do que falar. Depois, enviar umas flores com um cartão inspirado”. Para Helena, um homem “apaixonado e sensível” sabe que uma mulher inteligente, independente, não vai se surpreender com um presente caro no início do relacionamento. “Isso assusta. Não se trata do valor do presente, mas de saber o momento certo.” Ela cita dois exemplos em que a atenção “casa” com o objeto: 1) “Mandei blindar seu carro porque estou preocupado com você”; 2) “Pensei na gente quando li uma resenha sobre esse livro”.
Ucha Meirelles, que também é consultora de estilo, acredita no que chama de “conquista dia a dia”. “O presente caro, ostensivo, é para datas especiais, aniversário, Natal.” Por ser mais fácil de “resolver”, o presente indicado pela vendedora da loja ou aquele que o interessado pode comprar sem sair de sua sala é considerado também o mais impessoal. Se se trata de uma mulher realmente especial, e você quer receber em troca algo além do que um sorriso de comercial, é preciso suar a camisa.
Em seu didatismo, Ucha saca de um exemplo extremado – o de Thomas Crown, personagem de Pierce Brosnan no filme “Thomas Crown, A Arte do Crime”. Crown é um playboy e ladrão diletante que sempre teve tudo o que quis, não importando o preço. Na história, ele rouba, do Metropolitan Museum of Art, de Nova York, um quadro priceless de Monet. A investigora especializada no mercado de arte Catherine Banning, interpretada por Rene Russo, suspeita de Crown e passa a investigá-lo. A animosidade entre os dois logo evolui para uma atração irresistível. Em um recurso para conquistá-la, Crown devolve pessoalmente a peça ao museu, na presença de dezenas de policiais.
É só um filme. Mas serve para demonstrar, ainda que de maneira caricata, até onde podem ir os esforços da conquista. Na vida real, antes de roubar um quadro raro, ainda há uma série de recursos mais lícitos. O cabeleireiro Rosman Braz, que atende a muitas dessas mulheres fatais e ouve delas, o tempo todo, as histórias mais incríveis, aconselha o interessado a “ir aos poucos”: “Assim, ela não fica com a pulga atrás da orelha”. Segundo Braz, a mulher que desperta grandes paixões em homens experimentados é essencialmente autêntica. Ele diz que, quando o romance já estiver em uma fase mais consistente, e for hora de dar o presente idem, pode até ser uma obra de arte (não necessariamente um Monet!) – algo que “personalize” a história. E, então, por que não?, o diamante. Mas tem de ser o difícil de garimpar. “A maior surpresa que eu já vi foi um colar de diamantes com uma esmeralda grande, arrematado em um leilão na Sotheby’s, em Londres”, conta o cabeleireiro. Se, de tudo isso, nada funcionar, bem, acredite, vai funcionar.
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