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“AGORA SÓ FICÇÃO”

Quando se ouve falar de uma publicação do frade dominicano e escritor Carlos Alberto Libânio Christo, mais conhecido como Frei Betto, pensa-se logo num ensaio sociológico ou político por causa de sua história como militante de movimentos pastorais e sociais, tendo sido, inclusive, o coordenador de Mobilização Social do programa Fome Zero, do governo Lula.

Mas não é esse o caso do livro “Hotel Brasil – O Mistério das Cabeças Degoladas”, lançado recentemente pela editora Rocco, que marca a estréia de Frei Betto na ficção policial. Mas não é só isso. Segundo ele garantiu numa entrevista para “Na Estante”, depois deste romance “agora, só ficção”. “Aos 66 anos, já disse tudo que tinha a dizer em termos de militância e ensaios. Desde adolescente sempre quis escrever ficção”.

A história de “Hotel Brasil” se passa na Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro, mais especificamente num hotel que é um retrato típico do mosaico de pessoas que circulam na região: vivem nele travestis, cafetinas, pretensos escritores, jornalistas de porta de bar, ingênuos iludidos vindos do interior para tentar a sorte na cidade grande, pessoas com muita pompa e muito pouca circunstância, além de outros moradores de perfil “exótico”. É neste local que crimes bárbaros vão ganhar as páginas de jornal e espaços em noticiários de TV: a especialidade do assassino é degolar suas vítimas. Os personagens, apresentados por meio de depoimentos dados à polícia local, caem na mira do delegado Olinto Del Bosco, incumbido de descobrir a identidade do criminoso.

É fato que neste livro Frei Betto exerceu sua verve de ficcionista, mas também não escapou de fazer uma crítica social.

Um trecho de “Hotel Brasil”:

“Del Bosco limpou a garganta, ajeitou o nó da gravata e abriu a pasta que trazia em mãos.

— Os senhores sabem – disse com voz empoada – que todos os homicídios produzem o mesmo efeito. Variam entretanto as causas e os métodos. Após acurada investigação, a convergência de indícios apontou como notório o fato de o assassinato do senhor Marçal Joviano de Souza ter sido cometido por elemento de livre trânsito no Hotel Brasil. Não se encontrou nenhuma pista que induzisse a autoridade policial à suspeita de que uma pessoa estranha àquele estabelecimento pudesse ter tido acesso ao quarto da vítima. Nenhuma porta foi arrombada, nenhuma janela forçada. Os peritos, embora não tenham encontrado impressões digitais nítidas, constataram que seu Marçal acolheu o homicida em seus domínios, sem que fosse deixado nenhum sinal de luta ou violência.

Del Bosco surpreendia-se, prazeroso, com o modo articulado com que as palavras fluíam de sua boca. Olhou para Marcelo, que acendia o cigarro, e prosseguiu:

— Tratamos de interrogar todos os hóspedes do hotel, levantar hábitos e costumes, checar álibis. Fomos ao Vale do Rio Doce para melhor conhecer os antecedentes da vítima. O que colhemos permitiu-nos afastar qualquer suspeita de contrafação, tipo contrabando de pedras preciosas ou vínculos com máfias do setor. O perfil psicológico de seu Marçal – Marcelo expirou a fumaça e tossiu ao ouvir Del Bosco enveredar-se por um terreno que não era o dele, mas cuja referência lhe imprimia ares eruditos – mostra que ele possuía típicas características de elementos que o jargão da imprensa qualifica de tarados”.

Frei Betto lança “Hotel Brasil” e garante que só vai escrever ficção a partir de agora

AGENDA DA VILA – 27/9 a 03/10

FRADIQUE

29/9 – Quarta –

Lançamento do livro: “Enfim um País Sério!”, de Paulo Caruso. Das 18h30 às 21h30. Piso superior.

30/9 – Quinta –

Palestra: “Os Intelectuais do Antiliberalismo na Primeira Metade do Século XX”, com Francisco Carlos Palomanes Martinho, Flávio Limoncic, José Luis Bendicho Beired. Das 19h30 às 21h. Auditório.

01/10 – Sexta –

Lançamento do livro: “Jardim de Haijin”, de Alice Ruiz. Das 18h30 às 21h30. Piso térreo. *Pocket show: Lançamento do CD “Momento Circular”, com Céllia Nascimento. Das 19h45 às 20h30. Auditório.

02/10 – Sábado –

Lançamento do livro: “Voluntariado: uma Dimensão Ética”, de Rachele Ferrari. Das 11h30 às 14h. Piso superior.

* Lançamento do livro: “Seiva e Risco”, de Carlos Kiffer, Livia Lima Walter Solon, Maria Maximo. Das 15h às 18h. Piso superior.

* Lançamento infantil: “A Menor Ilha do Mundo”, de Tatiana Filinto. Das 15h às 18h. Piso térreo.

03/10 – Domingo –

Atividade infantil: Contação de histórias: “O Mistério do Coelho Pensante”, de Clarice Lispector, com Zenaide Paludo. Das 16h às 17h. Auditório.

LV LORENA

28/9 – Terça –

Lançamento do livro: “Web e Participação”, de Drica Guzzi. Das 19h às 22h. Piso térreo.

* Lançamento do livro: “Nova Justiça – Perspectiva e Emancipação do Indivíduo”, de Marcius Geraldo Porto de Oliveira. Das 19h às 22h. Piso superior.

29/9 – Quarta –

Lançamento do livro: “Manual De Private Equity E Ventury Capital”, de Luiz Egydio Malamud Rossi. Das 19h às 22h. Piso térreo.

30/9 – Quinta –

Lançamento do livro: “Arbitragem Nos Conflitos Individuais Do Trabalho”, de Paula Corina Santone Carajelescov. Das 19h às 22h. Piso térreo.

* Lançamento do livro: “Karma Pop”, de Arthur Verissimo. Das 19h às 22h. Piso superior.

01/10 – Sexta –

Lançamento do livro: “Aforismos”, de Karl Kraus. Das 19h às 22h. Piso térreo.

SHOPPING CIDADE JARDIM

27/9 – Segunda –

Lançamento do livro: “O Poder das Ideias”, de Helio Beltrão, Rodrigo Constantino e Wagner Lenhart. Das 18h30 às 21h30. Lounge.

29/9 – Quarta –

Lançamento do livro: “Conexões”, de Ericson Straub e Marcelo Castilho. Das 18h30 às 21h30. Piso térreo.

02/10 – Sábado –

Teatro: “De Verdade”, de Sándor Márai, com João Paulo Lorenzon. Das 20h às 21h. Valor: R$ 40,00.

03/10 – Domingo –

Teatro: “De Verdade”, de Sándor Márai, com João Paulo Lorenzon. Das 18h às 19h. Valor: R$ 40,00.

MOEMA

30/9 – Quinta –

Lançamento do livro: “Cidade Espiritual Nosso Lar”, de Rosely Berenguel. Das 18h30 às 21h30. Piso térreo.

02/10 – Sábado –

Atividade infantil: Oficina: Experiências Malucas. Das 16h às 17h. Piso superior.

03/10 – Domingo –

Atividade infantil: Oficina de Conta e Miçangas em Forma de Animais, com Aline Gandolla. Das 16h às 17h. Piso superior.

por Anna Lee

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