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1. Estamos diante de uma “guerra cambial”, pela qual os EUA e a China tentam transferir para seus parceiros parte dos seus problemas. Eles derivam da necessária desvalorização do dólar e da necessária valorização do yuan com relação ao dólar. O problema é que o governo chinês se recusa a realizá-la mantendo artificialmente fixa a taxa yuan/dólar. Como disse o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, “porque isso levaria à falência muitas empresas, aumentaria o desemprego urbano, forçaria a volta ao campo e perturbaria o equilíbrio social que exige um crescimento mínimo de 9% ao ano”. Não importa que isso se faça à custa do desemprego em outros países (inclusive no Brasil). Como disse um célebre secretário do Tesouro americano, “o dólar é nossa moeda, mas o problema é dos senhores.”

2. Por mais grave que seja tal “guerra” e dramáticas as suas consequências, ela é menos importante do que a “guerra para enfrentar o aquecimento global”. Talvez a única conclusão séria a que se chegou no Acordo de Copenhague é que o aquecimento da Terra produzido pelo efeito antropogênico, “não pode ser, até 2030, maior do que 2 graus Celsius”. Para isso o nível de CO2-eq [uma medida que pondera o dióxido de carbono e os outros gases de efeito estufa] na atmosfera não deverá passar de 450ppm [partes por milhão].

3. Um fato importante é que o automóvel representa 25% do consumo do petróleo e 12% da emissão de CO2-eq. Nas atuais condições tecnológicas, o aumento da sua demanda será responsável por 20% do aumento da emissão até 2030. Atualmente a maioria dos automóveis emite em média 200 gramas de CO2-eq por quilômetro. O mais eficaz [o Toyota Prius] emite 105. Fica claro que a redução de emissão exigida para se atingir a meta de 450ppm, em 2030, exigirá uma nova tecnologia.

4. Uma das alternativas buscada por todos os países [e à qual temos prestado pouca atenção] é a do carro elétrico. Mesmo com a energia produzida pelo método mais “sujo” (gerada a carvão) ele emite menos de 130 gramas por quilômetro. A razão é termodinâmica: um motor térmico utiliza apenas 20% da energia consumida, ao passo que um motor elétrico aproveita 90%!

5. É isso que explica os enormes investimentos da China em pesquisa e desenvolvimento das baterias de lítio. Ela já é e continuará a ser o mais importante mercado de automóveis do mundo…

Por Antonio Delfim Netto

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