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1. Os EUA têm hoje 17 milhões de desempregados, 10 milhões dos quais perderam seu emprego desde a crise de 2007. Para se ter uma ideia de seus problemas é preciso considerar que apenas para manter o desemprego no nível atual será preciso criar 125.000 empregos por mês devido ao aumento demográfico natural da população economicamente ativa.

2. A taxa de desemprego dos EUA tem sido da ordem de 5% em média. Hoje se encontra em quase 10%. Para voltar ao nível normal será preciso reconstruir os 10 milhões de empregos destruídos pela crise financeira e imobiliária e adicionar 1,5 milhões de empregos para os novos entrantes no mercado de trabalho. Para entender a enormidade desse esforço basta considerar que se o governo projetasse voltar ao nível de 5% em 2013, precisaria dar estímulo ao setor privado para contratar 600.000 novos empregos por mês. Isto é o dobro da média das contratações realizadas no último período de expansão de dez anos que antecedeu à crise. A questão é complexa. Trata-se de um problema de demanda: as empresas não financeiras tem recursos em caixa mas não investem porque não acreditam que haverá demanda para seus produtos. As instituições financeiras têm recursos disponíveis e não emprestam porque ninguém (indivíduos e famílias) quer tomar empréstimos. Já estão endividados e não têm certeza de que continuarão empregados.

3. O presidente Obama, que acendeu tanta esperança, não foi feliz na escolha de suas prioridades. Gastou muita energia, antes de ter resolvido o problema do emprego, com a aprovação de um plano de universalização de saúde muito mal compreendido. Não conseguiu cooptar a confiança da sociedade que acredita que ele gastou dinheiro dos contribuintes para “salvar banqueiros desonestos” e interferiu no setor industrial para “agradar os sindicatos”.

4. Obama também não foi feliz na escolha do seu time econômico. Escolheu estrelas acadêmicas de primeira grandeza, cujos egos não cabiam na galáxia da Casa Branca. Agora, com menos de dois anos de mandato, os está dispensando para tentar começar um novo caminho de entendimento com a sociedade.

5. Um coisa é certa. Os EUA provavelmente não conseguirão acelerar seu crescimento no curto prazo pelo aumento da demanda interna. Resta-lhe, então, o caminho da exportação e, portanto, da desvalorização do dólar. Temos de nos preparar para encarar essa guerra, como disse o ministro Mantega.

Por Antonio Delfim Netto

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