Fernanda Paes Leme e Mariana Rios têm muito mais em comum do que se pode imaginar. Apresentadoras de primeira, as duas participaram este ano de reality shows musicais – Fê na Band, Mari na Globo –, alcançaram audiência milionária nas redes sociais e viraram influenciadoras digitais. Não bastasse, ambas têm corpos sarados, simpatia pra dar e vender e o mesmo desejo de se tornarem “artistas completas” – do tipo que transitam com desenvoltura pela telinha, cinema, teatro e música. Embora não tenham ainda exposição massiva na TV aberta, é inegável que despertam extraordinária empatia no grande público. Um mistério que J.P revela a seguir
Por Kanucha Barbosa e Thayana Nunes para J.P Dezembro de 2016 | Fotos André Passos
EM FOCO
Quando atingiu a marca de 1 milhão de seguidores no Instagram, Mariana Rios percebeu que a coisa era séria. Por “coisa”, entenda-se o canal de comunicação direta com seus seguidores na rede social. “Foi uma maneira legal de falar com as pessoas que gostam do meu trabalho”, diz a J.P, durante o ensaio de capa desta edição. Atriz, apresentadora e cantora, ela também se tornou empresária de sucesso – assinou linhas de joias, biquínis, roupas, esmaltes – e, por fim, sagrou-se influenciadora digital. Hoje, são mais de 5 milhões de followers na rede, sem contar a audiência em canais como Snapchat e Facebook. Na conversa com ela, entende-se que para bombar como “I.D.”, não basta ter o rosto, o corpo, a voz e o talento de Mariana Rios. Ela ensina que todo cuidado é pouco. Posta, no máximo, três fotos por dia, sempre muito bem selecionadas e com textos que ela mesma escreve (leitura e escrita são outras de suas paixões). Ah, e tenta não se envolver com comentários negativos. “Eu não ligo, os haters são apenas 1% dos que me acompanham. Quando leio um comentário muito maldoso, simplesmente deleto”, conta.
Sobre sua participação na quinta temporada do “The Voice Brasil”, da Globo, revela que o convite surgiu justamente no momento em que resolvera dar um tempo na carreira de atriz. “Sempre preferi ser eu mesma, muito mais do que viver um personagem. Gosto de conversar com o meu próprio sotaque, de falar para as pessoas o que eu penso”, diz a mineira de Araxá. Ultimamente, porém, tem sentido falta de atuar – mas confessa que suas pretensões vão além de interpretar personagens. Para se ter uma ideia, a maior referência artística de Mariana é a americana Barbra Streisand, que considera uma “artista plural”. “Aqui no Brasil, você precisa se definir, se intitular alguma coisa. Lá fora, não. Quanto mais completo você for, mais trabalho você tem. Eu não quero me definir nunca.”
Ainda que tenha consciência de que a imagem é sua principal ferramenta de trabalho, Mariana tenta lidar com a própria beleza de maneira natural e tranquila. “Não podemos ser escravos da magreza; a saúde deve estar em primeiro lugar.” Para manter o corpo, ela procura ter uma alimentação leve durante a semana, é adepta de dietas focadas em detox, com acompanhamento médico, vai à academia três vezes por semana (“dá preguiça todos os dias, mas vou”, revela) e, aos fins de semana, “chuta o pau da barraca”, já que não deixa passar um bom doce ou um drinque com as amigas. J.P aproveita o gancho para perguntar se, por enquanto, o drinque é só com as amigas ou tem algum namorado na jogada. Mariana, que terminou um relacionamento com o advogado Patrick Bulus no meio do ano, torce o nariz. Mas, no fim, revela: está namorando, sim. Só não conta com quem. Para a moça, o importante é manter o foco na carreira, que por enquanto está indo muito bem.
DUPLA FACE
Fernanda Paes Leme faz o tipo yin-yang. Vai do drama ao auditório com a mesma desenvoltura, adora um poema intimista e é baladeira de ficar na pista até o sol raiar. Tem um lado sustentável, que prega o consumo consciente, e então, de repente, separa 100 pares de sapatos para doar. Cem pares? “Ah, eu ganho muita coisa”, ela diz. Para aplacar a culpa, ela promove quatro bazares beneficentes por ano, nos quais desova o excesso de roupa do closet. Seu lema é “fazer o bem, sem olhar a quem”. Vamos ser claros: Fernanda Paes Leme não tem um padrão de comportamento. Ela própria se define como “geminiana”, para explicar que pode “ir do céu ao inferno”: “Não sou bipolar, sou quadripolar”, conta, rindo muito, enquanto o maquiador Max Weber a prepara para os flashes do dia. Ela se entrega de olhos fechados e revela que não tem talento nenhum para se maquiar: “Eu não sei fazer nem pele, amor… não sei fazer é nada. Delineador e só”.
Não que tenha de se preocupar com isso, já que seu talento abrange “mil e uma utilidades”. Fernanda começou aos 15 anos no seriado Sandy & Junior, seguiu alternando papéis cômicos e dramáticos, e moldou sua carreira na TV e no cinema. O grande momento foi na novela “América” (Glória Perez, 2005), da Globo; recentemente, participou das séries “Amor Veríssimo” e “Odeio Segundas”, ambas da GNT. Para cumprir seu destino de “geminiana”, também dirigiu e escreveu roteiros e, este ano, entrou em um momento apresentadora. A “quadripolaridade” ajudou a tornar mais fácil a decisão de se desligar da maior emissora do país para comandar o reality “The X Factor Brasil”, na Band. Ao mesmo tempo, ela colhe os frutos do sucesso do programa “Desengaveta”, no GNT, no qual encoraja famosos a praticarem o tal desapego fashion – da doação de peças usadas. “Sou muito pragmática profissionalmente. Desde novinha pensei: isso pode dar certo ou não”, diz ela, que optou pela faculdade de jornalismo e cursos de teatro.
Com 2,3 milhões de seguidores no Instagram, Fernanda está adorando “surfar na onda”, como ela mesma diz, da mídia social. No portfólio do Insta estão fotos de seus looks, muita publicidade e alguma intimidade – só um pouquinho, porque o que interessa mesmo ela guarda para o perfil fechado. “Hoje em dia você não precisa estar em uma emissora grande de TV para fazer sucesso”, acredita. Por via das dúvidas, a digital influencer não se ilude: “Ninguém sabe se isso é algo passageiro, todo mundo atira no escuro. A queda de uma pessoa que fica famosa nas redes sociais é muito maior”, acredita. Ok, mas estando no topo, não custa caprichar. Nas fotos feitas em lugares deslumbrantes, Fernanda aparece sempre com o cabelo e o make impecáveis. Idem nos vídeos tipo “vida real” que ela disponibiliza no Snapchat. Apesar do crescimento exponencial da audiência e da aparente satisfação com o resultado, garante que tem controle da exposição. “Não sinto necessidade que as pessoas saibam o que estou fazendo a todo momento. Para mim, tudo tem de ser muito bem dosado.” Tal cuidado não a preserva – nem a ela nem a ninguém – dos ataques dos haters. “O engraçado é que as pessoas que fazem cobranças tipo ‘tá gorda, tá magra demais’ são exatamente as que não se encaixam em padrão nenhum”, analisa. Max Weber entra no papo. “Normal, né? Todo mundo tem um pouco disso: é inveja!” Em tom de esclarecimento, ela respira e diz: “Mas tenho poucos haters, viu? Acho que é porque eu surgi na TV e não nas mídias sociais. Se você é um fenômeno da rede, tipo a Gabriela Pugliesi, incomoda mais. É uma pessoa comum que de repente estourou.”
E já que a palavra do momento é “conteúdo”, Fernanda Paes Leme aproveitou a projeção digital para expor seu posicionamento político. Ainda que corresse o risco de ser atacada, talvez mais do que se ganhasse ou perdesse peso, decidiu hipotecar no Insta seu apoio ao candidato Marcelo Freixo, do PSOL, à prefeitura do Rio. Freixo não venceu o pleito, mas ela mantém seu voto – assim como Caetano Veloso e Chico Buarque. “O artista, cada vez mais, tem de ter uma opinião política. Lá fora todos fazem isso, você viu com a Hillary”, compara. E já que era para mostrar comprometimento, postou também uma foto-repúdio ao candidato do PMDB, Pedro Paulo, que esbofeteou a mulher e arrancou-lhe um dente. Recebeu conselho para apagar, mas não o fez. “Estava dando a minha opinião.”
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