De volta ao Brasil depois de uma temporada em Nova York, Isis Valverde comemora seus 29 aninhos nesta quarta-feira pelas areias da Bahia. Por aqui, nós comemoramos com o ensaio da atriz para a edição de fevereiro da revista J.P, onde ela entrega os highlights da viagem e a nova fase do amor e da carreira.
Por Kanucha Barbosa para revista J.P de fevereiro
Um semestre de estudos em Nova York e novas – e boas – relações dão o tom à atual fase de Isis Valverde que, de volta ao Brasil desde o fim do ano passado, está exalando confiança. Prestes a completar 29 anos, voltou “mais forte”, como ela mesma avisa a J.P, durante a sessão de fotos para esta edição. Isis chegou ao estúdio vestindo jeans skinny, top branco de seda com alças fininhas e, em seus braços, carregava o minichihuahua Zequinha, seu novo cãozinho. “Ele vai ser meu acompanhante, vou levá-lo para todo canto”, explica a atriz sobre o filhote, tão pequeno que cabe na palma de sua mão. Isis apresenta Zequinha à equipe e o libera para corridinhas no estúdio, mas logo muda de ideia e restringe a área de ação apenas ao camarim – “alguém pode pisar nele, ele é tipo criança”, justifica –, e nosso papo enfim começa. Enquanto ela é maquiada, vai contando os highlights da temporada nova-iorquina. Curiosidade geral. Ela dispara a falar. Conta que virou “cafezeira”, que fez amizade com asiáticos, americanos e russos, que participou de muitos “barbecues”, que visitou a cidade de cabo a rabo, que foi aos Hamptons, no litoral, e reflete sobre o quanto NY é acelerada, “difícil conseguir dormir ali”. Ela pausa, pede um café sem açúcar e uma água, e relembra sua rotina, de como “ralava o dia todo”. Ia para a escola de inglês bem cedo, ficava lá até as três da tarde, voltava pra casa, malhava e, no início da noite, ia para as aulas de interpretação no conceituado Stella Adler Studio of Acting (“superdifícil de entrar, tem de ser indicado, fazer teste”, comenta) – com alunos como Marlon Brando e Robert De Niro no histórico. “Tinha dia que me dava vontade de chorar de tão cansada. O Márcio [Damasceno, seu assessor de imprensa] me falava por telefone: ‘Calma, tá acabando’. E, no inverno, quando começou a ficar frio, foi mais difícil”, diz. No meio do turbilhão de informações, pescamos uma: foi difícil entrar no Stella Adler? Orgulhosa, ela conta que ligou para o produtor de elenco da Globo Luciano Rabelo e pediu um texto pra ele – o teste consistia em um monólogo recitado em cinco minutos. “Tinha de ter todas as emoções, não adianta você ler algo que só tem choro e grito. Não dava pra ser linear. Ele me passou um em que eu ficava brava, depois deprimida, alegre, sóbria e me acabava de chorar. Tinha uma onda de emoções”, conta. Isso nos fez pensar sobre nossa própria entrevista. Isis é intensa. Muda de tom e expressão drasticamente a cada tópico. Se está falando sobre algo triste, a voz chorosa e os olhos cheios d’água são de cortar o coração. Se o assunto é alegre, o timbre muda, os olhos voltam a ter vida. Tudo isso em menos de cinco minutos. E toda essa sensibilidade ajuda na hora de trabalhar? “Acho que ajuda e atrapalha. A Sereia [da minissérie global O Canto da Sereia, de 2013] foi uma personagem difícil, porque a Isis ficou meio mal, meio triste. Não é bom, é uma coisa que temos de controlar. Agora faço um exercício sempre, termino uma cena e dou uns pulos… Aprendi no Stella, inclusive. O professor falava: ‘Acabou! Joga fora! Relaxa!’”, responde.
Decolagem
A temporada em Nova York foi útil à atriz por outro motivo. Lá, conheceu e fechou um contrato com o agente Brent Travers, o mesmo de Wagner Moura nos Estados Unidos. “Pra mim foi uma vitória, porque ele não pega brasileiro. Só o Wagner, e agora eu”, diz. Talvez isso
seja mais impressionante depois do barulho em torno de Moura no início deste ano, ao ser indicado ao Globo de Ouro como melhor ator em série dramática, por Narcos. Empolgada, ela nos conta sobre o approach de Travers, como ele telefonou para ela e como ela foi bem ao conversar em inglês com ele. Perguntamos se algum trabalho internacional já foi fechado. Silêncio. Ela prefere se esquivar: “Vamos falar do presente?”. Então questionamos se ela se sentiu mal pela perda de algum papel por aqui durante a temporada americana. “É uma escolha difícil, nem todo mundo tem coragem de fazer. No início você sente culpa ao negar trabalho. Mas depois de longas conversas com a minha mãe, ela me convenceu de que eu não estava falando ‘não’, estava falando ‘sim’, mas pra outras oportunidades. Que eu estava fechando uma porta para abrir mais cinco no futuro”, responde emocionada. “Minha mãe é meu porto”, completa. E sentiu falta do Brasil? “Sim! Da minha casa, da praia, dos cachorros, da família, de arroz e feijão. Parece bobeira, todo mundo fala isso e a gente ri. Mas é verdade. Foi lá que eu entendi o significado da palavra patriotismo, um sentimento que sempre critiquei, mas agora eu compreendo.” Isis, em um de seus momentos intensos, lembra então da tragédia de Mariana – em que barragens da mineradora Samarco se romperam causando devastação em várias cidades – em Minas Gerais, estado onde nasceu. “Parte da minha família morou em Governador Valadares”, diz em voz baixa sobre a região também afetada pelo acidente. “Fiquei triste por não estar aqui. E todo mundo parecia mais preocupado com a Olimpíada, fiquei muito revoltada com isso. Mas acho que fiz minha parte, doei água e pretendo ir para Minas, para saber como estão todos por lá.”
Nada De Fossa
Quando J.P entrevistou Isis, a atriz ainda estava namorando o modelo/ator/cantor mexicano Uriel del Toro. Porém, logo no começo deste ano, sua assessoria confirmou o término do relacionamento, sem muitos detalhes. Em nosso papo, ela disse que a distância tornava tudo mais difícil, mas que ambos viviam um momento tranquilo, estável. Contou ainda sobre a decisão de passarem o Natal e o Réveillon separados e chegou a apostar que a imprensa iria especular sobre o término do namoro. “Vai sair assim: ‘Isis e Uriel estão em crise’. Anota aí!” Independentemente, subiu no telhado. E Isis passou a virada do ano animadíssima em Jericoacoara, no Ceará. Prova disso são as fotos da moça postadas em seu perfil no Instagram na época: muito sol, mar, poses de biquíni mostrando seu corpo estonteante e sorrisos de orelha a orelha.
Sete Chaves
No fim das contas, o que mudou depois desses meses em Nova York? Muita coisa, garante a atriz. “Foi uma viagem de autoconhecimento e voltei com vontade de me decifrar ainda mais. Até penso em começar a fazer terapia”, diz. Mesmo antes da temporada americana, ela conta que já havia feito algumas transformações em sua vida, incluindo uma “limpeza”, na qual cortou algumas relações. “Hoje em dia confio em sete pessoas no mundo. Acho que sou muito boa de coração, não desejo mal a ninguém, sou meio bobona. Antes, alguém sorria e eu já corria para o abraço. E descobri que a vida não é assim. Aí fiz essa limpa”, revela. Apesar de tudo, jura que não está amarga, que é a mesma pessoa de sempre, mas um pouco mais esperta. “Não confio mais em sorriso amarelo. Se alguém chega perto falando ‘ai, sua fofa’ e eu sei que ela me quer mal, eu respondo ‘ai sua linda, maravilhosa’, e vou embora. Fecho a porta e tchau.” Então, tá. Agora é só esperar para ver o que 2016 vai trazer a ela. E parece vir coisa boa por aí.
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