Elas são totalmente diferentes entre si, mas têm uma coisa em comum: são divertidas, irreverentes, icônicas. Essa turma é exemplo de tudo o que as avós deveriam ser
Por Thayana Nunes e Beatriz Manfredini para a Revista J.P agosto | Fotos: André Giorgi
É de perder de vista o tanto de livros que Nina Horta tem espalhados pela sua casa. Eles estão nas estantes da sala, nos quartos, na escada, na cozinha… Não à toa, a leitura é o grande legado que ela deixa para os três netos. Um dos legados, claro, porque come-se e entende-se muito bem de comida na família. Nina é uma das cronistas de gastronomia mais famosas do Brasil e escreve sobre isso há mais de 30 anos. Orgulha-se ao contar que os netos, quando crianças, aprenderam sobre as ervas e temperos nos jardins e que andavam pela praia perguntando “isso se come ou não?”. “Eles dividiam o mundo em coisas comestíveis e não comestíveis”, diz e ri, nostálgica.
Sabe aquele anel de caveira que Costanza Pascolato usa há anos na mão direita? E que combina com qualquer look da nossa papisa da moda? Pois bem, foi presente do neto mais velho, Cosimo. Apesar dos 20 e poucos dele e ela nascida em 1939, os dois se entendem, se admiram, se complementam. Ele mora em Milão e não pensa duas vezes em pegar um trem só para almoçar com a avó quando ela está em Florença, na Itália. Já Allegra, a mais nova, vive em Nova York e Costanza adora comprar roupas para a moça – e jura que não interfere em suas escolhas. Antenada que só, essa vovó faz cursos de geopolítica no Metropolitan, em Nova York, desde 2014, para entender as mudanças deste mundo contemporâneo. “Quero poder aconselhá-los aonde ir, o que fazer e como viver nestes novos tempos.”
Se não fosse pela história de vida única, Regina Boni seria uma avó como qualquer outra. Bom, ela é, sim, uma avó como qualquer outra: adora dar chocolate escondido aos netos pequenos e sabe todos os segredos dos mais jovens. Mas Regina, ex-mulher de José Bonifácio Sobrinho, o Boni da Globo, viveu a tropicália, fez os figurinos de Gil, Caetano e Gal, dos Mutantes, foi perseguida na ditadura, revolucionou a moda e as artes e até hoje vive cercada de artistas, músicos, políticos… Todos querem estar perto dela. E isso não é diferente com os sete netos. Desde a médica, “novinha e conservadora, que agora ‘virou’ de esquerda” até o publicitário que ama cinema e com quem está aprendendo a “ter outras visões de mundo”. “Sou muito libertária, tentei passar isso para eles. Mas tem uma que ficava escandalizada quando eu arrumava um namorado mais novo”, se diverte.
“Depois do primeiro até acostumei: vinha neto novo de meia em meia hora”, brincou Bel. A matriarca da família Frugiuele reúne uma coleção de cinco filhos, 14 netos e sete bisnetos. Bel mora com sua filha, Rosana, que também já é avó: tem três. Juntas, a dupla, que é inseparável, gosta de dizer que a vida delas é parecida com uma caça ao tesouro. “Nosso fim de semana é isso: se não dá para juntar todo mundo aqui em casa no domingo, passamos o tempo todo atrás deles para poder ficar perto. A gente faz o tipo grude mesmo”, explica Rosana. Se a garotada gosta? Ama. No fim de semana tem macarrão, pizza, muita televisão e até futebol. “Quando as crianças não estão, ficamos perdidas, dá um vazio…”, diz Bel. Rosana concorda: “Ser avó é um amor incondicional”.