Por: Beatriz Manfredini / Fotos: André Giorgi
A veia artsy é de família. Neta de Jorge Yunes, que foi um dos maiores colecionadores do país, e filha de Beatriz Yunes Guarita, empresária que segue os passos do pai, era de se esperar que Camila fosse pelo mesmo caminho. Mas, quando chegou a hora, ela optou pela arquitetura. “Para mim isso não era trabalho. Era só uma coisa que a minha família gostava”, relembra, enquanto solta um sorriso enorme. O motivo? Logo nos primeiros anos de faculdade percebeu que precisava ter mais liberdade de criação. Não teve como fugir. “Cresci dessa forma. Ia a museus com meu avô e ele fazia tipo chamada oral: ‘Camila, quem escreveu tal poema? Quem é o artista dessa obra?’. A minha avó me ajudava e dava várias colas.”
Da arquitetura, em pouco tempo ela se viu trabalhando ao lado da galerista Nara Roesler e, em seguida, mu¬dando para Paris onde foi contratada pela Continua, prestigiada galeria italiana. “Foi por meio da arte, e não da construção de casas, que arrumei um jeito de ajudar as pessoas a se autoconhecerem e a desbravar suas personalidades.” Está dando certo: aos 26 anos, Camila Guarita é uma jovem colecionadora e comanda, desde abril, a própria empresa: a Kura. Ali, organiza cursos de colecionismo, consultoria para novos e antigos colecionadores, além de eventos nacionais e internacionais.
Mas o olho clínico dessa paulistana vai além: está na moda, interesse que vem desde pequena. “Quando tinha 10 anos, meu sonho era ser dona da Dior. Era uma época que existia a linha Baby Dior, e tinha roupas lindas, ado¬rava. Sonhava até com meu casamento: todo mundo de Dior – e de pink!”, ri. Para ela, “moda e arte coexistem” e a vontade de fazer as pessoas se conhecerem melhor pela arte, pode ser diretamente encontrada nas roupas. “As coleções de arte e as roupas fazem você se questionar: ‘Por que gosto disso? O que me leva a querer essa peça?’. É por meio das roupas que você também desvenda quem é”, explica.
Bom, e quem é Camila? “Acho meu estilo diferentão”, começa. “Quem contribuiu com isso foi a minha mãe, porque ela nunca me deixou comprar ou usar o que todo mundo usava. Ela me incentivava – não que precisasse de muito, porque sempre adorei cores, estampas, coisas bufantes.” No seu guarda-roupa, tudo é colorido e cheio de informação: dos tênis às bolsas de glitter, passando pelos óculos de sol em formatos inusitados. Pretinho básico? “Até tenho, mas você nunca vai me ver toda de preto. Acho que a única cor sóbria que eu realmente gosto é branco.” Se considera despojada e diz que “não tem isso de ficar preocupada com o que vão achar de suas roupas”. E nem pensa muito na hora de escolher um look. “As pessoas devem achar que sou louca. Uma vez, fiz um trabalho de curadoria para um banco, e fui à reunião com a CEO. Na hora que eu entrei no elevador, olhei para o espelho: todos estavam de preto e eu com um casaco imenso de dálmata!”Entre as marcas preferi¬das agora, grandes grifes como Dior perderam o posto. Só sobraram Céline e Chloé, que ela ama. “Prefiro ir atrás do trabalho de estilistas jovens”, conta. Paula Raia, Vandinha Jacintho e Coven estão na lista. “Uma das novas queridinhas do momento são as roupas da Alix Duvernoy. São coloridas, a minha cara. Eu sou Carnaval o ano inteiro!” E quem não ama Carnaval, né?