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1. O mundo é um lugar perigoso. Vimos na reunião do G-20 (os países de maior importância demográfica, geográfica e econômica) que representa 60% da população e da área do mundo e 80% do PIB total, um enorme e sincero esforço de coordenação para enfrentar a crise mundial. Esta iniciou-se no setor financeiro dos EUA e, graças à rede criada pela globalização e pela revolução das comunicações, espalhou-se em tempo real. A origem da crise foi uma idéia generosa apoiada em “inovações” financeiras (chamadas de “derivativos”) estimuladas pela autoridade monetária: dar casa a quem não tinha nem renda, nem trabalho e nem patrimônio. Em inglês inventou-se o acrônimo NINJA (No Income, No Job, e No Assets) para caracteriza-la.
2. O processo iniciou-se como resposta à solução da rápida crise econômica de 2001 e tomou musculatura alarmante a partir de 2003. Generalizou-se toda forma de securitização daqueles papeis e criaram-se novos “produtos” financeiros que forneciam “seguro” contra a eventual falta de pagamento da hipoteca original ou dos papeis que a securitizava e assim por diante… Gerou-se, assim, uma fantástica montanha de liquidez que financiou a enorme expansão mundial de 2003 a 2007 da qual se beneficiaram os países emergentes, como é o caso do Brasil. Temos memória curta. Em 2002 estávamos “quebrados” e fomos ao FMI pedir 40 bilhões de dólares para poder realizar a eleição em relativa tranqüilidade. Em 2008, graças ao aumento dos preços das matérias primas, à expansão da China e à disposição dos EUA de consumir o excedente da produção mundial, nossa situação externa era de extremo conforto: tínhamos 200 bilhões de dólares de reserva (depois de ter pago o empréstimo ao FMI), sem ter feito o esforço exportador que a ocasião merecia.
3. Não há desculpa para a política laxista dos Bancos Centrais, das Agências de Risco e dos Auditores Privados quando permitiram que sob os seus narizes operações extremamente arriscadas e estimuladas por “bônus” perversos criassem a crise mundial que resultará no enorme sacrifício de milhões de pessoas desempregadas. É grave erro tentar justificá-los com a afirmação que eles também foram vítimas, porque ninguém sabia (nem mesmo os que tinham obrigação de saber?) o que estava acontecendo. Já em 2004 muitos economistas alertavam para o desastre que ocorreria caso o preço das casas viesse abaixo. Ninguém os levou a sério (nem nos Bancos Centrais, nem as Agências de Risco) porque parecia um evento absolutamente improvável. Esqueceram que com tempo suficiente, até o impossível acontece…
4. A triste conclusão de tudo isso é que a mão que sob nosso aplauso nos afagou é a mesma que agora criticamos porque nos bate.
 

Antonio Delfim Netto

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