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Ana Paula Maia || Créditos: Rafael Dualib / Divulgação
Ana Paula Maia || Créditos: Rafael Dualib / Divulgação

 

Vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura, Ana Paula Maia explora relação entre homens e animais em universo ficcional marcado pela brutalidade

Da revista PODER de dezembro

Os personagens de Ana Paula Maia confundem-se com seu traço de estilo: são brutos, cruéis, secos. Homens talhados pelos trabalhos áridos, entre a ferocidade e a luta por sobrevivência, eles transitam por seus livros, reaparecendo em diferentes tramas. Vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura de 2018, um dos mais importantes do país, a escritora e roteirista de 40 anos criou ambiência própria de uma literatura feroz. “Aos poucos, percebi que estava criando um universo ficcional bastante particular e que esses personagens se movem nele”, afirma a autora de Assim na Terra como Embaixo da Terra (Ed. Record, R$ 34,90). Bronco Gil, protagonista do romance que rendeu o prêmio a Ana Paula, apareceu pela primeira vez em De Gados e Homens, de 2013, como um capataz de um matadouro. Em Enterre Seus Mortos, deste ano, ele é apenas mencionado num breve diálogo. “Nos meus livros, os bons personagens sempre voltam”, diz. Assim na Terra como Embaixo da Terra se passa em um ambiente de confinamento e terror. É uma colônia penal isolada que, às vésperas de ser desativada, torna-se cenário de uma luta insana por sobrevivência que opõe caçador e caça: Melquíades, o diretor do presídio, entretém-se ao perseguir os presos que restam no local num jogo de caça, como se eles fossem javalis. A relação entre homem e animal marca não só o livro, mas toda a teia ficcional de Ana Paula Maia, autora de outros seis títulos. Nesse universo, os homens são moldados por seus ofícios. “Esse é o alicerce da minha literatura: a investigação do outro a partir das suas relações de trabalho”, afirma. São bombeiros, cremadores de corpos, lixeiros, abatedores de gado, agentes da lei, removedores de animais em estradas. “A brutalidade vem das relações de trabalho. Seja do sujeito que abate uma vaca, do que recolhe o lixo, seja do que lida com apenados por crimes hediondos”, diz. “Todos esses são o que chamo de ‘o trabalho sujo dos outros’, que, aliás, é o título de uma de minhas histórias.” Na entrega do prêmio, o júri considerou a força metafórica do enredo para tratar temas atuais, como a questão carcerária, ao mesmo tempo em que destacou como a história provoca o leitor a encarar um passado enterrado – a colônia penal do enredo erguia-se sobre uma antiga fazenda que utilizava mão de obra escrava. “Temos no Brasil uma realidade histórica de brutalidade.”

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