* Como foi sua infância, quais as lembranças do jovem Gaultier?
Em casa era ótimo. Venho de uma família que me aceitava incondicionalmente. Na escola eu era humilhado porque eu não jogava futebol, os meninos me xingavam… Eu adorava desenhar, como era excluído da roda dos meninos, ficava horas com lápis e papel em um canto. Um dia uma professora pegou meus desenhos, me ridicularizou na frente de todo mundo, colou o meu trabalho na minhas costas e me fez desfilar entre as carteiras. Mas ali tudo mudou, os meninos adoraram saber que eu desenhava e me pediam para fazer caricatura deles. Virei o popular!
* Por isso que você gosta de trazer pessoas diferentes pra sua moda?
Acho que sim. Não gosto de roupa no cabide, gosto de desenhar para pessoas de verdade, com atitude, que têm o que dizer.Talvez por isso tenha me associado a pessoas tão fortes e diferentes, como Madonna, Beth Ditto, Bethy Lagerdère… Outra brasileira que eu amo é a Beth Lago. Somos muito amigos, ainda.
* Madonna ou Lady Gaga?
Madonna, claro! Apesar de gostar de Lady Gaga também, mas ela, além de não ser tão bonita quanto Madonna, acaba revisitando e refazendo atitudes que a minha amiga já fez. Por exemplo, ninguém sabe disso, aliás, quando Madge tinha que escolher uma roupa para a pre-estreia de "Na Cama com Madonna", dei algumas opções pra ela. Uma delas era ela ir toda coberta com uma roupa de látex, como fez Lady Gaga recentemente.
* Está namorando?
Não estou casado, mas tenho alguém, sim. Já tive o maior encontro amoroso que poderia ter, que foi com meu sócio e companheiro, Francis Menuge, que morreu de Aids em 1990. Ele ainda está sempre presente no meu coração e nas minhas lembranças.
* E como foi trabalhar na Hermès?
Um garoto do subúrbio no coração da Faubourg Saint-Honoré… Logo eu, que sempre representei o anti-Hermés. Mas era incrível ter acesso aos materiais, ao artesanato e à técnica da Hermès. Mas agora quero tempo para dedicar a mim, aos meus projetos na luta contra a Aids e a passar mais tempo no Brasil.