Por Denise Meira do Amaral, de Gramado
Walter Carvalho foi homenageado nessa sexta-feira com o Troféu Eduardo Abelin, no 42º Festival de Cinema de Gramado, na Serra Gaúcha. O diretor de filmes como “Cazuza – o Tempo não Para” [om a codireção de Sandra Werneck] e “Budapeste” e diretor de fotografia de “Central do Brasil” e “Lavoura Arcaica” arrancou risos dos convidados ao subir no palco do Festival: “Sinto como se meu time tivesse ganhado de sete a um”. Walter ainda fez distinção sobre o ver e o olhar: “Pioneiros brasileiros, como Eduardo Aberlin e Edgar Brasil, despejaram essa herança, e nos ensinaram a olhar. Ver é outra coisa, completamente diferente”, e citou um trecho da obra do escritor uruguaio Eduardo Galeano, em “O Livro dos Abraços”:
“Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovakloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: – Pai, me ensina a olhar!”