Nos dias de hoje, especialmente no meio artístico, as relações duradouras são uma raridade. Se destacam aquelas que conseguiram superar as intempéries e ir contra a corrente. É o caso dos atores Valeria Alencar e João Vitti, que “se acharam” em 1994 nos bastidores da novela “As Pupilas do Senhor Reitor” e desde então não se largaram mais. Desse encontro vieram dois filhos, Rafael (22) e Francisco (21), que seguiram a carreira dos pais. Rafa ganhou o grande público ao se tornar galã da Globo e, mais tarde, ao engatar romance com Tatá Werneck. Foi justamente Tatá quem relembrou que a sogra, Valéria, era musa dos anos 1990, postando uma foto da atriz, aos 22 anos, de maiô na praia, com a legenda: “Dizem que os filhos escolhem mulheres parecidas com as suas mães. Essa é a mãe do Rafa. Por favor, Caso vejam uma mulher parecida com ela chegando perto do Rafa, entrem em contato comigo para que eu possa tirá-la do país. Grata.”
Para saber por onde anda Valeria, que concluiu sua 10ª novela na Record, “A Terra Prometida”, há dois anos, antes de se afastar um pouco da TV, seus projetos e como é ser sogra da atual queridinha da TV brasileira, Glamurama bateu um papo com ela. Confira!
Glamurama: Atualmente você está envolvida em quais projetos?
Valeria Alencar: “Estou trabalhando na assistência de direção de Luiz Antonio Rocha na peça ‘Zilda Arns, a Dona dos Lírios’. Eu e ele temos uma parceria não só em trabalhos mas também em estudos. Seguimos uma mesma linha de direção ligada ao diretor Mikhail Chekhov. Dou aulas para adultos na Biarte, escola de teatro de Bia Oliveira, e cursos livres em cidades como Ribeirão Preto e Brasília por meio da Oficina de Atores Brasil. Paralelamente a tudo isso pretendo lançar em novembro meu primeiro livro infantil, obra inspirada em formas e ritmos da natureza que induzem tranquilidade ao sono da criança, e eu e João estamos envolvidos na montagem de nossa primeira peça juntos, que será uma obra de Fernando Pessoa. Passamos o mês de junho em Lisboa comemorando meu aniversário e também imersos no universo do autor. O projeto ainda não tem data para estrear, mas estamos animados. Ano que vem passaremos uma temporada mais longa em Portugal.”
Glamurama: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória, pontuando seus principais trabalhos.
Valeria Alencar: “Meu primeiro trabalho na TV foi na minissérie ‘Riacho Doce'(1990), da Globo, e em seguida fui para a Manchete. Atuei em ‘As Pupilas do Senhor Reitor'(1994), do SBT, e foi nos bastidores dessa novela que conheci João, que na época tinha acabado de fazer ‘Eramos Seis’. Depois tive os meninos e parei um período por conta deles. Achava importante viver a maternidade o máximo que pudesse. Sabia que isso ia passar rápido, e passou! Não me importei que João trabalhasse e eu ficasse em casa. Depois, fiz o filme” Bicho de Sete Cabeças”, com Rodrigo Santoro, e vim para o Rio, onde trabalhei na Record. Fiz 10 novelas na emissora e saí de lá há dois anos. Logo que o contrato acabou eu já estava ensaiando a peça ‘A Lenda do Sabiá’, e depois comecei a dar aula, um projeto antigo meu. Esses cursos livres que tenho dado foram um outro encontro comigo.”
Glamurama: Você é casada com João Vitti dede 1996. É um casamento duradouro, o que nesse meio nem sempre é fácil. Qual o segredo?
Valéria: “Estamos comemorando 24 anos de casados. Eu entendo que casamento é feliz enquanto ele dura, não é porque acaba que não deu certo. Com a gente deu certo, e o que ajuda bastante é o temperamento dos dois. Apesar de sermos muito diferentes – eu sou geminiana e ele escorpiano -, nos completamos e respeitamos a individualidade um do outro. Por mais próxima e apaixonada que você seja de seu parceiro, se planeja ficar junto dessa pessoa deve respeitar o espaço e o tempo dele. Quando você quer mudar o outro está negando aquilo de que gosta. Ao dividir o mesmo teto começa a ver coisas que não combinam e etc., e aí você se pergunta: ‘Por isso vou me separar?’ Não é por acaso que duas pessoas se juntam, é uma escolha e há um trabalho para que se torne um caminho de união, com muita paciência e tolerância. É preciso respeitar a individualidade e incentivar o outro naquilo que ele quer fazer, porque muitas vezes a gente não está junto – às vezes viajando ou trabalhando em diferentes lugares – e isso poderia ser um obstáculo, mas se você consegue cultivar a confiança de alguma maneira, tudo bem. É importante também sempre se renovar como pessoa. Os assuntos não podem se esgotar.”
Glamurama: Você tem dois filhos, Rafael e Francisco, e os dois são atores… Fale um pouco de cada um deles.
Valeria Alencar: “O bichinho do teatro se manifestou, pelo menos verbalmente, primeiro em Francisco. Ele tinha menos de 12 anos quando me falou que queria ser ator. Eu sempre incentivava a participação de oficinas de música e teatro, e ele sempre se sentiu muito à vontade no palco. Aos 15 ele entrou no Tablado e aos 17 estreou na TV em ‘Malhação’. Agora está fazendo faculdade de cinema. No palco ele tem uma presença muito forte, uma voz poderosa, e também adora discutir roteiros. Acredito que vai ter muito destaque como diretor. Já o Rafa, por se cobrar mais e ser muito bom em exatas, achei que acabaria sendo engenheiro ou algo do tipo. Mas aos 15 demonstrou interesse por teatro, entrou em contato com esse mundo e pintou a paixão. Também estrou na TV em ‘Malhação’. Agora ele anda dizendo que quer fazer faculdade de história ou filosofia, o que eu acho maravilhoso. Os dois são muito estudiosos e inteligentes, mas também têm muita humildade para perguntar o que não sabem.”
Glamurama: A família é unida?
Valeria Alencar: “Procuramos estarmos sempre juntos, nos ajudando. É uma família unida pelo cuidado. Encontrando maneiras de nos ajudar sem interferir muito na vida um do outro. Todo mundo tem liberdade para ser o que é. Nunca tive problema com os meninos quando eram adolescentes. Essa coisa de dizem sobre ‘aborrescência’ acho até antipedagógico de se dizer. Eles sempre tiveram liberdade de argumentar e expor suas opiniões.”
Glamurama: Rafael e Tatá Werneck ficaram noivos! O que você acha da ideia?
Valeria Alencar: “Achei maravilhoso no sentido de que Rafa sempre foi um apaixonado. Ele é muito apaixonado por ela e ela por ele, dá para notar na relação dos dois. Não sei dizer se foi uma decisão precipitada ou não, mas desde pequeno ele tem a necessidade de se comprometer com o que acredita e ela também. Vem dos dois a necessidade de firmar isso.”
Glamurama: Como foi a chegada de Tatá Werneck à família de vocês?
Valeria Alencar: “Tatá é uma querida, só veio somar à nossa família. A gente se ‘linka’ muito nesse momento presente no sentido de união, valor de família e bom humor, é claro! (Risos) Sempre fui fã dela, e ao conhecê-la dentro dessa intimidade descobri uma Tatá que nos surpreende todos os dias. Além de muito piadista e talentosa, ela tem uma capacidade enorme de entender o outro, uma compaixão muito natural dela. Ela entrou aqui em casa com muita delicadeza, com muito cuidado. É muito sábia, tem uma educação especial e um tesouro de valores. A família dela também é uma delicia, já conheci todos.”
Glamurama: Como é ser sogra de Tatá?
Valeria Alencar: “É ser surpreendida todos os dias. Por conta das agendas lotadas, só nos encontramos em algumas ocasiões, mas ela sempre me surpreende, principalmente no humor e quando se declara para mim. A última vez foi quando postou uma foto minha no Instagram, de quando eu tinha 22 anos, com uma legenda super bem-humorada. Uma foto que nunca publiquei porque achava uma extravagância, não achava bonito. E aí depois que João achou e postou, Tatá replicou. Fiquei em uma saia justa mas me diverti. No dia do meu aniversário ela fez um outro post e eu não parava de chorar quando vi. Acho linda a forma que ela se refere a mim por amar Rafael, por esse elo que nos une. E me surpreende também por ser tão séria com o trabalho dela. Lida com tantas coisas e não enlouquece! (Risos) É preciso ser muito responsável para isso.”
Glamurama: Rafael pede conselhos pra você ou para João sobre o relacionamento?
Valeria Alencar: “João resolve tudo de forma mais prática, não deixa nada para amanhã, por isso tanto ele quando Francisco consultam mais o pai para assuntos do dia a dia. Já os assuntos do coração são com a mãe. Eles se abrem muito desde pequenos.”(Por Julia Moura)