Uma cerimônia de casamento na visão de Marcelo Jeneci e Mana Bernerdes

Marcelo Jeneci com Mana Bernardes e a artista com Camila Pitanga e Mariana Ximenes mais Vera Holtz || Créditos: Leo Marinho

Mariana Ximenes, Camila Pitanga, Vera Holtz, Maria Padilha… As atrizes se encontraram na noite dessa quarta-feira no Jardim Botânico, no Rio, para assistir a uma performance/ cerimônia da artista plástica Mana Bernardes com o marido, Marcelo Jeneci, sobre… casamento. “Não tem nada que eu faça sem a opinião dele. E vice-versa. O que mais admiro no Marcelo como marido é o compromisso que tem comigo. Me sinto completamente amada por ele. A gente celebra nosso casamento criando junto. Cerimônias fazemos nós dois, acredito que essa performance é uma cerimônia”, explicou Mana.

Ela usou cascas de cabeças de alho “mais leves que madrepérolas, mais finas que pétalas” como papel para sua criação, adorno para o figurino dos dois, objetos de cena, mostrando “toda fragilidade do que pode romper” – e a performance, um “transe lúcido” com direito a Jeneci cantando e tocando seu acordeom, foi batizada de “Translúcida”.

Ah, e tudo isso aconteceu no Gabinete Duilio Sartori, onde eles se conheceram. “O Marcelo estava tocando aqui, há 1 ano e meio atrás, no lançamento de uma coleção da Gilda Midani, eu fiquei dançando na frente dele, ele com a sanfona, e ali a gente se encantou um pelo outro”. Glamurama bateu um papo com Mana sobre arte, casamento, cerimônia, parceria e entrega. Vem ler! (por Michelle Licory)

Glamurama: Como seu trabalho interfere no dele, e o dele no seu?

Mana Bernardes: “O tempo todo. Acho que a minha poesia é totalmente influenciada pela música dele e acredito que ela também influencie o sistema de composição dele. A gente está começando a compor juntos. Já terminamos duas músicas e temos várias outras começadas. O Marcelo interfere no meu trabalho também com um apuro estético muito grande que ele tem. Dá opinião em tudo. Não tem nada que eu faça sem a opinião dele. E vice-versa. Ele faz um show solo que o cenário é feito por mim, então é absolutamente misturado: nosso trabalho e nossa vida”.

Glamurama: Como a parceria no trabalho se transpõe para a rotina do casamento?

Mana Bernardes: “Totalmente. A gente tem uma vida… A gente cozinha o tempo todo, vai à feira, planta, faz compostagem, cuida da casa juntos, é tudo dividido. Quem varre não cozinha, que cozinha não lava louça. E isso faz parte do que a gente optou como vida e faz parte do nosso processo de criação, como se a nossa casa fosse uma criação pra gente, do que a gente acredita de estética. E nosso processo criativo vem muito da nossa cozinha, da nossa sala, em que a gente vive juntos, com piano de cauda, no qual ele toca, e no andar de cima da pra eu ver ele tocando, escrevendo”.

Glamurama: O que você mais admira no Marcelo como artista e como músico?

Mana Bernardes: “Como artista é a profundidade dele. O Marcelo é música. Marcelo e música são uma coisa só. É como se ele tivesse aberto pra mim um novo mundo, o musical, de uma maneira muito incrível, como se ele se metamorfoseasse na música, sabe? E como marido ele tem essa mesma profundidade. Ele é músico desde os 7 anos.  Tem muito senso de responsabilidade com a vida, com a gente, com o nosso compromisso, e ao mesmo tempo é totalmente desligado e lírico. O que mais admiro como marido é o compromisso que ele tem comigo. É completamente compromissado. E eu me sinto completamente amada por ele. Admiro muito a sensibilidade dele. É um homem extremamente sensível, o que é muito raro: se permitir ser à flor da pele em cada detalhe”.

Glamurama: Vocês celebraram o casamento de alguma forma?

Mana Bernardes: “A gente celebra nosso casamento criando junto, o que a gente quer fazer cada vez mais. Cerimônias fazemos nós dois, acredito que essa performance é uma cerimônia. Mas a gente quer fazer uma especial na hora certa. Não sabemos ainda quando. Temos um resguardo nosso em relação a isso, mas com certeza nos sentimos casando todo dia a cada momento em que a gente está junto. Entendemos a importância de casar e recasar o tempo todo”.

Glamurama: Na sua opinião, o que tem faltado nos relacionamentos hoje em dia?

Mana Bernardes: “Entrega. A gente acredita nisso e tem uma entrega absoluta à nossa relação e ao nosso compromisso afetivo. O afeto é um compromisso, o amor é um compromisso. É tão bom poder não se poupar ao fazer algo, fazer com entrega, de verdade”.

Glamurama: Pode nos explicar um pouco mais sobre a performance “Translúcida”?

Mana Bernardes: “Ele usa um manto de casca de cabeça de alho e eu um vestido com essas mesmas cascas. E a gente ainda joga muitas cascas… Elas são uma mistura de madreperola e pétala. São tão fortes quanto os elementos das bruxas. Mais leves e brilhosas que madrepérolas, mais finas que pétalas. Isso já conduz para um lugar que pode romper, passeia pela fragilidade, pelo medo, todas essas sensações emocionais que são inerentes ao ser humano. Ninguém tem coragem se não tem medo. Uma coisa não existe sem a outra. Minha poesia fala desse lado emocional da vida”.

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