Quando o filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein desenhou três “carinhas” em um quadro durante uma palestra que deu na University of Cambridge no fim dos anos 1930, apenas para explicar que quase todas as expressões e sentimentos humanos podem ser resumidos em poucas imagens, ele certamente não imaginava que muitas décadas
depois essa seria a realidade no que diz respeito à nova comunicação entre as pessoas.
É claro que é dos emojis que estamos falando, a sacada de Wittgenstein há mais de sete décadas só começou a ser usada no fim dos anos 1990 por operadoras de telefonia celular do Japão. De lá pra cá, e principalmente a partir da popularização dos smartphones, praticamente todo mundo que tem um aparelho desse tipo evita o “trabalho” de ter que digitar (ou explicar) certas coisas usando, em vez disso, um emoji qualquer.
A parte interessante é que existem pesquisas indicando que esses caracteres especiais não são apenas meras figurinhas que existem para alegrar nosso bate-papo online, mas acima de tudo refletem um fato cada vez mais comum em todas as sociedades: como a linguagem que mais cresce em toda a história, os emojis estão tomando o lugar das palavras rapidamente na hora de mostrar aos outros como nos sentimos de verdade, sem que isso seja necessariamente algo ruim.
Foi essa a conclusão de uma pesquisa da Bangor University, do Reino Unido, em 2015. Com base nos hábitos de jovens voluntários com idades entre 18 e 25 anos, o levantamento mostrou que a maioria absoluta deles – 72% – prefere os emojis às palavras na hora de se expressar. No mesmo ano, o tradicional Dicionário de Inglês de Oxford elegeu pela primeira vez um emoji como a “palavra do ano” – no caso, aquela carinha “chorando de rir”, o mais usado nos aparelhos da Apple.
Por falar na fabricante do iPhone, em sua nova atualização de software, lançada há poucos dias, a empresa incluiu centenas de novos emojis, inclusive de vampiros e zumbis, amamentação e muito mais. Tanta pluralidade acabou por atrair críticas daqueles que não se sentiram representados, como os deficientes físicos, e até de gente que acha que está na hora de voltar a usar mais o alfabeto tradicional. No caso desse último grupo, será que vale mandar um emoji com os olhinhos girando para eles? (Por Anderson Antunes)