Por Verrô Campos
O fado é a música da portuguesa Carminho, que inicia nesta segunda-feira temporada de shows de seu segundo álbum, “Alma”, no Tom Jazz, para depois subir ao palco do Miranda, no Rio. Aos 30 anos, ela já tem dois discos de platina na Europa e recebeu elogios rasgados de Caetano Veloso. Mas a música brasileira também está presente no disco, em duetos com Chico Buarque, Nana Caymmi e Milton Nascimento. Glamurama conversou pelo telefone com a cantora, que estava em Portugal.
Para nós brasileiros o canto português parece mais melancólico. Você concorda? “É verdade, temos uma personalidade mais nostálgica, melancólica. Os portugueses gostam de revisitar os momentos tristes e os felizes também. Somos mais introspectivos em comparação aos brasileiros, que cantam com mais alegria.”
O seu disco tem participações especiais de Milton Nascimento, Chico Buarque e Nana Caymmi. Embora você seja muito jovem, sua referência musical é de uma geração mais velha. Você se considera saudosista? “Não, não me considero. É natural que os jovens tenham em uma geração anterior a sua referência. Eu canto uma música tradicional, mas o fado é um estilo vivo, um canto da atualidade, que tem uma raiz, uma linguagem própria, que vem de gerações passadas. Desde a minha infância os meus pais ouviam o fado e também música brasileira, fui muito influenciada por isso e, principalmente, pelas novelas brasileiras, que tinham músicas de Chico Buarque, Elis Regina, Milton Nascimento, Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Isso sempre nos deixou muito próximos do Brasil; estamos tão longe, mas ao mesmo tempo tão perto.”
Caetano Veloso ouviu você cantar Sabiá, no Prêmio da Música Brasileira neste ano e escreveu que sua interpretação “foi de fazer chorar”. Como você se sentiu? “Fiquei muito honrada, ele é uma das minhas referências, com mensagens muito fortes, me toca profundamente. Tenho muito respeito por ele.”
Como está o cenário da cultura e da música portuguesa com a crise econômica? “A música tem uma força extraordinária, é o alimento da alma para suportar os problemas. Os músicos portugueses não têm apoio, porque existem necessidades básicas a serem supridas, mas estão corajosos e lutando. Artes que precisam de mais investimento estrutural, como o cinema e o teatro, estão sofrendo mais. Na música os projetos são menores e demandam menos dinheiro. Os portugueses continuam indo aos shows e concertos, eles precisam disso.”
O que inspira te inspira? “As pessoas e suas diferentes personalidades são a minha grande inspiração.”
Confira os duetos de Carminho com Chico Buarque e Milton Nascimento. Play!