Um dos jogadores mais bem pagos de seu time, o San Antonio Spurs, Tiago Splitter ganha US$ 9 milhões por ano e é o primeiro brasileiro a se tornar campeão da NBA. Mais famoso nos EUA do que aqui, leva vida de celebridade no Texas, onde mora atualmente
Por Alexandre Makhlouf para a revista PODER
Fotos André Brandão
Produção Luna Nigro
Não é todo dia que se encontra o primeiro brasileiro a faturar um campeonato da NBA (National Basketball Association), a liga de basquete americana. Assim como também não é todo dia que se fica cara a cara com alguém de 2,11 metros de altura. Pois o jogador de basquete catarinense Tiago Splitter preenche esses dois quesitos. Muito alto desde criança – o pai, Cássio, tem 2 metros, e a mãe, Elisabeth, 1,80 metro – Splitter já se acostumou com a reação das pessoas quando conta que calça 51. “Pelo menos viajar de avião não é mais um problema. Quando ia de classe econômica, os funcionários da companhia ficavam com pena de mim e logo me arranjavam um lugar na saída de emergência”, diverte-se.
Atleta profissional há mais de 15 anos, Splitter começou a carreira no basquete em um clube de Blumenau, onde nasceu, e se mudou sozinho para a Espanha, em 2000, a fim de jogar em um time da província de Álava, comunidade autônoma do País Basco. “Quando você é jovem, não pensa muito no sacrifício que vai fazer. Queria sair de casa para jogar e a Espanha era a melhor opção. Além disso, a estrutura do esporte no Brasil precisa mudar. Estamos parados nos anos 1970, e não é só no basquete”, cutuca, falando sobre os problemas do esporte que pratica e também da performance da Seleção Brasileira de Futebol na última Copa do Mundo.
O sucesso na Espanha levou seu nome ao radar da NBA em 2007 – nessa época, ele fez uma espécie de vestibular da liga, destinado a atletas de 18 a 22 anos, para escolher novos talentos. Embarcou para os EUA, fez os testes e passou, mas teve de esperar o contrato com seu time espanhol terminar antes de vestir a camisa de uma equipe americana. Em sua última temporada europeia, em 2010, faturou o prêmio de melhor jogador das finais do campeonato e do torneio como um todo – o segundo atleta na história do basquete espanhol a faturar os dois títulos.
Com o passe valorizado, estreou como pivô do San Antonio Spurs, equipe alvinegra do Texas, onde joga até hoje. Splitter é um dos seis brasileiros que integram a liga americana e, mesmo enfrentando os conterrâneos em alguns jogos, afirma que se dá muito bem com eles. “Sempre que estamos na mesma cidade, combinamos de jantar e de sair juntos. Temos bastante tempo entre um treino e outro.” O título de campeão demorou quatro anos para vir – só chegou este ano – e é motivo de muito orgulho para ele.
Com rendimentos na casa dos US$ 9 milhões ao ano – um dos mais altos de seu time – e contrato garantido até 2017, o sucesso de Splitter também rendeu alguns patrocínios de peso, como a Nike e a Ford. Uma vez, quando o pneu do Mustang de Splitter furou, a companhia deu um modelo igual e novinho para ele. O usado foi vendido por um preço mais alto do que um zero quilômetro só porque tinha passado pelas mãos do atleta. O status de celebridade na cidade de San Antonio, no Texas, onde mora com a mulher, Amaia, e o filho de 2 anos, Benjamin, às vezes incomoda. “Tento levar uma vida normal, ir ao supermercado e sair com a família, mas sempre me param para pedir autógrafos. Quando venho para o Brasil é um alívio, porque não me reconhecem na rua.”
Perto de fazer 30 anos, Splitter está longe de pensar em aposentadoria. “Quero jogar até os 35 ou enquanto meu corpo aguentar. Não sei o que vou fazer depois, mas pretendo continuar no mundo do basquete, seja como agente, treinador ou olheiro”, revela. Quando aparece no estúdio de paletó e gravata, o assessor diz: “Você fica a cara do ator de Crespúsculo quando está arrumadinho”, brinca, fazendo referência a Robert Pattinson, um dos galãs da nova safra de Hollywood. Nessa hora, a timidez vai embora de vez e Splitter faz tudo o que o fotógrafo pede – e parece gostar da brincadeira. Pelo jeito, ele se acostumou com essa história de ser uma celebridade…
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