“Dizem que a gente escolhe os pais antes de nascer. Eu escolhi um pai que foi embora quando eu ainda era um feijãozinho dentro da barriga de uma mãe […]. Tive a sorte de nascer numa família de artistas. Minha avó, Vida, foi a primeira atriz brasileira a dar um beijo no ar […]. De certa forma, eu me sentia mais tudo do que todo mundo: mais incompleta, mais imperfeita, mais fraca, mais estranha, mais abandonada.[…] Aos doze anos, depois um assunto que fica melhor longe deste texto, umas manchas esbranquiçadas apareceram. Era vitiligo. Eu estava começando minha carreira de modelo […]. Ajudar com as contas era a maneira que eu tinha encontrado pra lidar com a culpa que sentia pelo meu pai ter ido embora […] Voltei de Nova York sabendo que as coisas seriam demoradas, que o mundo não precisava mais de cantoras”. Esses são trechos da crônica autobiográfico que Tiê escreveu para um minilivro em formato de vinil, de uma série de dez, parte do projeto Metrônomo, da Valentina Comunicação.
* A ideia é promover “atravessamentos artísticos” entre uma turma que produz arte contemporânea: música, literatura, poesia, imagens… O minilivro de Tiê – ilustrado por Veridiana Scarpelli – foi o primeiro a ser lançado, nessa quinta-feira, com pocket show em frente à loja Cantão do Leblon. Na mesma ocasião, a cantora carioca Leticia Novaes também lançou o seu, com desenhos de Elisa Riemer. Até outubro, serão publicados os outros oito. Bacana a ideia, né?