Intensidade máxima! A musa Taís Araújo é a capa e recheio da revista J.P especial de aniversário

Ela acorda a mil por hora todos os dias antes das seis da manhã e adora desafios. Vai encarar uma novela e um programa ao vivo na TV a partir deste mês e acaba de tomar as rédeas da própria carreira. Além disso, é engajada e ama um papo sério. Taís Araújo é assim: intensidade máxima

texto Thayana Nunes fotos Maurício Nahas styling Rita Lazzarotti (thinkers mgt) beleza Dindi Hojah

Taís Araújo adora ler horóscopo, especialmente de Susan Miller, a astróloga mais famosa do mundo. Tem o aplicativo dela, o Astrology Zone, no celular e todo início de mês está lá, praticando o inglês e conferindo as previsões do seu signo, Sagitário. “Sou e não sou [viciada no tema]. Gosto, mas sou incapaz de decorar qual é a minha lua!”, diz, antes de gargalhar. “Preciso de um spoilerzinho para continuar a vida às vezes.” Conversar com Taís é assim: ela ri muito, brinca e tem uma energia tão boa que a gente se sente cativada já nos primeiros minutos. A escolha desta capa não é à toa. Aliás, a escolha de várias capas da J.P: esta é a quinta vez que ela brilha por aqui, e inclusive foi a primeira atriz a estampar as nossas páginas. O ano era 2006, ela já era uma estrela e formava com Lázaro Ramos o casal 20 da TV.

Agora, prestes a completar 41 anos, em novembro, ela quer mostrar que está entrando em uma nova etapa. Mais centrada, mais dona de si. A partir de agora, Taís é a sua própria empresária e quer tomar as rédeas da vida, em todos os sentidos. “Sentia uma vontade de autonomia, de querer ser dona das minhas coisas. Já tinha essa autonomia na escolha dos meus trabalhos, mas acho que precisava disso para estar completa, sabe?” Será um desafio, claro, mas ela nunca teve medo de desafios. Encara, a partir do próximo mês, mais uma novela das 9 da Globo, ‘Amor de Mãe’, e entrará ao vivo todo domingo com o PopStar até o fim do ano. “Esse programa me traz leveza. Me desafia: estar ao vivo para todo o Brasil é bem diferente de estar no teatro”, fala, e confessa: “Quando chega a contagem do três, tenho vontade de correr e abandonar o estúdio, juro! Mas é um medo que impulsiona”.

J.P: O que está fazendo a sua cabeça hoje?
TAÍS ARAÚJO: A profissão e como ela tem refletido na minha vida em todos os sentidos. Decidi tomar as rédeas do meu trabalho, da minha casa, enquanto mãe, do meu casamento, de tudo. Falo: “Decidiu ter filho, amor? Vai ter que acordar dez para as seis da manhã, tomar seu banho e levar para a escola”.

J.P: Agora então você é sua própria empresária.
TA: Sim, a internet me impulsionou muito a fazer isso. Como você fala hoje de qualquer produto que vai se envolver? Eu tenho que acreditar nele 100%. Queria um trabalho mais criativo e participativo, e não chegar ao estúdio, tirar foto e ir embora. Não combina comigo como criadora.

J.P: Como é dar conta de tudo isso: casa, trabalho, filhos e agora sua própria agência?
TA: Sou controladora, mas delego muito. Tem uma galera que trabalha comigo na minha casa, mas tudo tem que passar por mim. Se eu sou a dona da casa com Lázaro, se sou a mãe dessas crianças, se eu sou atriz… Posso delegar desde que passe por mim. Não posso entregar. Não dá. Fico mais cansada, durmo menos, tudo isso, mas e aí? Foi a minha escolha de vida, vou ter de ser madura o suficiente e aprender com tudo isso.

J.P: E ter Lázaro como companheiro e parceiro nessa caminhada…
TA: É muito legal, sabe? Fico pensando que falo tanto isso que as pessoas podem entender que é tudo perfeito. E não é. Tentamos preservar ao máximo nossa privacidade, então como as pessoas veem muito pouco da nossa rotina podem encarar isso como perfeição. Mas perfeição não existe, gente, é mentira!

J.P: É tão legal escutar isso, porque sempre achamos que a vida de vocês é maravilhosa.
TA: Sou privilegiada, claro. Trabalhar no que amo, ser bem remunerada por isso. Mas isso não tem a ver com perfeição. Dinheiro? Claro que facilita, ainda mais que vim de uma família pobre, amor. Ter emprego facilita, ter seu salário caindo todo mês. É um privilégio neste país. Tirando meus pais que se formaram, venho de uma família com muita gente analfabeta. O Brasil é dentro da minha casa, e sei que a maioria da população vive numa puta precariedade.

J.P: Falando em Brasil, como você assiste ao noticiário hoje?
TA: Vario muito entre a esperança e o desespero. Acho que isso tem acontecido com muita gente. A única maneira de a gente seguir adiante é questionar o que a gente pensa sobre progresso. Queremos um progresso destruidor ou progresso de construção? Construção implica o respeito a tudo, às diferenças, à própria Floresta Amazônica. Entendo muito quem pensa que “cara, perdemos o jogo”.

J.P: Você sempre se coloca politicamente, agora ainda teve a série Aruanas, que participou e que mostra um problema atual de desmatamento ilegal.
TA: A série mostra o que está acontecendo no Brasil há muitos anos. E fala o quanto a Amazônia diz respeito a todos nós. Quase um chamado urgente: não dá para ficar de espectador do Globo Repórter. Precisamos entender que diz respeito a todos nós enquanto planeta, enquanto nossa continuidade, enquanto civilização.

J.P: Acha que dá trabalho se colocar nesta posição de ativista?
TA: Talvez se houvesse uma tentativa de convencimento, mas não tenho esse desejo. Eu não pauto a minha vida em cima do outro. Seja ele qual for. Não vou ficar rebatendo a outra pessoa, meus valores são meus valores… Tento ser o mais empática possível, acolher o outro. Me pauto pelo afeto, sempre, não sei agir de outra maneira.

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