O prédio do Parlamento Britânico, em Londres, tem sido palco de vários protestos nesse começo de semana. Tudo por conta de um debate acalorado que coloca em lados opostos aqueles que são contra a importação de roupas e acessórios feitos com peles de animais pelo Reino Unido e os que defendem a comercialização desse tipo de produto entre o país e seus parceiros internacionais: França, Polônia, Canadá e a China.
A polêmica ficou ainda maior desde que Stella McCartney, que sempre se recusou a usar peles em suas coleções, divulgou uma carta aberta endereçada aos lordes e aos membros da Câmara dos Comuns pedindo que apoiem uma proposta para que a produção local de peles seja banida, assim como a importação. Tudo “em defesa da moralidade pública”.
“Ao longo dos últimos anos, inúmeras marcas despertaram para a crueldade da indústria de peles e pararam de usar em suas coleções. Mais de 80% dos britânicos acham inaceitável comprar ou vender peles de animais. O mundo está se movendo em uma direção positiva e é hora do Reino Unido dar o próximo passo vital nessa luta”, a estilista escreveu.
No mesmo documento, a filha de Paul McCartney também disse que o argumento de que peles são mais sustentáveis e ecologicamente corretas em comparação aos tecidos sintéticos, por serem naturais, é pura balela: “Isso não é verdade. Primeiro, pele é natural só porque vem de um animal. E para transformá-la em produto é preciso usar substâncias tóxicas e metais pesados nocivos ao meio ambiente”.
Recentemente, uma petição assinada por mais de 400 mil pessoas favoráveis ao fim do uso de peles foi apresentada ao Parlamento. Há, no entanto, um grupo que defende a manutenção da prática que considera ser legítima e geradora de milhares de empregos, e que representa uma indústria multimilionária que só em 2016 movimentou £ 162 milhões (R$ 816,5 milhões), 350% a mais do que há cinco anos. Em tempos de Brexit e outras incertezas, são números que saltam aos olhos. (Por Anderson Antunes)