Os sócios da 3G Capital Jorge Paulo Lemann, Marcell Telles e Carlos Alberto Sicupira estão a caminho de Paraty, no Rio de Janeiro, para participar da reunião anual da empresa, que acontece neste fim de semana. Alexandre Behring, CEO da 3G, já está na cidade, enquanto Lemann, o homem mais rico do Brasil, desembarca no país com números não muito positivos de uma das empresas de seu fundo de investimento, a InBev.
Pelos acontecimentos da semana, os executivos terão muito o que discutir: os investidores estão de mau humor após a queda acentuada da Bolsa de Valores da China e do agravamento das investigações da operação Lava Jato no Brasil, que aumentou a crise política pela qual o país passa e que afeta diretamente o cenário econômico brasileiro. Ao mesmo tempo, a Anheuser-Busch InBev anunciou nesta quarta-feira seus resultados referentes ao segundo trimestre. E as vendas da maior cervejaria do mundo caíram dos US$ 12,2 bilhões (R$ 41 bilhões) faturados no mesmo período do ano passado para US$ 11,1 bilhões (R$ 38 bilhões) entre março e junho deste ano. Já o lucro líquido teve uma queda de quase US$ 1 bilhão (R$ 3,37) em relação ao resultado do segundo trimestre de 2014, e fechou em US$ 1,9 bilhão (R$ 6,4 bilhões). Os dois países que apresentaram as piores performances no balanço foram os Estados Unidos e o Brasil.
Outro fator que contribuiu para a piora nos números foi a constatação pela AB InBev de que o mercado global de cervejas artesanais já começa a ameaçar o domínio de algumas de suas principais marcas, como a Stella Artois e a Budweiser. A reação dos investidores, claro, foi imediata: desde então, as ações da empresa na bolsa de valores de Bruxelas, onde são negociadas, operam em queda acentuada. Só nessa quinta os papéis chegaram a cair quase 5%. E Lemann, que é o maior acionista da AB InBev, viu sua fortuna diminuir em US$ 803 milhões (R$ 2,7 bilhões) apenas nas últimos 24 horas, mais de R$ 100 milhões (R$ 338 milhões) por hora durante o pregão de quarta para quinta-feira. (Por Anderson Antunes)