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Pathy Dejesus || Créditos: Lu Prezia

Pathy Dejesus deu uma guinada em sua vida quando decidiu, em 2015, depois de ter seu contrato como apresentadora no Vídeo Show encerrado pela Globo, priorizar a carreira de atriz. Só neste ano lançou três trabalhos, todos com temas fortes e atuais: “Desnude”, no GNT, projeto que trata a temática erótica sob o ponto de vista feminino, “Rua Augusta”, no TNT, em que interpreta uma garota de programa, e “Rotas de Ódio”, da Universal, no qual sua personagem enfrenta uma série de abusos.  Glamurama pediu para a atriz relacionar dramas que sofre na ficção com os da vida real em bate-papo que se estende a temas como movimentos de combate ao assédio sexual e racismo. Falamos também sobre como a gata, 40 anos, faz para manter a forma e pedimos para listar suas músicas favoritas do momento. (por Julia Moura)

Glamurama: Como foi participar de “Desnude” e fazer parte de um projeto que trata a temática erótica sob o ponto de vista feminino?
Pathy Dejesus: “Foi um trabalho essencial, especialmente para mim, como artista e mulher. Ter esse olhar sobre a liberdade sexual da mulher foi muito importante para a construção de toda a trama. São detalhes que fazem toda a diferença no contexto geral da história. Um olhar cuidadoso e poético, que não busca o erótico pelo erótico, ou seja, a objetificação feminina. Há apenas o intuito em evidenciar a busca da mulher.”

Glamurama: Você acha que o assunto ainda é um tabu para as mulheres?
Pathy Dejesus: “Acredito que seja um tabu para a sociedade em si. Fomos reprimidas por muito tempo, e ainda somos. De certa forma, ainda está enraizado em nós esse costume em colocar sempre o desejo alheio à frente do nosso. Mas estamos cada vez mais quebrando nossas próprias barreiras, conquistando nosso espaço não apenas na sociedade, mas conosco mesmas.”

Glamurama: Sua personagem passa a repensar o casamento quando conhece um casal que transa 24h por dia. Qual importância você dá para o sexo em um relacionamento?
Pathy Dejesus: “Acredito que a questão da Laura não seja tão física, é algo mais profundo. Ela repensa a vida sexual de uma forma muito analítica, analisando toda a sua vida e até onde ela realmente se conhece, mesmo sendo uma mulher adulta, empresária e independente. Até onde nos conhecemos e sabemos dos nossos gostos? Até onde fomos induzidas a gostar de algo? É que, na série, esse olhar dela está voltado para o sexo, mas pode se encaixar em qualquer momento das nossas vidas.”

Glamurama: Em “Rua Augusta” você vive uma garota de programa que tem uma vida dupla. Como foi sua preparação para o papel?
Pathy Dejesus: “Foi muito corporal! O desafio era encontrar um corpo para a Nicole. Fiz algumas aulas de pole dance, por exemplo, e preparei meu corpo para as cenas dela. No entanto, a nossa preocupação mesmo foi em humanizar a personagem. A Nicole é como toda outra mulher… ela chora, ri, sente dor, sente amor. Uma pessoa normal. É independente, solar e ousada. O intuito foi colocar isso para o público, algo fácil de identificar.”

Glamurama: Como foi estar tão próxima do drama da vida nas ruas?
Pathy Dejesus: “Eu venho da periferia de SP. A vida nas ruas não é tão distante da minha realidade.”

Glamurama: Em “Rotas de Ódio” você está de frente para diversas situações de abusos. Em sua vida você já foi vítima de algum?
Pathy Dejesus: “Não é segredo que o Brasil é um país machista, racista, homofóbico… Então acredito que todo mundo já tenha sofrido alguma forma de abuso no decorrer da vida. Sempre fui acostumada a matar um leão por dia, e é assim até hoje.”

Glamurama: O que acha de movimentos que lutam pelo combate ao assédio sexual?
Pathy Dejesus: “Esses movimentos são de extrema importância. Hoje, no entanto, estão concentrados mais no mundo artístico, porque, midiaticamente, é o que chama a atenção. No entanto, é importante as pessoas entenderem o movimento por trás de todo esse holofote. O combate ao assédio, racismo, homofobia pode ser feito todos os dias por todos nós. É essencial que essa mensagem seja entendida.”

Glamurama: São três papeis intensos. Por que você acha que se encaixou em todos eles?
Pathy Dejesus: “Eu sempre quis passar uma mensagem através do meu trabalho, não me manter apenas no entretenimento vazio. Acho que esses três presentes vieram para solidificar isso. Sempre lutei pelo que acredito e quero, cada vez mais, passar isso para os que me acompanham. Estamos falando de três mulheres completamente diferentes, com histórias e experiências diversas, mas que se assemelham em suas lutas diárias, como toda mulher. E eu me encaixo nessas lutas, mesmo que parcialmente. Eu queria muito contar boas histórias por meio da arte e consegui, graças a essas personagens.”

Glamurama: Quais são seus cuidados com o corpo e beleza?
Pathy Dejesus: “Não sou muito encanada com isso, mas sempre tive uma alimentação saudável e amo esportes. Por isso, vou à academia sempre que posso, gosto de correr também e me alimento certinho. É claro que, quando quero enfio o pé na jaca, sem neuras. Já para a beleza, como estou constantemente maquiada por conta dos trabalhos, sempre que posso fico com o rosto limpo e uso apenas um protetor solar para deixar a pele respirar um pouco. Também nunca durmo de maquiagem e, muitas vezes, durmo com alguma máscara para cuidar da pele.”

Glamurama: Como se posiciona com relação às questões de preconceito racial?
Pathy Dejesus: “Para mim, nos dias de hoje, não existe mais meio termo, não existe ficar em cima do muro. Racismo é crime, não tem outro argumento além desse. Vivemos em um país aonde grande parte de sua população é negra, é inconcebível que o racismo ainda seja um problema social.”

Glamurama: Que conselho daria às crianças negras para superar qualquer tipo de preconceito?
Pathy Dejesus:
“Difícil dar um conselho. Tenho desejos. Informação, educação, consciência sócio-política, orgulho da ancestralidade… Pra que cresçam conscientes do que são e de seus direitos, pra que se tornem fortes e preparadas pra mudar esse mundo de injustiças.”

Glamurama: Você é DJ, também. Gosta de que tipo de música? Qual a playlist ideal? 
Pathy Dejesus: “Eu amo música boa! Apesar de tocar hip hop não ouço só isso. Não existe playlist ideal, depende do mood do dia, do lugar, da companhia… Hoje meu top 5 seria:
Gilberto Gil – Palco
Kendrick Lamar – DNA
Anderson .Paak – Put Me Thru
Jill Scott- Golden
Mano Brown – De frente pro mar”

Recado dado!

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