Sem perder o ar de bom moço, Tiago Leifert dá seu recado no entretenimento

Depois de revolucionar o jornalismo esportivo da maior emissora do país, Tiago Leifert dá seu recado no entretenimento. Seguro de si, dribla as críticas sem perder a pose de bom moço

Por Mariana Gonzalez para a revista PODER de fevereiro

Tiago Leifert veste costume, camisa e gravata Ermenegildo Zegna e relógio Baume & Mercier ||Créditos: Mauricio Nahas – Styling Cuca Ellias e Lili Garcia

Tiago Leifert tinha apenas 29 anos quando se tornou apresentador e editor da versão paulista do Globo Esporte, programa esportivo exibido diariamente na hora do almoço. Corria o ano de 2009 e ele não teve dúvidas: partiu pras cabeças. Na tentativa de modernizar o formato, aboliu bancada e teleprompter e, nesse cenário de deixar qualquer veterano com frio na barriga, começou a chamar a atenção. De pé no meio do estúdio, vestindo jeans e camisa polo, apresentava o programa como se estivesse batendo papo com os telespectadores, colocava humor e irreverência nas tradicionais entrevistas e reportagens e, não raro, organizava pequenos campeonatos de videogame ao vivo com craques do futebol. Tudo isso tendo como principal ferramenta o improviso, que desenvolveu no curso de jornalismo da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, onde se formou. Foi assim que conquistou um público que, até então, passava longe do Globo Esporte e desconhecia termos técnicos como zaga, escanteio e impedimento.

Em pouco tempo, o filho mais velho de Gilberto Leifert, alto executivo da Rede Globo há quase três décadas, conseguiu provar a que veio, mas não sem receber críticas duras. Boa parte delas, ele acredita, vazias. “Não gostar do meu trabalho é uma coisa. Agora, não gostar do meu trabalho porque meu pai trabalha na Globo é outra”, afirma. “Se os comentários no Facebook e no Twitter estivessem certos, eu não estaria aqui dando esta entrevista. Eles erraram e erraram feio.” “Eles”, a quem Tiago se refere, são os profissionais da velha guarda do jornalismo esportivo que não acreditaram que o novo Globo Esporte daria certo. “Implicavam até com o figurino. Alguns chegaram a dizer que eu estava acabando com o programa”, lembra.

Costume, camisa e gravata Gucci, cinto Aramis, relógio Piaget||Créditos: Mauricio Nahas – Styling Cuca Ellias e Lili Garcia

 

GOL DE PLACA

Em 2015, Titi, como ficou conhecido pelos fãs que o acompanharam ao longo de seis anos de Globo Esporte, deixou a cobertura esportiva para integrar o núcleo de entretenimento da Rede Globo, área com a qual flertava havia algum tempo. “Esporte não é só jornalismo, é emoção também. Não dá para separar uma coisa da outra”, defende o apresentador, que, aliás, não tem medo de se emocionar em frente às câmeras para todo o país. Ele já chorou mais de uma vez tanto no Globo Esporte quanto no The Voice Brasil. Tiago também comanda o The Voice Kids e faz parte do time do É de Casa.

Apesar de parecer um poço de autoconfiança e de tranquilidade, sempre planejou a carreira com cuidado e suou a camisa – mesmo que não pareça à primeira vista. “Me preparei a vida inteira para o que estou vivendo agora”, conta ele, que está com 35 anos. Quando estudava jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), “tinha uma vida ótima”, para usar suas próprias palavras, com direito a pelada com os amigos toda semana e festa praticamente toda noite. Mesmo assim, decidiu deixar a badalação para trás e concluir os estudos nos Estados Unidos. “Percebi que não seria um profissional competitivo se não tivesse uma formação mais consistente.” Quando voltou ao Brasil, dois anos depois, trouxe na bagagem um diploma de jornalismo, um de psicologia e três meses de estágio na conceituada NBC, dona de programas como The Voice e Saturday Night Live, só para citar dois. Ele explica a dupla formação, um tanto quanto inusitada: “Nos Estados Unidos, quem faz comunicação é obrigado a ter uma segunda formação. Tem gente que escolhe sociologia ou ciências políticas. Eu fiquei com psicologia. Parece estranho, mas tem tudo a ver com jornalismo: conhecer pessoas, contar histórias, ganhar o telespectador”.

Colete e calça Ricardo Almeida, camisa Gucci, sapato Louie||Créditos: Mauricio Nahas – Styling Cuca Ellias e Lili Garcia

 

CARTÃO VERMELHO

Com jornada de trabalho dobrada, Tiago vive na ponte aérea Rio-São Paulo e faz o que pode para estar na capital paulista, onde mora, nas noites de segunda-feira, que são reservadas para o futebol com os amigos. Ele também é fanático por videogame. Tanto que tem um espaço no mezanino de seu apartamento reservado para isso. “Às vezes, fico horas jogando com fones nos ouvidos, completamente isolado”, conta ele, que é um dos narradores das últimas quatro edições do Fifa, seu jogo preferido, aliás. Quando se trata de tecnologia, de forma geral, não pensa duas vezes para abrir a carteira. Restaurantes e viagens também podem fazê-lo perder a cabeça. “Eu não gasto com muitas coisas. Procuro ter dinheiro na conta para emergências, mas em casa quem economiza é minha mulher (a também jornalista Daiana Garbin, com quem é casado desde 2012).”

Quando a conversa é sobre carros e envereda pelo assunto trânsito, o apresentador perde rapidamente a pose de bom moço. “Se tenho vontade de xingar alguém é quando estou dirigindo. O trânsito do Rio é ruim, mas em São Paulo é impossível dirigir, as pessoas são muito agressivas”, critica. Seus quase 5 milhões de seguidores no Twitter conhecem bem esse seu lado, já que é na rede social que Tiago desabafa quando leva uma cortada ou vê um motorista avançando o sinal. “Por que as pessoas acham que podem ignorar as regras? Se existe uma fila prioritária, por exemplo, é para pessoas com prioridade. É um egoísmo desnecessário. E o fato de não ter nenhuma fiscalização me deixa ainda mais nervoso”, diz, completando que, se pudesse, voltaria a morar em Miami. “A cidade é muito mais do que Miami Beach”, defende.

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