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Saúde mental | Crédito: Getty Images

Depois da derrota da tenista Naomi Osaka, da desistência da ginasta Simone Biles e do choro de frustração de Hugo Calderano, do tênis de mesa, as Olimpíadas de Tóquio seguem marcadas por um assunto polêmico: saúde mental. A pressão psicológica sofrida pelos atletas veio à tona após os mesmos mostrarem-se vulneráveis, assim como qualquer outro humano. Tirando a capa de “super-heróis”, eles têm falado abertamente sobre suas frustrações, medos e  angústias. “É muita dor perder um jogo assim em uma Olimpíada, mas faz parte do esporte também. São quartas de final de uma Olimpíada, e sempre que se perde um jogo assim é doloroso. E não tem como ser diferente. Tem de aprender essa dor para voltar cada vez mais forte”, disse Hugo ao ser derrotado pelo alemão Dimitrij Ovtcharov.

Por outro lado, indo contra essa onda de preocupação com o mental, declarações de Novak Djokovic surgiram, expondo outra opinião. De acordo com o tenista, “a pressão é um privilégio”. “Sem pressão não há esporte profissional. Para ter a esperança de permanecer no topo de um esporte é preciso aprender a lidar com a pressão”, afirmou ele.

Segundo a psicanalista Valéria Amodio, lidar com essa questão é algo extremamente difícil. “Essa pressão aparece quando a gente não consegue lidar com algo psicologicamente, emocionalmente. Quando algo está muito pesado, indo além dos nossos limites emocionais possíveis, ficamos desconfortáveis, deixando de fazer a coisa com mais naturalidade, com mais prazer.”

Engana-se quem pensa que só os esportistas lidam com isso. De acordo com a profissional, o sentimento é mais comum do que pensamos. “Não é possível viver sem pressão psicológica. Ao decorrer da vida, a gente é colocado em situações que nos colocam sob pressão. O que é possível é aprender emocionalmente a lidar com elas. Fazer um alargamento, uma elasticidade emocional para lidar com o sentimento. É um aprendizado pela experiência. Vamos se desenvolvendo e desta forma adquirindo mais recursos emocionais para lidar com as próximas [vezes]. Com o tempo, isso vai ficando mais fácil”, ressalta a psicanalista.

Como referência, podemos comparar os atletas com profissionais das mais diversas áreas, que abdicam de outros quesitos da vida pessoal para focar na carreira, ser reconhecido. “Esses dois grupos muitas vezes possuem o mesmo estilo de vida, paralelamente falando. Assim como os atletas, essa falta de tempo para a vida social influencia porque precisamos de um momento para sair do objetivo e refrescar a cabeça. Momento de ócio é importante para a nossa saúde mental, emocional.”

E amenizar esse problema, o caminho ideal é tentar entender as emoções: “Quando percebemos determinados sintomas, essa sensação de não estar tudo certo, o desconforto mental, corporal, ansiedade excessiva, vontade de não cumprir o que está sendo proposto, é o momento ideal de olhar para dentro e tentar descobrir o que está ocorrendo. Desta forma, buscar os motivos que geram esses sentimentos. É importante ser o detetive de si mesmo”.

Se não enxergamos a própria situação na hora, é importante resgatar essa vivência na terapia. “É ideal fazer o caminho de viver a experiência emocional e aprender. Foi um episódio interessante [das olimpíadas], neste sentido, para percebemos que saúde física não existe sem saúde mental. Uma coisa está muito integrada com a outra, somos seres integrados e a gente precisa começar a olhar para isso. Não adianta trabalhar apenas o que enxergamos, que é o corpo, e esquecer da mente, das emoções, coisas que não são palpáveis, mas que podem acabar conosco, atrapalhar o corpo”, finaliza Valéria Amodio.

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