Um dos autores de ficção mais celebrados dessa nova geração, Santiago Nazarian lança seu novo livro, “Neve Negra”, nesta segunda-feira, na Blooks Livraria, no Shopping Frei Caneca, em São Paulo. Depois de “Garotos Malditos”, “Mastigando Humanos” e “Biofobia”, ele escreve agora mais um thriller psicológico, repleto de nuances de humor negro que envolve um drama familiar e dúvidas de paternidade na cidade mais fria do Brasil. Para quem não sabe, Nazarian já colaborou para a Revista J.P e hoje é figurinha carimbada no conteúdo da revista. Confira um bate-papo com ele para a edição de março de 2014.
J.P: O que você faz pra ser feliz?
Santiago Nazarian: Vou para Florianópolis. A natureza me faz feliz.
JP: Seu momento mais brilhante…
SN: O mais recente é sempre o mais brilhante; então meu livro novo, Biofobia.
JP: Um momento que definiu sua vida…
SN: Ter publicado meu primeiro livro, em 2003, me deu uma nova carreira, novo fôlego, uma nova visão de mundo.
JP: Sua maior qualidade
SN: Sou independente.
JP: Seu maior defeito
SN: Sou rancoroso.
JP: O que ou quem é o grande amor da sua vida?
SN: A música.
JP: Travessura na adolescência
SN: Raspei zero as sobrancelhas, botei oito piercings, fiz as primeiras tatuagens e mudei de sex… Não, isso não.
JP: Travessura na meia idade
SN: Ter ido morar na praia. Depois ter ido morar na neve. A próxima será morar no deserto?
JP: O talento que gostaria de ter
SN: Tocar piano. Eu tentei.
JP: Quem te inspira?
SN: Fraz Liszt é um compositor que me inspira.
JP: Um escritor
SN: João Gilberto Noll.
JP: Quem não entra na sua vida?
SN: Gente artificial.
JP: Um bordão
SN: Se eu tivesse asas, não me prenderia a detalhes.
JP: Ícone de estilo
SN: David Bowie.
JP: Se não escrevesse, seria…
SN: Analfabeto.
JP: Como se faz uma boa história?
SN: Formando um universo próprio e atraindo outros a habitarem-no.
JP: Um filme de terror?
SN: Quando eu Era Vivo, dirigido pelo Marco Dutra. É um filme de terror brasileiro atual bem bacana. De clássico, O Massacre da Serra Elétrica.
JP: Seu grande herói
SN: Brett Anderson, vocalista da banda inglesa Suede.
JP: Momento psicodélico
SN: 2010. Depois de uma longa viagem pelo Japão e Europa, parei alguns dias em escala em Amsterdã, aluguei um apartamento e passei basicamente uma semana viajando trancado lá, cogumelando.
JP: O trabalho mais memorável de sua vida
SN: Quando fazia roteiros para histórias de disk-sexo. Não foi nem de longe o melhor trabalho, mas é o mais divertido de se lembrar.
JP: Um trabalho mal sucedido?
SN: O Prédio, o Tédio e o Menino Cego, meu quinto romance.
JP: Um ator para interpretar suas histórias
SN: Pode ser uma atriz? Denise Stoklos seria um sonho.
JP: Melhor conselho que já ouviu. De quem?
SN: “Não sofra por antecipação,” da minha mãe.
JP: Melhor conselho que já deu.
SN: Não se desespere. O pior ainda está por vir.
JP: Do que você tem orgulho?
SN: Das minhas histórias, como um todo, criadas, vividas.
JP: Do que você se ressente?
SN: Tanta coisa… Sou um negativista otimista. Sempre espero o melhor, nunca me contento com o que veio.
JP: Um vício
SN: Crack… Não, haha. Café.
JP: Uma mania
SN: Subir de escada quando tem mais gente para subir no elevador.
JP: A pessoa mais interessante que você já conheceu
SN: Marcelino Freire, escritor e grande amigo.
JP: Tipo de gente que você tem dificuldade de conviver
SN: Gente carente.
JP: A primeira pessoa a causar impacto em você
SN: Tive uma namorada na adolescência que me apresentou o mundo artístico, literário e sexual em que habito até hoje.
JP: Para quem escreveria um prefácio?
SN: Pode ser um epitáfio? Pro Bolsonaro.
JP: Você se acha uma pessoa de sucesso?
SN: Não. Todo sucesso é transitório. Me considero íntegro.
JP: Para onde você vai quando quer estar sozinho?
SN: Eu moro sozinho, trabalho em casa, então não preciso fazer basicamente nada. O esforço é para socializar.
JP: Minha caverna no mundo
SN: Meu quarto…
JP: Fobia
SN: Telefone.
JP: A conversa mais surreal que teve ao telefone
SN: Eu costumo me fazer de louco sempre que me ligam do banco para me cobrar, então foram tantas…
JP: E a mais picante
SN: Eu escrevia roteiros de disk-sexo; então onde se ganha o pão não se come a carne.
JP: Uma história que ainda vai contar
SN: Como ganhei meu primeiro milhão.
JP: Sexo para mim é…
SN: Um mal necessário.
JP: E o amor?
SN: Uma utopia.
JP: Três palavras que esquentam tudo na hora do sexo
SN: Como é grande!
JP: Não aguento mais…
SN: O neo-conservadorismo evangélico coió deste país.