A Rússia passa agora a reconhecer arte contemporânea como arte. Agora é lei! Até então, obras criadas nos últimos 50 anos eram tratadas como “objetos de luxo” e estavam sujeitas a pagar 30% de taxa de importação. Com a aprovação da lei, que entrou em vigor no dia 29 de janeiro, o mercado de arte russa já começa a dar indícios de uma integração muito maior com a cena artística internacional.
Os ricaços russos, donos de extensas coleções de arte privadas, andam bem animados com a novidade. O bilionário Leonid Mikhelson, por exemplo, está transformando uma antiga usina próxima a Moscou em um museu de 20 mil metros quadrados que vai custar cerca de US$ 300 milhões. A tendência é que os poderosos que já vinham investindo nos últimos anos em novos artistas russos – como Micha Most – aumentam cada vez mais a sua contribuição e a arte, que foi suprimida na época soviética, ganhe espaço nos grandes museus do mundo.
A novidade vai afetar diretamente a Cosmoscow, única feira de arte contemporânea da Rússia, que cresce a cada ano. Fundado em 2010, o evento passou a ser anual a partir de 2014, devido ao aumento do interesse do público. Leilões poderosos e outros museus no país serão uma consequência destes movimentos…
A legislação anterior, que era proibitiva, foi criada na década de 1990 como forma de impedir a exportação em massa de tesouros culturais, já que a Rússia passava por um momento caótico após o colapso da União Soviética. A medida acabou tornando praticamente impossível a importação de obras de arte por conta das taxas altíssimas, além de não oferecer fundo de garantia à exportação. Há anos a lei já vinha sendo discutida sem sucesso por conta de políticos comunistas que alegavam que a medida beneficiaria apenas os ricos.