Poeta, artista e performer, Rupi Kaur se lançou ao mundo aos 21 anos – atualmente está com 28 – quando publicou, independentemente, sua primeira coleção de poesias. O livro, que ganhou o nome “Outros Jeitos de Usar a Boca” em português, vendeu mais de um milhão de exemplares e conquistou o topo da lista de mais vendidos do “New York Times” por 40 semanas consecutivas. A marca quase histórica rendeu à jovem indiana naturalizada canadense sucesso e reconhecimento pelos quatro cantos do globo.
Apesar de ter nascido na Índia, um dos países mais machistas e perigosos para mulheres, segundo pesquisa realizada, em 2018, pela Fundação Thomson Reuters, Rupi nunca foi submissa e se autodeclara feminista. Desde o início de sua carreira, a autora dá voz ao movimento, questionando e quebrando padrões pré-estabelecidos através de suas criações e das redes sociais, em que acumula mais de quatro milhões de seguidores de todas as nacionalidades.
Com uma poesia marcada por temas difíceis como abuso, violência, amor, sofrimento, maternidade e relacionamentos, Rupi conta que os traumas vividos durante sua infância e adolescência são retratados em cada um de seus versos. “Quando nasci, já havia sobrevivido à primeira batalha da minha vida: o feticídio de meninas”, explica ela em seu site ao se referir a prática comum em algumas culturas indianas dos pais provocarem o aborto do feto de sexo feminino.
A poetisa não se utiliza de letras maiúsculas e pontuações em suas poesias. Isso porque em panjábi, sua língua materna, não existe essa diferenciação. “Eu gosto dessa simplicidade. É simétrico e direto. Também sinto que esse visual traz um certo nível de igualdade para o trabalho. É uma representação visual do que quero ver mais no mundo: igualdade”, revela. A língua também não conta com nenhum tipo de pontuação além do ponto final, que não é representado pelo mesmo símbolo que conhecemos. “Para mim, é importante preservar esses pequenos detalhes do meu idioma de origem. É uma manifestação e um tributo à minha identidade. Ao contrário do que falam, trata-se menos de quebrar as regras do inglês e mais sobre contar a minha própria história e herança dentro do meu trabalho”, acrescenta.
Além dos três livros, “Outros Jeitos de Usar a Boca”, “O que o Sol faz com as Flores” e “Meu Corpo, Minha Casa”, lançados em 2014, 2017 e 2020, respectivamente, Rupi Kaur também realizou trabalhos fotográficos que chamaram atenção do público.
Um dos mais polêmicos aconteceu em 2015 quando a jovem compartilhou uma foto no seu perfil do Instagram onde aparecia deitada de costas, com as calças e o lençol manchados de sangue. Em pouco tempo a plataforma baniu a imagem, causando a indignação da artista. “Não vou pedir desculpas por não alimentar o ego e o orgulho misógino de uma sociedade que aceita ver o corpo feminino de lingerie, mas não acha ok essa marca (de sangue menstrual)”, desabafou. Na época, o protesto repercutiu entre seus seguidores, viralizou na internet e extrapolou os limites do online, chegando a ser pauta em jornais do mundo todo e levando a rede social a se desculpar pelo ocorrido.
Para os admiradores do trabalho de Rupi Kaur, ou curiosos para conhecê-lo, boas notícias. Em 30 de abril, a poetisa feminista transmitirá as leituras interpretativas de seus textos autorais. O evento, que tem duração de uma hora, acontece às 22h (horário de Brasília) e é solar e dourado assim como a performer. Além de apreciar Rupi declamando alguns de seus poemas mais conhecidos, no cenário espetacular do Orpheum Theatre, em Los Angeles, onde a apresentação foi gravada no início de 2020, os participantes ainda conhecerão histórias íntimas de sua vida e os processos criativos para cada uma de suas obras. Tudo isso contado pela própria poeta.
Já é possível garantir seu ingresso no site oficial da autora pelo valor de 15 dólares, aproximadamente 84 reais. Caso não puder assistir no dia e horário indicados, a apresentação seguirá disponível por 48 horas para quem adquiriu o ingresso. #GirlPower elevado ao seu nível máximo!