A rue Crémieux é sem dúvida uma das vias mais coloridas de Paris e também a mais frequentada por turistas e “Instagramers” para desgosto de seus moradores. É fácil reconhecer essa famosa rua da capital francesa, mas sabe qual é a história dela? Localizada a dois passos do Gare de Lyon, no bairro de Quinze-Vingt, no 12º arrondissement de Paris, o nome da via é uma homenagem ao advogado e político Adolphe Crémieux (1796-1880), autor do decreto de 1870 que deu aos judeus da Argélia o direito à nacionalidade francesa. Fundada em 1865, depois de decreto do promotor Moïse Polydore Millaud, que quis condecorar Adolphe por sua luta, a famosa rua com as cores do arco-íris passou a ocupar o lugar das Arenas Nacionais, instaladas em 1851, e com vista para a Place de la Bastille, que foram fechadas e destruídas em 1855 e substituídas por conjuntos habitacionais criados pela Compagnie Générale Immobilière.
Agora que já sabemos quando e como nasceu a rue Crémieux, por que não se aventurar nos seus segredinhos? Nesta rua psicodélica encontramos 35 pequenas casas geminadas, de dois andares, e construídas a partir de um modelo de cidade da classe trabalhadora, muito popular no século XIX. Na época, os apartamentos eram ocupados por trabalhadores abastados. Nos anos 1900, a rue Crémieux testemunhou um acontecimento que marcou a capital: a inundação do Sena em 1910. No número 8 da via, o nível do rio atingiu 1,75 m, e uma placa com a marca da enchente foi fixada no mesmo local.
Se hoje o endereço é um dos mais populares da capital, isso não significa que seus moradores gostem da movimentação. Alguns deles exibem cartazes de “proibido de fotografar” em suas fachadas, enquanto outros chegaram a criar uma conta no Instagram chamada @ClubeCrémieux para zombar de influenciadores e Instagrammers que desfilam o dia todo por lá. Sem esquecer que o espaço já serviu de cenário para muitos filmes e videoclipes.
A pergunta que todos se fazem é: a rue Crémieux sempre foi tão colorida? A resposta é não. Anteriormente conhecida como avenue Millaud, em referência a seu criador Moïse Polydore Millaud, ela nem sempre exibiu suas esplêndidas cores pastéis. Foi exatamente em 1993 que esta ruazinha de 144 metros nas cores do arco-íris foi assim enfeitada. Nesse ano, a rua que é interditada para carros foi totalmente pavimentada a pedido dos moradores. Em troca disso, a prefeitura de Paris pediu aos residentes que pintassem suas fachadas. “Alguns optaram por tons pastel antes de mudar para cores mais chamativas”, diz Delphine Baccuzat, presidente da associação Rue Crémieux. Verde no número 21, azul no 22, roxo no 23, amarelo no 24, e assim vai. Uma explosão de cores que causa encantamento em todos que por ali passam. (por Mario Kaneski de Moraes, direto de Paris).